
Nesse sentido, um nacionalismo radical e
isolacionista como o defendido pelos partidos de extrema-direita em diversas
nações ocidentais é exemplo de caminho a ser evitado. A Frente Nacional, que
concorreu recentemente às eleições francesas com Marie Le Pen é um pobre
projeto nacional, porque pensa a nação isolada dos outros povos. Esse partido
proclama um nacionalismo fechado, com fronteiras bloqueadas aos produtos
estrangeiros e ao próprio estrangeiro. Nesse sentido, essa direita não é
liberal como se pensa, ela é antiliberal, mas o pior é que não se enxerga parte
de uma humanidade comum.
Em contrapartida, não penso que se
possa, pelo menos no atual momento da civilização, deixar de lado o cuidado com
as coisas nacionais, especialmente com a produção espiritual e o progresso nacional.
Se, como Hegel disse, o espírito universal (1988, p. 88): “se vai enriquecendo
com novas contribuições à maneira do rio que engrossa o caudal à medida que se
afasta da nascente”, o equilibrado crescimento mundial depende do
desenvolvimento das nações. Assim, é triste quando as minorias de um país como
o nosso se descomprometem de seu destino. Boa parte da nossa elite econômica,
para garantir miserável e ilegalmente o próprio enriquecimento subornou a elite
política. Essa por sua vez, ocupada com seus privilégios e cômodos da vida,
descomprometeu-se do destino nacional. E o problema não é de uma única empresa
ou de um único partido, está generalizado nessa imoralidade de 40 partidos e um
patrimonialismo que associa ilegalmente altos funcionários aos ricos
empresários.
E parte dessa elite que espolia, sonega,
furta, corrompe e é corrompida, nos momentos de dificuldade corre à busca de lugares
para onde fugir, lugares que hoje avalia bons porque não permitem que se faça o
que aqui eles praticaram. Os últimos fatos da política nacional mostram um
conluio de empresários, marqueteiros e políticos para assegurar o
enriquecimento próprio à custa da sociedade e do seu progresso, ameaçando a
felicidade coletiva, o progresso e a sobrevivência do povo.
Por que a inserção no mundo somente se
fará pela sociedade a que legitimamente se pertence, entendo que somente
contribuiremos verdadeiramente para o futuro da humanidade e para o nosso
pessoal, trabalhando honestamente pela nação a que pertencemos.
José Mauricio de Carvalho –
Academia de Letras de São João del-Rei.