sexta-feira, 16 de julho de 2021

EDGAR MORIN – CEM ANOS. Selvino Antonio Malfatti.

 

https://www.corriere.it/cultura/21_luglio_09/edgar-morin-cento-anni-festeggiato-macron-all-eliseo-6c589f7c-e0c9-11eb-a3a3-22bff11f91b7.shtml


O filósofo, sociólogo e educador Edgar Morin recebeu em 8 de julho uma homenagem em seu país, França, pelos seus cem anos. Nada mais e nada menos que o próprio presidente da França, Emmanuel Macron, esteve presente às homenagens. Além dele estiveram Dame Brigitte, os amigos Antonella, Gianollo Nonino e a esposa de Morin, Sabah e autoridades: os ministros Jean-michel Blanquer e Roselyne Bachelot; os ex-ministros Françoise Nyssen, Bernard Cazeneuve e Jack Lang, Alain Touraine, sociólogo e prêmio nonino 2016, François L’yvonnet, professor de filosofia, escritor e editor, o chef Thierry Marx e Jean Nouvel, arquiteto e designer.

O presidente saudou o homenageado como o “homem do século”, um homem animado por um pensamento apaixonado e uma curiosidade infinita. Na opinião do presidente, Morin soube unir o pensamento com a vida e “trouxe a mensagem humanista da França ao mundo”.

Edgar Morin agradeceu a homenagem em sua língua “fritagnolo” ( mistura de Francês, Italiano e Espanhol). Prometeu ir ao Prêmio Nonino em Friuli e de lá seguiria para Veneza, Florença, Roma..seu sonho: uma peregrinação na Itália.

Qual a essência do pensamento de Morin?

Uma avaliação crítica à ciência quanto à ordem, à separabilidade e às lógicas indutiva e dedutiva. A ciência sempre se pautou pela busca da ordem. Quando não a vislumbra tudo lhe parece caótico. Para Morin a essência do pensamento moderno está na sua complexibilidade. Morin vê o mundo como um todo indissociável. Para tanto, sua proposta é uma abordagem multidisciplinar. Enquanto que a tradição científica, a partir de Aristóteles é da causalidade, que é linear, Morin sugere que se tratem os fenômenos como uma totalidade orgânica. A lógica de Aristóteles, baseada na causalidade, explica os fenômenos separadamente, enquanto que a de Morin é vista primeiramente na sua totalidade e só depois analisa cada fenômeno em separado. Já na Idade contemporânea, no afã de distinguir-se da filosofia, a ciência acabou se separando. E o fosso da separação cada vez aumentou mais. Com ao surgimento da estatística e com ela o importante se tornou o quantitativo, aplicado à economia, à população, os territórios. O seguinte passo foi a tecnociência. Ao estender estes novos conhecimentos às ciências naturais e sociais criou-se o disjuntor-e-redutor, isto é, separar a ciência da filosofia. Na mesma esteira incluíram-se as humanidades, as artes e todo conhecimento não quantificável. A tarefa sempre mais abrangente de reduzir o complexo ao simples, buscando sempre o menor, como os átomos na física.

A reação veio nos meados do século XX com as ciências da terra, a ecologia e cosmologia que encetaram o diálogo pluridisciplinar e com ele disjuntor-e-redutor cedeu o espaço para a multi, inter e transdisciplinares. Daí nasce, então, o pensamento complexo, ou o paradigma da complexidade, sem separar as disciplinas, ao contrário, unindo as diversas formas de conhecimento, inclusive transportando para além do pensamento acadêmico, para as sociedades, Estado e Sociedade Civil.

O paradoxo do uno e do múltiplo já constatado pelos gregos, recebe outra interpretação além da tradicional. Existe a totalidade que é o uno complexo. Mas há também a heterogeneidade que é o mundo dos acontecimentos, confusão, ambiguidade, da incerteza. Através do conhecimento é possível afastar a desordem, eliminar as ambiguidades, a desordem através da distinção e hierarquização. A mente deve realizar tal tarefa sem neutralizar a essencialidade: a complexidade. Por a ordem sem atingir o complexus.(Edgar Morin,Introdução ao Pensamento Complexo, 1991:17/19):

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