sábado, 15 de abril de 2017

" RESSUSCITEI, COMO DISSE."





" 1. No primeiro dia da semana, muito cedo, dirigiram-se ao sepulcro com os aromas que haviam preparado. 
2. Acharam a pedra removida longe da abertura do sepulcro. 
3. Entraram, mas não encontraram o corpo do Senhor Jesus. 
4. Não sabiam elas o que pensar, quando apareceram em frente delas dois personagens com vestes resplandecentes. 
5. Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão, disseram-lhes eles: Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo? 
6. Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como ele vos disse, quando ainda estava na Galiléia: 
7. O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores e crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia. 
8. Então elas se lembraram das palavras de Jesus. 
9. Voltando do sepulcro, contaram tudo isso aos Onze e a todos os demais. 
10. Eram elas Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; as outras suas amigas relataram aos apóstolos a mesma coisa. 
11. Mas essas notícias pareciam-lhes como um delírio, e não lhes deram crédito. 
12. Contudo, Pedro correu ao sepulcro; inclinando-se para olhar, viu só os panos de linho na terra. Depois, retirou-se para a sua casa, admirado do que acontecera. 
13. Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. 
14. Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado. 
15. Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles. 
16. Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram. 
17. Perguntou-lhes, então: De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes? 
18. Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias? 
19. Perguntou-lhes ele: Que foi? Disseram: A respeito de Jesus de Nazaré... Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo. 
20. Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 
21. Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam. 
22. É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol; 
23. e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo. 
24. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram. 
25. Jesus lhes disse: Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas! 
26. Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória? 
27. E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras. 
28. Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante. 
29. Mas eles forçaram-no a parar: Fica conosco, já é tarde e já declina o dia. Entrou então com eles. 
30. Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. 

31. Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram... mas ele desapareceu."
São Lucas, 24

sexta-feira, 14 de abril de 2017

O CASTIGO DA CRUCIFIÇÃO ENTRE OS ANTIGOS. Selvino Antonio Malfatti.



O castigo da crucificação foi o mais cruel dos métodos usados para execução dos condenados, aplicada a criminosos condenados por atos atrozes como assassinatos, furto grave, traição e rebelião. Era aplicada a escravos e não a romanos. Veio do oriente para o ocidente. Foi usada pelos gregos, cartagineses e romanos.
Antes do suplício o condenado era torturado com pontapés, socos, cusparadas e golpes em todo corpo. Depois a vítima era pendurada com pregos em um lenho. Os pregos perfuravam as duas mãos e os pés. O peso abdominal forçava as pernas que não aguentavam o peso da parte superior provocando morte por asfixia. Para abreviar o suplício às vezes os executores quebravam as pernas, Vejamos como Mateus descreve a crucificação de Jesus.
"Depois de escarnecerem dele, tiraram-lhe o manto e entregaram-lhe as vestes. Em seguida, levaram-no para o crucificar. 
Saindo, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus. 
Chegaram ao lugar chamado Gólgota, isto é, lugar do crânio.  
Deram-lhe de beber vinho misturado com fel. Ele provou, mas se recusou a beber. 
Depois de o haverem crucificado, dividiram suas vestes entre si, tirando a sorte. Cumpriu-se assim a profecia do profeta: Repartiram entre si minhas vestes e sobre meu manto lançaram a sorte (Sl 21,19). 
Sentaram-se e montaram guarda. 
Por cima de sua cabeça penduraram um escrito trazendo o motivo de sua crucificação: Este é Jesus, o rei dos judeus. 
Ao mesmo tempo foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda. 
Os que passavam o injuriavam, sacudiam a cabeça e diziam: 
Tu, que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz! 
Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam dele: 
Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e nós creremos nele! 
Confiou em Deus, Deus o livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho de Deus! 
E os ladrões, crucificados com ele, também o ultrajavam. 
Desde a hora sexta até a nona, cobriu-se toda a terra de trevas. 
Próximo da hora nona, Jesus exclamou em voz forte: Eli, Eli, lammá sabactáni? - o que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? 
A estas palavras, alguns dos que lá estavam diziam: Ele chama por Elias. 
Imediatamente um deles tomou uma esponja, embebeu-a em vinagre e apresentou-lha na ponta de uma vara para que bebesse. 
Os outros diziam: Deixa! Vejamos se Elias virá socorrê-lo. 
Jesus de novo lançou um grande brado, e entregou a alma."

Sao-Mateus/27/

quinta-feira, 13 de abril de 2017

A TRADIÇÃO DA CEIA PASCAL ENTRE OS HEBREUS E A INSTITIUIÇÃO DA EUCARISTIA. Selvino antonio Malfatti





A primeira celebração pascal foi celebrada pelos hebreus no Egito. Cada família imolou um cordeiro e aspergiu a porta de suas casas. E, ao sinal combinado todos pegariam seus pertences e sairiam do Egito, guiados por Moises.
Esta comemoração continuou depois – sem imolar cordeiros - e perpetuou-se através dos tempos. Ela significa o êxodo ou a saída do estado de escravidão a que o povo israelita estava submetido para a liberdade. Neste dia tudo para, fazem-se as pazes, e o regozijo é geral. Inclusive houve épocas em que  dívidas eram perdoadas. Atualmente costuma-se destinar um elevador de cada edifício para parar em todos os andares significando que não há distinção de classes, com elevadores diretos para alguns.

Jesus e seus apóstolos eram judeus e por isso também celebraram a ceia pascal em Jerusalém. Vejamos como o evangelista narra este acontecimento:

7.Raiou o dia dos pães sem fermento, em que se devia imolar a Páscoa.

8.Jesus enviou Pedro e João, dizendo: Ide e preparai-nos a ceia da Páscoa. 

9.Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos?

10.Ele respondeu: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem carregando uma bilha de água; segui-o até a casa em que ele entrar,

11.e direis ao dono da casa: O Mestre pergunta-te: Onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos?

12.Ele vos mostrará no andar superior uma grande sala mobiliada, e ali fazei os preparativos.

13.Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera; e prepararam a Páscoa. 

14.Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos.

15.Disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer.

16.Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus. 

17.Pegando o cálice, deu graças e disse: Tomai este cálice e distribuí-o entre vós. 

18.Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus.

19.Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.

20.Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós..."


São Lucas, 7-2 - Bíblia Católica Online

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Antônio Paim, 90 anos. José Mauricio de Carvalho Instituto de Filosofia Luso-Brasileira



Antônio Paim é desses mestres que marcam seus alunos. Todo professor é importante, mas alguns tocam fundo a alma do estudante. Paim é professor que tatua a alma do aprendiz com generosidade e inteligência. Ele vai com facilidade ao mundo do aluno. O estudante sabe pouco, mas aprenderá se for bem orientado. Bem orientar é o que deve fazer quem ensina Filosofia e História das ideias já dizia Emile Bréhier, um dos mais notáveis de seus historiadores. Pois, para pensar filosoficamente, é preciso aprender a fazê-lo. Bréhier considerava que a Filosofia começa com a problematização espontânea da vida do homem e da realidade do mundo e é por aí que seu ensino deve começar. E Paim sabe como poucos problematizar o homem e o mundo.
A Filosofia, enquanto produto cultural, começou historicamente na antiga Grécia com a inquietação e perplexidade do homem grego. Ela nasce da admiração ante o que existe, mas só se consolida como reflexão estruturada de problemas. O homem tem uma dúvida intrigante e permanente sobre as realidades fundamentadoras da existência e essa dúvida o persegue. Por isso, Kant dizia que esse questionamento é exigência espontânea da razão. É essa disposição natural para pensar que precisa ser estimulada pelo mestre, mas ela se completa com a meditação filosófica. Uma das formas consagradas para aprender a pensar é estudar o legado dos grandes pensadores. E para orientar a caminhar entre ideias Antônio Paim está entre os melhores guias. Ele sabe delinear o essencial do caminho para o aluno não se perder.
Ao sistematizar a história do pensamento, Paim mostra que o primeiro plano e o mais radical que se encontra no estudo da Filosofia é o das perspectivas, às vezes confundido com os sistemas, mas que corresponde a uma espécie de ponto de vista irredutível. Ele sintetizou, como se segue, o legado de Kant. São duas as perspectivas filosóficas fundamentais, a platônica, segundo a qual algo subjaz ao que aparece e a transcendental, cuja categoria básica é o fenômeno. As perspectivas antecedem os sistemas e a eles sobrevivem. Enquanto os sistemas são transitórios, nas perspectivas reside o que há de permanente na Filosofia. Segundo Paim, as perspectivas são insuperáveis, isto é, não há como refutá-las teoricamente. A escolha de uma delas depende de muitos componentes, a exemplo do valor heurístico da perspectiva transcendental. Por sua vez, cada sistema filosófico é esforço de estruturar a totalidade do saber a partir da perspectiva que o sustenta, ele ensina numa de suas obras mais estimulantes: A problemática do culturalismo. Conhecendo as circunstâncias históricas onde foram concebidos os sistemas entendemos porque eles se sucedem como interpretação do mundo, deixando vivos os problemas que atormentaram os filósofos e animaram sua reflexão. Paim ensina assim, com leveza e profundidade, o que há de permanente e de passageiro na Filosofia.
Ao completar 90 anos, Antônio Paim nos presenteia com a produção acadêmica de historiador consagrado das ideias filosóficas no Brasil. Nesse campo produziu livros de enorme significado, quer pela extensão dos dados compilados, quer pela interpretação desses dados. Antônio Paim estudou a história das ideias no Brasil sem o complexo de inferioridade que por vezes nos visita, fantasma da mentalidade colonial que ainda hoje assombra nossas academias. Porém também não desconsiderou nem os clássicos da filosofia universal, nem as lições das grandes escolas. Inseriu adequadamente o esforço dos autores nacionais nessa tradição filosófica, mostrando suas contribuições mais significativas. Nesse sentido destaque-se a precisa avaliação do legado de Tobias Barreto de Menezes que, na terceira etapa de sua meditação, antecipou e iniciou o retorno a Kant, que somente se completou com o movimento neokantiano alemão que ocorreu depois da morte de Tobias. E também é interessante as observações que Paim fez dos ecléticos brasileiros como Eduardo Ferreira França e Domingos Gonçalves de Magalhães. Esses homens deixaram contribuições reconhecidas pelos fundadores franceses da escola. A tradição filosófica é um manancial que se enriquece com os olhares e diálogos. Pupilas diferentes ampliam o legado comum, um pouco mais ou um pouco menos todas são importantes, ensinou Georg Hegel, outro notável historiador das ideias. Paim soube mostrar como podemos navegar nesse esse rio caudaloso da cultura, ou da razão absoluta, a que se referiu Hegel.
Como operário do pensamento ou como historiador das ideias, como estudioso de política ou como professor, agora quando completa 90 anos, Antônio Paim é merecedor de nossa consideração e cumprimentos por vida tão dinâmica e frutuosa.


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