quinta-feira, 19 de setembro de 2019

"Mais uma estrela brilhante Na bandeira do Brasil". Selvino Antonio Malfatti





Os estudiosos da cultura rio-grandense, como Simon Schwartzman,  acham que não era só a questão política que fez o Rio Grande rebelar-se contra o resto do país na Revolução Farroupilha. Havia um sedimento cultural que amalgamava uma identidade própria.
Aquela parte do Rio Grande que se estende ao longo da fronteira, no Pampa, teve uma formação diferente. Ao mesmo tempo em que marcava as fronteiras com os castelhanos, recebia deles fundamental influência. Era uma permuta de uma via de duas mãos. Os estancieiros eram, ao mesmo tempo, povoadores de terras e soldados. Rechaçavam qualquer tipo de tentativa de invasão, ao mesmo tempo formavam com eles uma irmandade.
Formou-se um linguajar próprio, quase uma língua, popularmente denominado ”portunhol”, que é uma síntese do português com o espanhol.  Constituem-se com sotaque diferente, palavras mescladas, palavras próprias. Quanto mais se aproxima da fronteira com uruguaios e argentinos, mais aumenta as idiossincrasias entre gaúchos de lá e de cá.
Quem percorre o Rio Grande ficará admirado pela quantidade de tradições que o fundamentam. O Tradicionalismo perpassa o modo de ser próprio do habitante do rio grande. Pode-se-se dizer que o relicário do tradicionalismo gaúcho é o Centro de Tradições gaúchas - CTG. 
O gaúcho possui danças próprias, vestimenta própria, utensílios próprios, maneira própria de fazer. O tratamento é pelo pronome “Tu” e não “você” como no resto do Brasil.
Gosta de se apresentar de peito aberto, isto é, sincero. Dificilmente usa palavrões. Trata a mulher com muito respeito, chamando pelo termo carinhoso de “prenda”. Perante a mulher o gaúcho se considera “peão”.
O gaúcho ama seu solo, o chama de rincão, e, como o quero-quero, está sempre pronto a defendê-lo. 
Não é briguento, mas “não leva desaforo” para casa. Em parte se pode dizer que é fanfarrão, mas só a primeira vista. Por tudo isto, comemora com prazer e espontaneamente o Dia 20 de Setembro.
Em cada recanto do solo riograndense há um CTG. Neles, desde a mais tenra idade, os participantes, meninos e meninas, aprendem os valores: a honradez, o respeito, a sinceridade, a solidariedade. A família, a religião e propriedade alheia são considerados sagrados. Dificilmente um membro de CTG se desorienta do caminho cívico.  O CTG é uma instituição tão calcada nos princípios da cidadania que outros estados estão adotando com entusiasmo como Santa Catarina e Paraná. Há perspectiva de Mato Grosso também adotar.
Neste dia, 20 de Setembro, os gaúchos celebram A Revolução Farroupilha, fato este ocorrido de 1835 a 1845, no atual estado brasileiro do Rio Grande do Sul.
Logo após a independência do Brasil – século XIX – tem início uma série de Revoluções cada uma delas reivindicando algo específico que vai desde maior autonomia até a independência. Neste contexto surge a Confederação do Equador, a Cabanagem, Sabinada, Balaiada e a Revolução Farroupilha.
Esta só em parte é semelhantes às demais revoluções da época, pois os Farrapos tinham um ideal claro a ser atingido. É conhecida mundialmente, como atesta o escritor italiano Umberto Eco que lhe dedica várias páginas no livro O Cemitério de Praga, inclusive convolvendo heróis italianos e rio-grandenses, e narrando façanhas de Guerra dos Farroupilhas.
A Revolução Farroupilha se destaca das demais pela sua peculiaridade. Os farroupilhas tinham um Estado organizado com:

- uma constituição
- uma assembleia e um presidente eleitos
- uma capital
- símbolos estatais
- embaixadores para manter relações diplomáticas
Esta república manteve-se independente por 10 anos voltando ao seu antigo Estado brasileiro através de um convite pacífico do Duque de Caxias.
Por tudo isso, o gaúcho é brasileiro por convicção e por opção.



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