sexta-feira, 19 de novembro de 2021

ORIGENS DA CULTURA EUROPEIA - LATIM E GREGO. Selvino Antonio Malfatti.

 





Por iniciativa do ministro francês Jean-Michel Blanquer foi promovida a I Jornada Europeia das línguas e culturas antigas, em 16 de novembro de 2021. Desde 2001, em Estrasburgo, realizam-se as Jornadas europeias das línguas. Neste ano, como consequência deste evento foi elaborada uma Declaração Conjunta dos ministros da cultura da Itália, França, Grécia e de Chipre, Patrizio Bianchi, Jean-Michel Blanquer, Niki Kerameus e Prodromos Prodromou respectivamente. Todos se declararam persuadidos de que o LATIM E O GREGO são uma herança comum da cultura europeia e mediterrânea, a ninfa de suas línguas. 

A cultura europeia penetra suas raízes na tradição greco-romana. Embora a língua se sobressaia, seu manto se estende na ciência, no direito (público e privado) filosofia, artes, geometria, arquitetura, matemática, física e medicina, sem falarmos nas línguas neolatinas. Países deste meio tem a responsabilidade de transmitir esta cultura aos jovens não só como patrimônio do passado, mas como chave de interpretação e leitura de nossa contemporaneidade, afirmaram os ministros.

Em termos práticos as línguas latina e grega geraram para nossa l´ngua a etimologia (origem da palavra), grafia (maneira correta de escrever), sintaxe (significado) entre outras. A etimologia, por exemplo, nos dá a pista do significado. Quando digo “hagiografia” basta ver a composição da palavra: hagios – santo e grafia – escrita, seria então a vida dos santos. Ou, se disser “axiologia”, sentido etimológico, o estudo dos valores: axie, valor e logos, estudo, ciência.

Numa visão geral as contribuições greco-latinas poderiam sinteticamente ser:

1.    Os sofistas: as normas morais gerais e universais.

2.    Os estoicos: Existem normas morais que extrapolam o “hic et nunc” assumindo uma dimensão universal, perene e geral. Estas normas transpõem o tempo e o espaço e tornam-se éticas.

3.    Os epicuristas: A moralidade tem por fim a felicidade do homem. A ética, embora supratemporal e histórica, tem sempre um fim prático: o bem de todos.

4.    Céticos: crítica ao relativismo ético-moral e depuração das pretensões de uma moral absoluta.

5.    Contribuição política: em política existem alguns princípios éticos que dizem à sociedade como um todo. Estes princípios é o ponto de partida e de chegada da convivência política. Os princípios são: a vida, a liberdade, igualdade e a propriedade.

6.    Sócrates: governar não é uma tarefa puramente técnica e mecânica, mas essencialmente humana e ética.

7.    Platão: a preocupação moral com a justiça social. A categoria política dos sábios, juntamente com a dos guerreiros, deveriam ser imunizados da ganância e da apropriação indevida, através da proibição da propriedade privada.

8.    Aristóteles: a constatação de uma esfera de normas válidas para todos, a Ética e uma esfera dependente do tempo e espaço, moral. A lei, sem o conteúdo ético-moral, não passa de um decreto originário da vontade de um tirano.

9.    Cícero: encontra-se uma lei natural – cósmica – e uma humana, das quais as instituições emanam pela atividade da reta razão humana. Na convivência política, há as esferas do público e do privado que não podem se imiscuir. A lei, não é uma criação a bel prazer do homem, mas está inclusa no complexo universal do qual o homem é agente passivo e ativo.

 

O TEXTO DA DECLARAÇÃO

Os Ministros da Educação da França, Itália, Chipre e Grécia, a seguir designados "os signatários",

Convencidos de que o latim e o grego antigo são o legado vivo e característico da base comum à cultura europeia e mediterrânea, e a força vital de suas respectivas línguas,

Ciente de que essas raízes comuns favorecem e fortalecem a reaproximação e a intercâmbios entre os povos e que o conhecimento de línguas antigas é um bem precioso e tangível útil para aprender línguas modernas, continuando no ensino superior e para realização pessoal na vida social, cívica, cultural e profissional,

Convencidos de que o aprendizado de línguas e culturas da antiguidade, a prática tradução e compreensão da cultura humanística permitem o desenvolvimento do conhecimento fundamentais e ferramentas que conduzam à reflexão e a um conhecimento mais amplo do mundo e sociedade modernos, ao espírito crítico e raciocínio necessário para a emancipação dos alunos, a cidadania europeia e a defesa dos valores comuns,

Com vontade de construir, através das pontes entre os povos constituídos pelo latim e do helenismo, um novo eixo estruturante e um novo impulso cultural para a criação de Área educacional europeia,

Afirmando a vontade comum de colocar as ciências humanas no centro dos currículos escolásticos, para demonstrar a relevância e modernidade do latim e do grego antigo, para promovê-los renovar e desenvolver seu ensino para ajudar a fortalecer o futuro da União Europeia,

Comprometendo-se a fortalecer a cooperação no estudo do latim e grego antigo, incentivando e desenvolvendo parcerias bilaterais e multilaterais, intercâmbios e a mobilidade de alunos e professores para produzir um movimento dinâmico em torno dos projetos novos municípios, abertos a qualquer público e via de educação e formação, seguindo uma abordagem inclusiva e em sintonia com os aspectos mais modernos e inovadores da civilização contemporânea.

Os signatários concordam em estabelecer um grupo internacional de especialistas de alto nível encarregado de refletir sobre uma estratégia global e internacional para a promoção e desenvolvimento de Latim e grego antigo e apresentar novas propostas concretas. Os países signatários vão convidar cada ano, por sua vez, os países parceiros participam nos seus trabalhos de reflexão à distância e em presença.

Assinaturas:

Os Ministros da Educação da França, Itália, Chipre e Grécia:

Patrizio Bianchi, Jean-Michel Blanquer, Niki Kerameus, Prodromos Prodromou.

 

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