Hoje quero expressar
minha homenagem a Jean de la
Fontaine , o escritor francês que se tornou mundialmente
conhecido por suas deliciosas fábulas. La Fontaine viveu no século XVII, nasceu em 8 de
julho de 1621 e morreu em 13 de abril de 1695. Ele deu ao classicismo francês grande
expressão. Antes de escrever suas instigantes fábulas elaborou contos
interessantes onde examinava a psicologia feminina. Ele foi também autor de
novelas notáveis como Boccacio e Ariosto
(1665) e Os amores de Psique e Cupido (1669). As fábulas de La Fontaine foram reunidas
em doze volumes publicados entre 1688 e 1694. Suas fábulas mais conhecidas são:
A cigarra e a formiga, O lobo e o cordeiro, A raposa e as uvas e O corvo e a raposa. A marca de La Fontaine são personagens animais
com características humanas, especialmente virtudes e vícios. La Fontaine usou seu talento
literário para discutir questões morais.
A homenagem
ocorre no momento em que estados do sudeste estão alagados pela imprevidência e
falta de planejamento dos governos e sociedade. O fato lembrou-me uma história
da infância e que era mais ou menos assim: contam que, certa vez, no reino da
bicharada a vida na floresta ficou difícil por conta da superpopulação. Bichos muito
numerosos estavam com convivência difícil, exigindo leis e ações de
planejamento que assegurassem o bem estar de todos. Havia enorme desconfiança
dos bichos que ocupavam os lugares baixos da floresta em votar nos que
habitavam os lugares altos e vice versa, os que viviam nas águas não confiavam
nos que habitavam a terra e estes não queriam entregar o poder administrativo
das matas a quem não punha os pés em chão firme. Apenas a urgência de administrar as
dificuldades obrigou a organização das eleições. Depois de muita confusão e um
processo eleitoral conturbado venceu o pleito a Coligação Floresta Feliz liderada pelo Urubu, candidato da Vigilância
Sanitária (Partido da Higiene), que tinha na Vice-Presidência a Serpente
(Partido da Fidelidade) e como conselheira a raposa (Partido da Sinceridade). Estabelecido
o governo todos os animais se acreditavam bem representados. Além do mais os
políticos prometeram solenemente se comportar, o Urubu a não comer restos
públicos, a Serpente a não ser traiçoeira e a raposa a ser transparente nas contas
e sincera nas declarações.
Os animais
estavam incomodados porque a destruição da mata ciliar aumentava as enchentes,
a venda das árvores para uma carvoaria aumentava a temperatura ambiente e
influía no ritmo das chuvas, a falta de preservação das nascentes e esgotos sem
tratamento diminuía a água de qualidade. Os eleitos empossados trataram de se
arrumar, o Urubu conseguiu morar num condomínio de luxo no único conjunto de
árvores ainda preservado, a serpente ganhou um vale preá e a raposa transferiu
o gabinete para o galinheiro. Quando veio o tempo das águas nada havia sido
feito a não ser as leis que favoreciam a boa vida dos políticos. Sem mata
ciliar para proteger os rios a inundação foi grande e o sofrimento da bicharada
aumentou. Enquanto isto do alto de sua árvore sua Excelência prometia aos meios
de comunicação: ano que vem será tudo diferente, tomarei enérgicas providências. Vou determinar o reflorestamento,
usar os recursos públicos na proteção dos rios e cuidarei da qualidade das
águas.
Depois de
grande sofrimento para a sociedade passou o período das chuvas. Diante do céu
azul, o Urubu de asas abertas no lindo sol dedicou-se a comer os restos do
exercício anterior. A serpente com estoque renovado de preás e sapos (com o adicional
de produtividade) e a raposa com galinheiro cheio cuidavam de encher a pança. E
assim viveram os tempos da fartura até que um novo período de inundação se
abateu sobre a floresta. Diante do desastre geral a Raposa, em férias no
galinheiro da capital foi chamada às pressas para organizar a coletiva de imprensa.
A culpa é da natureza, chegou dizendo aflita aos repórteres, as chuvas estão fortes
demais este ano.
GOSTEI DA NARRATIVA DO JOSÉ MAURÍCIO. o GÊNERO FÁBULA É DE GRANDE VALOR PARA EXPRIMIR AS CONTRADIÇÕES HUMANAS. O MESTRE ARQUETÍPICO, CERTAMENTE, É O VELHO ÉSOPO. BOM, CONTRIBUINDO AO REPERTÓRIO, ENCAMINHO TEXTO DO MEU AMIGO FERNANDO FLORA, MÉDICO EM BELO HORIZONTE:
ResponderExcluirFÁBULA
AS RAPOSAS E AS MARITACAS
Há muito tempo atrás, existia um reino composto por raposas e maritacas. As raposas viviam em lindos palácios, com paredes de ouro, e entretinham-se com o jogo de ficar cada vez mais ricas. As maritacas só trabalhavam para enriquecer as raposas.
Acontece que como as raposas tinham uma goela enorme e só queriam enriquecer mais e mais, um dia as maritacas se encheram. Revoltaram-se contra as raposas e começaram a fazer um barulho ensurdecedor que atravessou as paredes de ouro dos palácios. Começaram a defecar nos tetos dos mesmos.
As raposas ficaram perplexas num primeiro momento. Em seguida, resolveram ludibriar as maritacas prometendo mundos e fundos, tudo de mentirinha.
As maritacas não acreditaram nas falsas promessas e continuaram sua revolta.
As raposas, que de bobas não tinham nada, resolveram botar fogo no circo, como se diz. Contrataram uns “vândalos”, como eram chamados, para quebrar tudo e assim deixarem todos com medo.
Prepararam o caminho para que o Raposa-Mor, conhecido pelos seus dotes de magnetismo e ilusão, fosse chamado como o salvador do reino.
Dito e feito. O Raposa-Mor voltou, investido de todos os poderes pra botar ordem no reino.
E o que aconteceu com as maritacas?
Mas isto é outra história...
Moral: tudo se repete no mundo das raposas e maritacas.
GRANDE ABRAÇO AOS AMIGOS SELVINO E JOSÉ MAURÍCIO, COM O MEU ABRAÇO DE ANIVERSÁRIO PARA ESTE ÚLTIMO.
Muito bom,as histórias se repetem?
ResponderExcluirAté já identifiquei o urubu,muito educativo este artigo.ABRAÇOS.
ResponderExcluirObrigado, Professor Ricardo, pelo seu comentário. Muito nos prestigiou.
ResponderExcluirSaudades destas fábulas,muito educativas.
ResponderExcluirGostei, mas os urubus poderão ser abatidos pelo voto consciente.
ResponderExcluirBela homenagem,merecida.
ResponderExcluirPerfeitos os dois artigos.E quando voltará o Raposa-mor com suas maracutaias e as companheiras Roses?
ResponderExcluirMuito bom mesmo professor, falar de politica contando uma fábula antiga,com validade para todos os tempos,que belo artigo.
ResponderExcluirIrônico,muito atual,valeu
ResponderExcluirE o que aconteceu com as maritacas RICARDO?Vamos socializar,tem conserto?
ResponderExcluirAs fábulas nos trouxeram grande contribuição na época que fomos educados,valeu.
ResponderExcluirAs raposas se articulam para voltar e,claro derrubar a companheira,com toda maldade,mas aparentando serem os salvadores da pátria,companheiros é o filho voltando para os braços do povo.
ResponderExcluirAs pesquisas confiáveis ou não repetem-se nos noticiários,o tapete começa a ser puxado,e para a delícia dos estudiosos, o jogo continua,façam suas apostas quem será o salvador da pátria?