sexta-feira, 22 de abril de 2022

O TOTALITARISMO EMBUTIDO NO “POLITICAMENTE CORRETO”. Selvino Antonio Malfatti

 


 


O  livro de Federico Rampini – “Western Suicide”, alerta para o desafio das democracias liberais. Para ele os ocidentais como formigas levam o próprio veneno para seus ninhos e matam-se mutuamente. Sem ter consciência, estão empenhados na destruição dos próprios valores. A invasão física da Ucrânia dos úlltimos meses, comandadas pela Kemlim, não é superficialmente apenas um movimento político, porém uma consequência de nossa pusilanimidade. Mas, é sobretudo, um movimento geopolítico genérico da nossa indecisão cultural, econômica, institucional e obviamente política. 

Alguém já se deu ao trabalho de pensar de onde vêm algumas expressões novas, como: “feminismo, movimento gay, estatísticas inventadas, história reescrita, as mentiras...” Conforme o autor do artigo temos que ter cuidado com o que falamos, escrevemos, fazemos subentender com as palavras que usamos ou não, como o modo de formular as frases etc. Temos medo de usar as palavras erradas, se não for ofensiva, causadora de melindres, considerada racista, machista ou homofobia. Parece que as pessoas já não podem ter espontaneidade no falar, escrever, ou expressar-se de um modo geral. Parece que não se pode mais dizer a verdade diretamente. Sempre se devem usar subterfúgios, dubiedades ou esconder-se nos subentendidos. Já não se pode dizer: que uma pessoa é anã, é um homem de verdade, brilha como uma mulher de valor. Tudo isso pode ser distorcido e levado para o preconceito...

O politicamente correto é a “doença do século 22”. É a doença da ideologia. Aplicando o método analítico ou histórico descobriremos sua natureza: MARXISMO CULTURAL. Seu estudioso , William S. Lind (1947), um paleoconservador, oposto dos neoconservadores.  Lind é Diretor do “Centre for Cultural Conservatism for the Free Congress Foundation”.  Nascido em 1947, em Ohio (USA), enfatiza a tradição, o governo limitado e a sociedade civil, juntamente com a cultura religiosa, regional, nacional e ocidental. Em seu trabalho delineia as fronteiras do discurso politicamente correto.

O politicamente correto é a transposição do marxismo econômico para o cultural. E, da mesma forma que o marxismo econômico cai numa economia totalitária, assim também o marxismo cultural se torna uma cultura totalitária. Uma dos exemplos concretos mais claros é o que acontece nos campi das universidades.

Nas universidades, mormente nas ciências humanas, o autor constata que grupos feministas, ativistas pró-homossexuais, racistas agridem professores que ousam ultrapassar os limites impostos por estes grupos e os levam aos tribunais. E os próprios membros destes tribunais já não se vêm tão seguros e imunes da ação dos defensores do que consideram politicamente correto. Por isso é nos campi universitários que a ideologia do politicamente correto encontra seu húmus fértil.

É a mesma conclusão a que chega Giannattasio em O Livro Proibido livro com o de Federico Rampini. A  patrulha do politicamente correto acarreta a destruição da universidade.  A intolerância reproduz levas e levas de formandos nos moldes da Revolução dos Bichos e 1984, de Orwell. 

Diz Giannattasio: "Mas saiba que este sentimento de solidão é comum dentre as pessoas que amam a verdade e o conhecimento. Nos dias de hoje , a verdade e a lógica foram substituídas pelas opiniões "politicamente corretas", que de corretas não tem nada." (GIANNATASIO, Gabriel. O Livro Proibido: Totalitarismo, Intolerância e Pensamento Único na Universidade . Editora E.D.A., Educação, Direito e Alta Cultura, 2022, p. 117)

Na ideologia do politicamente correto a ideia é soberana sobre a realidade. A ideia cria a realidade. Se algo estiver errado, é a realidade e esta deve ser corrigida. A realidade deve se adaptar à ideia. Um exemplo: “seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica”. É uma afirmação dogmática que não admite critica ou contestação. Imagina, pensam eles "Como pensar sem classes dominantes? Como pensar que entre a elite intelectual ou econômica possa surgir pensamentos inovadores?" E o pior: sem se dar conta ou não, parte destes que professam a ideologia do "politicamente correto" pertencem predominaqntemente às classes dominantes.

Tudo deve estar de acordo com esta afirmação da dicotomia entre dominantes e dominados. Fora daí não há vida. Qualquer desvio deste pensar deve ser condenado e afastado. Todos devem aceitar e as pessoas obrigadas a viver uma mentira. Qualquer discordância deve ser devidamente corrigida pelo estado. É o caráter totalitário do Estado ou de seu Partido na defesa do politicamente correto

É o que conclui Lind e Giannattasio. 

 


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