A taxa de fecundidade no mundo e no Brasil caiu drasticamente
nas últimas décadas. No Brasil cerca de 6,2 filhos por mulher em 1940 para
cerca de 1,7 em 2020. Observou-se também que há correlação entre a renda per
capita da mulher e natalidade.
Diante desta constatação alguns já preveem: “O mundo será
dos pobres”. Esta constatação não é uma expressão de efeito moral de político
querendo projetar o futuro, mas de uma realidade com tempo previsto para acontecer
pelas projeções demográficas. Argumenta-se que os ricos e classe média não
querem mais filhos - um, no máximo dois, – enquanto os pobres de quatro para
cima. Neste contexto não precisa ser bom em matemática para prever o resultado.
O tempo dos ricos está com os dias contados.
As variantes de que os pobres dominarão o mundo se
expressam de outras formas. “Os imigrantes orientais tomarão o ocidente”.
Sempre mais e mais japoneses, chineses, africanos entram no ocidente. A lógica
é a mesma dos pobres. Os imigrantes têm alta taxa de natalidade e os
ocidentais, baixíssima. Logo será maioria.
“Os muçulmanos tomarão a Europa”. O raciocínio baseia-se
também na natalidade. Os cristãos têm atualmente uma taxa de natalidade a mais
baixa desde a Segunda Guerra Mundial. Não demorará que os muçulmanos serão
maioria no ocidente, mormente na Europa.
Os ocidentais são pluralistas com outras confissões, enquanto
estas são exclusivistas. No futuro as exclusivistas se imporão e dominarão as
demais.
Que “o mundo será dos pobres” não é uma profecia ou
predestinação, mas há dados que comprovam. Tem a seu favor pesquisas empíricas.
Observa-se que nas últimas décadas, países ricos e camadas médias urbanas
reduziram drasticamente as taxas de crescimento populacional. Grande parte da
Europa, da América do norte e regiões desenvolvidas da Ásia a taxa de reposição
populacional não ultrapassa a 2,1 filhos por mulher. Por outro lado, países
pobres e camadas populares dentro desses países possuem uma fecundidade de 3 a
5 filhos por mulher.
Especialistas preveem, em longo prazo, alterar a balança
demográfica do planeta. Se os grupos de renda alta e média se mantiverem na
proporção de poucos filhos ao envelhecerem se reduzirão. Em contrapartida, as
populações mais pobres, mesmo perdendo em taxas de sobrevivência, continuarão
subindo numericamente. Organismos internacionais projetam até 2100 que mais da
metade da população mundial estará na África e na Ásia.
Por ser maioria o estrato mais pobre da população não
significa que automaticamente deterá o poder e terá a riqueza em suas mãos.
Isto porque nem todos serão ricos. Haverá uma camada que sempre se sobressairá,
mesmo que venha da classe mais pobre ou de imigrantes. Elite econômica da
América pode servir de exemplo: Howard Schultz, Larry Ellison, Oprah Winfrey,
Ralph Lauren e George Soros foram pobres e se tornaram ricos. Por sua vez
Tebet, Haddad, Boulos, Feghali, Temer são políticos filhos de imigrantes de
sucesso no Brasil.
Isto quer dizer que a escala social está aberta que pode
ser galgada com políticas públicas, esforço e capacidade pessoal.
Vê-se, portanto, que a demografia, sozinha, não determina
a distribuição de poder econômico. Países que reduzem a natalidade cedo
associada a investimentos educacionais por um tempo, colhem um “bônus
demográfico” (mais trabalhadores do que dependentes) que favorece o crescimento
econômico. Já os países que permanecem com altas taxas de fecundidade podem ter
dificuldades em transformar essa massa jovem em desenvolvimento se não
investirem em capital humano. Portanto, o “mundo dos pobres” será numericamente
maior se desleixarem o humano, mas econômico-humano melhor se baixar a taxa de
natalidade com elevado nível educacional.