sexta-feira, 13 de agosto de 2021

CÚPULA MUNDIAL DA CULTURA – ROMA 29 DE JULHO. Selvino Antonio Malfatti.

 

https://www.corriere.it/cultura/21_luglio_30/g20-roma-tutti-piu-poveri-senza-cultura-68b40dce-f100-11eb-9a1b-3cb32826c186.shtml

A epidemia COVID-19 indiretamente trouxe algumas coisas boas para a humanidade. Uma delas é a consciência que o sistema econômico pode ser de outro jeito. Antes, todos os dias era uma correria aos bancos, lojas, supermercados. Hoje um simples aplicativo deixa todo mundo em casa, podendo fazer tudo de forma “líquida” conforme diz Zygmunt Bauman. Tudo existe, mas é invisível. Pode-se comprar o visível no invisível. Mesmo o sistema de saúde pode funcionar online. Mas o que ninguém esperava era o peso da cultura. Disto se apercebeu o primeiro ministro da Itália, Mario Draghi, na inauguração da mesa redonda das delegações europeias da Cultura no Coliseu em Roma no dia 29 de julho. Justamente no local onde há alguns séculos foi o palco da anti-cultura, da inumanidade, da barbárie. Ali mesmo falou em colocar a cultura para sempre entre os grandes nós econômicos do planeta. E isto por que foi a primeira vez na história que os ministros do bloco G20 se reúnem para debater a cultura.

Até então era um mundo invisível e anônimo para a economia, mas que sem se aperceber dava lhe vida. Era como a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo de Weber que o religioso estendia-se ao econômico.

A partir do “despertar” para o invisível os delegados firmaram uma firme decisão: dar apoio aos trabalhadores da cultura nos respectivos países, proteção aos bens culturais visíveis e espirituais, combate ao tráfico de obras de arte, colocar o setor como um vetor como principal força de crescimento econômico de cada país. E arremata o primeiro-ministro Draghi: “a redescoberta do passado é condição necessária para a criação do futuro ».

Repentinamente todos se deram conta da frieza de um mundo sem a cultura: sem ela não se vêm delegações passeando nas ruas, grupos apreciadores de obras de artes ou descobertas científicas nos museus, ouvintes em orquestras nos teatros, corais em cultos religiosos ou contemplando catedrais grandiosas. Navios chegando e partindo lotados de turistas, da mesma forma os aeroportos, estações de trens e rodoviárias. Os restaurantes e hotéis lotados, tudo isso era o mundo antes da pandemia. Agora o vazio e a  tristeza tomaram o lugar dos turistas nas ruas, nos hotéis, e locais de espetáculos. 

O que vinham fazer aqueles turistas? Comprar em shoppings ou lojas, negociar no mundo bancário e financeiro, investir? Evidentemente que este não era o primeiro objetivo. O primordial e primeiro, e só depois os outros, era a cultura: arte, música e literatura. O mundo econômico vinha somente em segundo lugar. O primeiro era a cultura.

O primeiro-ministro reivindicou mais: a proibição de grandes navios na frente da Igreja São Marcos em Veneza, além de incluir aquela cidade, apoiando a Diretora Geral da UNESCO, Andrey Azoulay, na lista do patrimônio em risco. Sobre as novas gerações afirma: “Devemos permitir que nossos jovens liberem suas energias e dinamismo e promovam o uso da tecnologia, por exemplo, na digitalização de arquivos e obras de arte, para que a Itália seja, ao mesmo tempo, uma guardiã de tesouros e um laboratório de ideias ; conservação não deve ser sinônimo de imobilidade ».


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