sexta-feira, 23 de setembro de 2022

MULHERES NA FRONTEIRA DO PENSAMENTO CIENTÍFICO. Selvino Antonio Malfatti.

 


Senadora Rita Levi Montalcini (1909-2012) - prêmio Nobel de Medicina.

Nosso propósito é apresentar a participação feminina na ciência. Ao mirar o foco da pesquisa sobre o mundo feminino constatamos - constrangidos - que na maior parte ainda timidamente está saindo das sombras. Em que pese a pouca presença feminina na produção científica direta isto é compensado pelos sucessos alcançado quando se trata de citações e análise de obras de astrônomos, filósofos, matemáticos, físicos, químicos, biólogos, cientistas da computação, astrofísicos.

A pesquisadora Letizia Giangualano destaca que apenas 58 mulheres foram premiadas até hoje pela pesquisa científica, contra 975 medalhas recebidas. Estatisticamente somente 4%, isto equivale a 30% de todos os cientistas do mundo.

Embora os tempos tenham mudado desde que Agnodice, ginecologista e obstetra que teve que se disfarçar de homem para poder estudar medicina. E no cenário dos estudos e pesquisas femininas vislumbra-se o objeto: a ginecologia, como destaca Letizia Giangualano. No início do século XII desponta Trotula de Ruggiero. O desenrolar da fita das cientistas femininas tem uma marca indelével na história científica. Uma resenha de mulheres cientistas entre outras pode-se destacar: “O Gênio das Mulheres”, em  Brilliant Scientists from Antiquity to Today é o título do volume de Letizia Giangualano. Destacam-se:

“1. Hipátia (350-415)

Hipátia (ou Hipácia) foi uma das primeiras mulheres a conquistar seu lugar na história. Ela nasceu em Alexandria (Egito) e é considerada a primeira matemática da humanidade.

2. Elena Lucrezia Corner Piscopia, uma nobre veneziana, a primeira graduada italiana (1679), 2. A entomologista alemã Maria Sybilla Merian, a primeira cientista a documentar o ciclo de vida dos insetos. Em 1699 ela embarca em uma expedição científica à América do Sul para estudar insetos tropicais.

3. Wang Zhenyi. Ela nasceu durante a dinastia Qing, na China feudal. Nesta época, a educação formal era apenas voltada para homens ricos. Contudo, Wang Zhenyi nasceu em uma família de estudiosos, que valorizaram sua educação.

4. Maria Gaetana Agnesi publica Instituições Analíticas para o uso da juventude italiana, 5. 3. Mary Anning (1799-1847)

5. Mary Anning  (Mary Anning (1799-1847)  nasceu em uma cidade costeira da Inglaterra, chamada Lyme Regis. No século XIX, era comum que as pessoas não acreditassem na extinção das espécies de dinossauros.

7. Física e química Marie Sklodowska Curie é a primeira mulher a receber um Prêmio Nobel de Física em 1903.

7. Em 1943, a cientista da computação americana Grace Hopper participa da criação do primeiro computador digital.

8. Em 1986, Rita Levi Montalcini recebeu o Prêmio Nobel de Medicina.

9.No século XXI duas mulheres foram premiadas com o prêmio Nobel da química: Jennifer Doudna (americana) e Emmanuelle Charpentier (francesa)”.

No século XX e XXI pode-se dizer que as mulheres conquistaram sua autonomia científica realizando pesquisas em todas as ciências.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Guerra dos Farrapos – a epopeia gaúcha. Percival Puggina.

 

         No Rio Grande do Sul, logo após o 7 de setembro, festeja-se o 20 de setembro, data estadual que celebra a memória da Revolução Farroupilha.

Que fique claro, logo nas primeiras linhas: sou gaúcho porque sou brasileiro e não o contrário. Ser gaúcho é uma condição regional, do extremo sul do Brasil, nestas terras que Hélio Moro Mariante, em imagem poética, denominou “Fronteira do Vaivém” devido às andanças das linhas divisórias nas disputas entre portugueses e espanhóis. Ser brasileiro é uma condição anterior, tem raízes ibéricas; é a cultura matriz.

Da condição regional deriva um tipo humano mundialmente conhecido, pronunciado ao gosto do falante em qualquer dos dois idiomas. Esse tipo humano preserva elevada estima por sua história e tradição, que não nos fazem melhores que ninguém, exceto pelo fato exemplar de termos especial afeição por este pedaço de chão. Quem dera fosse tal sentimento compartilhado por todos os brasileiros em relação ao Brasil e ao seus respectivos estados e municípios. Estaríamos mais perto de constituir uma efetiva Federação, se assim fosse.

A essa característica, soma-se entre nós uma vocação bélica nascida, bem cedo, do desejo português de estender o extremo sul do vice-reino ao Rio da Prata, seu limite geográfico natural. Tal fato transformou a província numa praça da guerra de fronteiras, eventos a partir dos quais, no Continente do Rio Grande de São Pedro, os momentos de paz eram frequentemente interrompidos por conflitos de variadas motivações. E assim seguiríamos pela República adentro.

Em 1835, a pequena população do Rio Grande se sublevou.  O país vivia um período turbulento. D. Pedro I havia abdicado e o período regencial patinava em dificuldades políticas internas. A distante província sulina entregava sua população masculina às guerras do Império e este quase nada aplicava aqui dos tributos que arrecadava. Não havia estradas, nem pontes, nem escolas. Os gaúchos fizeram, então, o que mais sabiam: foram às armas. Era o dia 20 de setembro de 1835.

Os 10 anos ao longo dos quais se estendeu a epopeia farroupilha marcou mais fundo ainda a cultura regional. Os gaúchos de 35 perderam a guerra, mas a derrota não impediu que a data ficasse esculpida na alma do povo de modo mítico. Foram os objetivos pelos quais lutaram os farroupilhas que concederam maior grandeza à sua revolução:  autonomia que, depois, viria com a federação; a república, cujos ideais da “res publica” pareciam capazes de superar os embaraços da monarquia naquele período da história.

Nossos antepassados farroupilhas foram precursores de ideais nobres que ainda devemos perseguir, contanto que tomemos consciência de nosso lugar no tempo e no espaço. Ou seja, na história e no lugar do berço. 

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

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