segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

2020, um novo ano como referência de autotranscendência. José Mauricio de Carvalho – Academia de Letras de São João del-Rei.

                                                                         

Nestes dias de internet e celulares a vida corre rápida e o ritmo é cada dia mais acelerado. Tudo tem pressa na era da comunicação digital e momentos como a passagem do ano nos coloca a pergunta pelo modo como estamos lidando com o tempo. É preciso ensinar as novas gerações mais coisas que as anteriores precisavam para viver. Cada um de nós precisa aprender mais e agir mais rapidamente na rotina diária. Isso porque a sociedade se encontra nesse processo de aceleração da vida. Não parece que importa muito às pessoas o quanto isso as faz esquecer de quem somos e as lança num tempo de massas. Massa é sociedade que não questiona a razão da vida e o que fará com o tempo que dispõe para viver.
Tempo é o tecido da existência humana, tempo é o que nos faz ser o que somos e o que dimensiona o valor de nossa vida. É no quanto nos dedicamos a cada coisa, no tempo que nos preparamos para viver os acontecimentos, que se acentua, para nós, a pergunta pelo sentido. Tempo tem, portanto, a ver com o sentido e valor que damos a nossa vida. Quando entendemos que nos tornamos o produto do que escolhemos e vivemos, antecipamos um pouco nossa finalidade existencial, o sentido de nossa vida.
Toda a meditação filosófica durante o século que passou ensinou que o progresso não virá de forma automática. Quer o progresso material da sociedade e dos indivíduos, quer a evolução moral ou pessoal dessas sociedades ou pessoas, somente ocorrerão com esforço e, às vezes, em razão do que acontece de forma inesperada. O destino de cada um será fruto do que ele conseguir realizar para superar, na circunstância, aquilo que o impede de realizar o sentido de sua vida. Isto é, realizar seus sonhos, viver seus desejos, fazer coisas que façam a vida valer a pena ou ter valor para ele. No fundo a renovação periódica dos anos revela que a vida dos indivíduos humanos e o futuro da sociedade permanecerá um acontecimento que transcende previsões.
E se o futuro depende do que fizermos a cada instante, o entendimento do passado, traz lições importantes e permanecerá, em boa parte, nebuloso. Nossa compreensão do passado se renova com as gerações que realizam novas interpretações do já vivido. Isso porque o passado fornece respostas e é tolice não avaliar essas lições ou tentar entender o que elas indicam. Porém, a crescente compreensão do passado nunca o revelará integralmente, ficará sempre uma parcela para se melhor entendido no futuro.  
Cada homem tem, no quadro geral da sociedade em que vive, a responsabilidade de fazer surgir a pessoa que tem em si e que vai se tornando real com suas escolhas. Assim, a consolidação de cada novo eu entre os homens mostra a aventura de um novo sujeito diferente de todos os outros que existem ou já existiram. O homem comprometido com seu destino e responsável por ele torna-se pessoa. Esse conceito traduz a realidade do indivíduo humano tocado pelos objetivos da moralidade, da autorrealização e da autotranscendência.
Assim, em meio às incertezas gerais quanto ao destino próprio e da sociedade, as pessoas de fé contam com um diferencial. Elas acreditam que a vida que anima sua existência e de tantos outros tem um propósito de melhora, que podemos notar quando estudamos a História. Uma melhora que não vem sem esforço e comprometimento, mas uma melhora visível para quem tem fé num Deus que governa a história.
Um feliz 2020 para todos, um feliz ano novo na esperança de que ele renove nosso compromisso conosco e em sermos melhores a cada dia. Desse modo ajudaremos a aprimorar a sociedade e a viver responsavelmente o compromisso conosco mesmo.
F E L I Z  A N O  N O V O!

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

NASCIMENTO DO CRISTO. Marcos e Lucas




"São Marcos - 

1.Princípio da Boa-Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito no profeta Isaías: 

2.Eis que envio o meu anjo diante de ti: ele preparará o teu caminho.

3.Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplanai as suas veredas (Ml 3,1; Is 40,3).

4.João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados.

5.E saíam para ir ter com ele toda a Judeia, toda Jerusalém, e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.

6.João andava vestido de pêlo de camelo e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.

7.Ele pôs-se a proclamar: “Depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado.

8.Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo”."

LUCAS 

O Nascimento de Jesus

2 Naqueles dias César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano.

2 Este foi o primeiro recenseamento feito quando Quirino era governador da Síria.

3 E todos iam para a sua cidade natal, a fim de alistar-se.

4 Assim, José também foi da cidade de Nazaré da Galiléia para a Judéia, para Belém, cidade de Davi, porque pertencia à casa e à linhagem de Davi.

 5 Ele foi a fim de alistar-se, com Maria, que lhe estava prometida em casamento e esperava um filho.

6 Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê,

7 e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

AS TEODICEIAS DA SALVAÇÃO. Selvino Antonio Malfatti



Em algum momento os homens tomaram consciência de suas fraquezas: perante a doença, a fome, desastres naturais ou a morte. Como não podiam enfrentar sozinhos as debilidades levantaram os olhos para o céu infinito, olharam a força do mar, o mistério das florestas e pouco a pouco veio à mente a ideia de um ser superior. Este poderia ser a força para suprir a fraqueza. Este seria o seu SALVADOR.

Além disso, viu-se o homem desamparado, impotente e só. Era preciso encontrar alguém que o socorresse, ajudasse e lhe desse forças. Precisava de um SALVADOR.

Ao se examinar sentiu que nem sempre acertou nas escolhas, mas que podia ter acertado. Disso surgiu o sentimento de culpa. Por mais que se queira explicar a si mesmo que não há motivo de culpa, ela reaparece enchendo a alma. Desde que o homem teve consciência de si, sentiu-se culpado. Para se livrar da culpa era necessário um SALVADOR.
Nossa posição não significa nenhuma crítica a qualquer religião e nem inclinação por alguma. Apenas procuramos explicações dedutíveis da razão e, quanto possível, argumentos empíricos. Estes podem ter tido pistas religiosas, mas nunca premissas. 

Por isso, a ideia de um SALVADOR foi buscada na consciência humana. 
Conforme a sociologia no seio das grandes civilizações emergem três grandes teodiceias que apontam para a SALVAÇÃO. 


1º O Dualismo. É uma das formas mais difundidas e existe em diversas religiões. O zoroastrismo talvez fosse o modelo mais perfeito desta forma de teodiceia. O conteúdo religioso contempla a dualidade entre o bem e o mal religioso. Nesse sentido há o puro e o impuro. O deus do bem e o do mal, o virtuoso e o pecador. O problema é que esta crença ou teodiceia envolve uma contradição. Há um deus que possui seus poderes limitados por um rival. A ideia de salvação, através de um Salvador, como na teodiceia cristã, avançou esta concepção para a vitória do bem. Para os bons ficaria reservado o céu e para os maus o inferno. O responsável pelo inferno é uma criatura subordinada ao Deus do céu. O Deus do céu, superior, castiga o deus do inferno com todos os seus, condenando-os ao sofrimento infinito e eterno. 


2º Predestinação. Nessa teodiceia se acredita que o homem é incapaz de conhecer qualquer desígnio de Deus. E por isso nada de bom pode fazer, cabendo a Deus a liberdade de escolher quem quer para a salvação. O condenado é um réprobo que merece este castigo e nada pode reclamar.


3º Salvação universal. Esta crença se poderia encontrar na religiosidade dos intelectuais indianos. A auto realização do homem está garantida na salvação universal. Destes três modelos de teodiceias advieram as quatro grandes religiões:


 1º confucionismo e taoísmo. O universo era visto como uma ordem eterna – Tao. Desenvolveu através de Lao-tsé uma mística que evoluiu para a magia. 

Salvador Confúcio.


2º hinduísmo e budismo. Era praticado por casta hereditária de letrados, que, embora não tivessem cargos, atuavam como conselheiros ritualistas e espirituais para indivíduos ou comunidades. Era uma sociedade de castas, as quais formavam uma ordem hierárquica, cujo topo era ocupado pelos brâmanes. Depois vinham os guerreiros, comerciantes, agricultores e por fim os trabalhadores. O intercâmbio entre as castas era proibido. Acreditavam na reencarnação e como todas as religiões orientais eram místicos.  Os brâmanes constituíam um centro em torno do qual gravitava toda a organização social. Os brâmanes, educados nos Veda, era o estamento plenamente aceito. Mais tarde surge outro estamento, não brâmane, que passou a competir com eles. O budismo era constituído por monges contemplativos, mendicantes e errantes. Eram considerados membros integrais das comunidades religiosas. Os demais eram considerados inferiores, objetos e não sujeitos de religiosidade.

Salvador Buda.


3º O islamismo. Inicialmente uma religião de guerreiros cujo objetivo era conquistar o mundo. Eram como os cruzados cristãos, mas sem o seu ascetismo sexual. Em torno do século VII d.C, surgiu o misticismo maometano, cujo resultado foi um simbolismo complexo muito utilizado pelos poetas.

Salvador: Maomé


4º judaísmo. Após o exílio, o judaísmo perambulou como um povo pária, isto é, o único vínculo era o Deus comum, Javé. Com a elaboração de uma lei sacerdotal, levada adiante pelos levitas, juntamente com a pregação dos profetas, abriu espaço para um caráter prático e ético, expurgando as crenças de magias que grassavam no meio do povo. Durante a Idade Média conseguiu que uma camada de intelectuais que imantava os diversos grupos esparsos pelo mundo.
Salvador: ainda estaria por vir.


4º O cristianismo. O cristianismo iniciou como uma doutrina de artesãos jornaleiros itinerantes. Permaneceu sempre como uma religião urbana e cívica. Em todos os períodos manteve este caráter: antiguidade, Idade Média e Época moderna com o puritanismo. A cidade do ocidente, diferente de todas do mundo da época, com um corpo de cidadãos, foi o palco do cristianismo. Isto pode ser aplicado às comunidades religiosas, ordem de monges mendicantes da Idade Média.

Salvador: Jesus

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

A encarnação de Cristo e o humanismo. José Mauricio de Carvalho




Humanismo é uma palavra para resumir a realidade do homem. Foram muitas as formas de entendê-lo ao longo da História e muitas as suas faces. A cultura ocidental explicitou as realidades de um ser que era histórico e vivia numa sociedade que também era. Mudam os indivíduos, mudam as sociedades humanas. Essa forma de tratar o homem nele identificou estratos: matéria viva e consciência espiritual. Esses estratos resumem uma totalidade plural, que quer dizer que o homem não é só matéria viva, mas consciência psicológica e espírito, ou melhor, uma totalidade singularmente individual. Com algo comum com os outros e muito de somente seu. Um ser que embora tenha uma parte material submetida às leis da física, possui também emoções e sentimentos de alta complexidade e uma razão que lhe dá liberdade e exige responsabilidade.
Com a evolução da cultura, a criação artística e a análise racional das possibilidades humanas pelas ciências e pela filosofia, a razão reconheceu, nesse modo de ser, um valor inesgotável. O homem foi descrito como um valor que o diferencia dos demais e lhe confere importância. Miguel Reale resumiu essa condição dizendo que o homem era um valor irredutível e, ao mesmo tempo, um valor fonte. Com isso resumiu que o homem tinha um valor inalienável e que podia reconhecer valor nas coisas ou atribuir-lhes valor, como, por exemplo: o equilíbrio da natureza, os bens materiais e as organizações sociais que são valores por causa do homem. 
Uma das maiores dificuldades dos primeiros cristãos foi mostrar que uma pessoa divina viveu verdadeiramente essa condição humana. Que Ele teve fome, porque era matéria, sentiu-se angustiado, por era consciência psicológica e era capaz de ensinar de forma racional porque era espírito como seus semelhantes. E ainda assim, possuindo todos esses atributos humanos era também divino porque existia desde sempre ao lado de outras pessoas igualmente divinas e espirituais. Espirituais não só porque pensavam, mas porque essa condição nas pessoas divinas era magnífica expressão de perfeição eterna e amor infinito. Sem conseguir entender isso muitos cristãos minimizaram a realidade humana de Jesus e ao reconhecê-lo Deus, pouco valorizavam sua condição humana, impressionados por sua divindade. Porém a Igreja, desde o início dos tempos, insistiu que Jesus era verdadeiramente homem, embora não perdesse sua condição divina.
Por reconhecê-lo verdadeiro homem e verdadeiro Deus, a Igreja celebrou sempre seu nascimento e morte, como forma de mostrar que Ele se fez carne (Jo 1-14), e embora fosse o Logos e razão de todas as coisas, encarnou-se e foi nosso companheiro de caminhada. E justo porque reconhece essa humanidade como verdadeira, a Igreja confirmou aquilo que a razão aponta: precisamos cuidar do homem e estabelecer as bases de um humanismo que não deixe de reconhecer a historicidade, a pluralidade, a liberdade responsável e a dignidade da criatura humana.
Por isso, a festa do natal de Jesus de Nazaré, que novamente comemoramos em 2019, é oportunidade para restabelecer a confiança em Deus Senhor da História. O Natal também afirma que a vida humana está investida de dignidade e valor. É esse cuidado com o homem, esse respeito a sua condição que a comemoração do aniversário de Jesus vem reafirmar a cada ano. Isso não é comunismo, mas um ideal de vida onde a terra é casa de irmãos, diferentes no modo de viver, distintos nas suas capacidades de dons e riquezas, nem todos igualmente sensíveis ou inteligentes, mas todos merecedores de cuidado e respeito. Não porque uns se aproveitem de outros, mas porque são irmãos nas suas diferenças.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

PE. HAROLDO E O PROGRAMA DO AMOR EXIGENTE. Selvino Antonio Malfatti -Voluntário do Amor Exigente.







                            
     Neste fim de novembro de 2019 faleceu, em São Paulo, Harold Joseph Rahm, com idade de cem anos. Era norte-americano naturalizado brasileiro. Sacerdote jesuíta ordenado em 1950, dedicou toda sua vida a obras sociais. Fundou a instituição Pe. Haroldo e Amor Exigente, este com maior impacto social. O Amor Exigente iniciou com grupos de apoio a usuários de drogas e familiares, um programa próprio, conseguindo expressivos resultados. Atualmente Brasil, Argentina, Uruguai, Itália e Israel adotam o método e programa do Amor Exigente, tratando milhares de jovens dependentes, principalmente químicos. O tratamento abrange crianças (preventivo), jovens e adultos (terapêutico) familiares (orientação) Avós (sempre é tempo).
Apresentamos sinteticamente o programa DO Amor Exigente com seu método:
A proposta do Amor-Exigente tem como pilares 12 Princípios Básicos, 12 Princípios Éticos, a Espiritualidade Pluralista e Responsabilidade Social, com crianças, adolescentes e familiares em situação ou não de vulnerabilidade social.
O Amor-Exigente entende prevenção como um trabalho conjunto de todas as forças vivas da sociedade, desenvolve ações que promovam a vivência da ética, da solidariedade, do respeito às diferenças, numa perspectiva de despertar na criança e no adolescente a prática de valores como o respeito à hierarquia, responsabilidade, regras, limites e organização, capacitando-os a saberem lidar com suas dificuldades e eventuais problemas e a fazerem escolhas saudáveis. A dinâmica do Programa Amor Exigente consiste na realização de encontros semanais de duas horas, inicialmente acontece a acolhida, segue o momento da espiritualidade, que no Amor-Exigente é pluralista.  Os participantes são convidados a um relaxamento, a um momento de meditação, com reflexão e interiorização de valores que lhes proporcionem paz, serenidade, concentração e bem estar.
A seguir é abordado o Princípio Básico do mês, através de um expositor:
     O primeiro princípio básico trabalha as nossas raízes culturais, é identificador.
  Os problemas da família têm raízes na estruturação da sociedade.  Procura valorizar as raízes culturais da família, onde  se resgatam os seus valores morais e éticos.
O Segundo Principio Básico "Pais também são gente”, caracteriza-se por ser HUMANIZADOR, pois traz a reflexão o ser humano, com falhas, imperfeições, muitas vezes despreparados, são humanos.
O terceiro princípio "Os recursos são limitados". Este princípio caracteriza-se por ser PROTETOR. A reflexão foca que os recursos familiares e sociais são finitos e que, portanto, se deve organizar a utilização.
O Quarto Princípio é o princípio Valorizador “Os pais e filhos não são iguais” nos conduz a reconhecer a autoridade dos pais e que papéis de pais e filhos são diferentes, cada um com suas funções e responsabilidades.
O quinto Princípio é libertador "A culpa torna as pessoas indefesas e sem ação", nos impulsiona a despertar a importância de reconhecer nossos erros, livre de qualquer tipo de emoção negativa, assumindo sempre a atitude do perdão. Neste Principio trabalhar RESPONSABILIDADE.
O Sexto Principio Básico é Influenciador. "O comportamento influencia mutuamente os envolvidos: filhos afeta os pais e o comportamento dos pais afeta os filhos
O Sétimo Princípio, que tem o foco na TOMADA DE ATITUDE. É saber dizer não quando necessário. Uma tomada de atitude para promover o bem estar pessoal e do outro. Dizer NÃO a uma situação que não nos traz qualidade de vida.
Oitavo princípio “CRISE, na crise bem administrada, surge a possibilidade de mudança positiva". Este princípio caracteriza-se por ser “Esperançador”, pois nos remete a um FUTURO, a um tempo em que existe uma situação melhor, com a crise ultrapassada.
O Nono Princípio Básico é grupo de Apoio, nele aprendemos que o grupo de apoio é essencial para suportarmos uma CRISE, ele nos acolhe e nos faz unidos e humildes nas ações solidárias de entreajuda. "Na comunidade, as famílias precisam dar e receber apoio"
O Décimo Princípio é Cooperador. "A essência da família repousa na cooperação, não só na coexistência". Na cooperação estreitarão os vínculos pessoais que são reforçados pela união de forças, igualdade de propósitos e sentimento de solidariedade.
O Décimo Primeiro Princípio Básico é Exigência na disciplina, um Princípio Organizador. Neste Principio são desenvolvidas atividades que incentivam a se organizar para a vida em família e sociedade, com consciência de seus direitos e deveres.
O Décimo Segundo Princípio é Amor, compensador “O amor, com respeito, sem egoísmo, sem comodismo deve ser também um AMOR QUE ORIENTA, EDUCA E EXIGE”. É recompensador: solidariedade, perdão, compromisso, respeito pelas diferenças, compreensão, generosidade, caridade, gratidão, paciência, honestidade.
Este programa, implantado por Pe. Haroldo, salvou e está salvando milhares de dependentes –crianças, jovens e adultos- em vários países do mundo.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

CECÍLIA MEIRELES E A PROPOSTA EDUCACIONAL. Selvino Antonio Malfatti





O mês de novembro é o 110º aniversário de Cecília Meireles. Nasce -7 e falece 9 - a poetisa, literata, jornalista, contista, teatróloga, folclórica brasileira Cecília Meireles. Sua obra teve abrangência para além do Brasil e recebeu prêmios nacionais e internacionais. 
Cecília Benevides de Carvalho Meireles viveu no miolo do século XX, isto é, de 1901-1964.  Propõe-se a debater alguns tópicos sobre educação através do viés da Escola Nova. Estes pensamentos da autora não é crítica, nem avaliação, apenas exposição de recortes de ideias. Isto porque nem ela mesma pretendeu dar uma sistematização teórica de suas concepções. 

Seu pensamento emerge no torvelinho da política, ora defendo posições, ora atacando outras e, até mesmo, retocando algumas que lhe pareciam incompletas. Não vamos encontrar uma Meireles acadêmica, mas um jornalista polemista, ora na ofensiva, ora na defensiva, mas a maior parte das vezes batalhadora de front, empunhando sua arma de ataque e defesa: a Página de Educação no jornal Diário de Notícias e depois na Folha de São Paulo.

Viveu e escreveu num período politicamente conturbado, a maior parte dele no governo de Getúlio Vargas que não se cansava de inovar no seu autoritarismo. Revolucionário, constitucional a seu modo, ditador e suicida.
Através da espada da Página da Educação, em política exibe a marca mais saliente de Cecília Meireles: sua opção pela democracia liberal. Por isso, de imediato granjeou desafetos entre os partidários do “Sr. Ditador”, entre deles o ministro da Educação e Saúde, Francisco Campos. Entre os católicos, no tradicionalismo da Igreja, que insistia no ensino religioso, mesmo em escolas públicas, Tristão de Atayde. Meireles propunha um ensino universal, unissexual e supraconfessional.

Na organização social combatia a divisão de classes, grupos, o sectarismo e preconceito racial. Defendia o feminismo através do mérito, sem privilégios. A mulher deveria “subir” através de sua capacidade. Da mesma forma, ao exacerbado nacionalismo, próprio da época, contrapunha a fraternidade universal.

Paralelamente à atuação como jornalista combativa, obrava, quase em silêncio, uma professora poeta, que fazia poesia para as crianças, louvava a natureza e meditava misticamente sobre a natureza humana. Cada situação, encontro, viagem, livro era motivo de uma meditação filosófica externada na poesia.

Estas são as duas “cecílias”: a poetisa e a guerreira.
O fenômeno da Escola Nova na educação não foi um movimento isolado no Brasil. No Inglaterra iniciam-se um iniciativas e ensaios no sentido de renovação do ensino. Surgem algumas escolas com o nome de “public-schools”. Não eram instituições oficiais. Eram chamadas de públicas porque mantidas por fundações de interesse geral e recebem alunos de todas as regiões do país, ao contrário das escolas locais. Os dirigentes perceberam alguns defeitos das escolas do seu tempo como convencionalismo, intelectualismo e individualismo e se propuseram a saná-los. Para tanto algumas escolas começaram a mudar sua filosofia como Arnold na Escola de Rugby, Sanderson na Escola de Oundle, este último procurando estabelecer uma harmonia entre a escola e a vida real dos alunos.

No Brasil, a ideia de Escola Nova, incorporou a realidade brasileira, isto é, os problemas específicos, mormente no que se refere o conteúdo e método educacionais. Os principais princípios que norteavam a Escola Nova eram: a laicidade, o publicismo e a coeducação.

Na escola tradicional o conteúdo privilegiava um ensino clássico pelo qual o aluno assimilava, sem participação, o que lhe era ministrado. O método, por sua vez, era formal, isto é, o professor ministrava a matéria e o aluno decorava o conteúdo. Contra isto, Cecília se insurgia. Era preciso inverter, dizia ela. O ponto de partida é o aluno, seus problemas reais, sua circunstância, sua realidade. O método devia ser também a partir do aluno, fazer que ele mesmo construa o conhecimento. Em seu programa, Cecília reivindicava novos estudos afetos à psicologia do comportamento humano. Os grandes responsáveis pela educação, a Família, Igreja e Estado, deveriam propiciar uma renovação educacional.

O ponto nevrálgico, porém, da proposta educativa de Cecília foi a questão da responsabilidade da ação educativa. Para ela, nem o a Família, nem o Estado deveriam ser os titulares, mas a Escola. Isto por que a Escola era o espaço público, por isso a defesa da escola ser administrada pelo Estado, embora houvesse interferência doutrinária e moral da Igreja e da Família. Uma e outra eram responsáveis pela estrutura social vigente ou interferirem na vida pública do indivíduo, apontando-lhe um destino profissional e na vida espiritual, de ordem privada, ao lhe pregar uma moral e uma conduta a seguir.
Além disso, com a transferência da educação para a responsabilidade da escola haveria democratização da instrução, ao contrário do que acontecia até então, quando isto era entregue à Família e à Igreja.
Desta forma o princípio da Escola Nova era a liberdade individual em substituição à autoridade institucionalizada. Em Cecília defrontam-se os dois princípios: o da liberdade, da Escola Nova, e o da autoridade, defendida e praticada pelos católicos. Ambos, grupo de católicos e escolanovistas, creditavam à educação esta tarefa.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

FASCISMO, COMUNISMO E NAZISMO- IRMÃOS SIAMESES. Selvino Antonio Malfatti

















Ninguém pode se surpreender se um comunista chamar alguém de:
- Fascista!
Nem se um nazista chamar outro de:
- Comunista!
Muito menos se um fascista apontar um colega como:
- Nazista!
Na verdade são poucos os que sabem o que é cada uma das três ideologias. Se examinadas a fundo e confrontadas não diferem muito uma das outras. São irmãs siamesas. Vejamos alguns exemplos:
A igualdade dos indivíduos está contida no critério da igualdade: o todo, a homogeneidade econômica e a raça.
1.       
Nenhuma delas deixa espaço para a liberdade individual. O coletivo em todas está acima do individual.

2.       Em todos elas a propriedade não é plena. Primeiro pertence ao estado ou ao coletivo e em segundo plano, ao indivíduo.
3.       Outro aspecto que se pode confrontar é o trabalho. O resultado do trabalho individual primeiro beneficia o coletivo e este lhe destina uma parte.
4.       Quando à vida privada nem se fala. Não é permitida uma esfera só do indivíduo. O Estado tem sempre o poder de invadi-la quando bem entender.
5.       Em política o poder preexiste à vontade individual. Representações intermediárias autônomas são terminantemente proibidas. São dependentes do poder público.
6.       Atividades econômicas autônomas são proibidas. Sempre dependem do poder estatal.

7.       Religião está fora de cogitação como crença de caráter privada. 





Fascismo                                  Comunismo                      Nazismo
Inspiradores
Alceste De Ambris e Filippo Tommaso Marinetti.
- O indivíduo isolado é impotente. O Estado atribui as tarefas a cada um.
- Não existe liberdade nem política, nem econômica.
- Salário mínimo instituído pelo governo.
- Jornada de trabalho de 8 horas
- representantes no alto escalão das indústrias
- Os sindicatos com o mesmo poder decisório que os executivos das empresas e funcionários públicos.
- imposto de renda progressivo.
- seguro invalidez arcado pelo estado e outros benefícios sociais.
- confisco de bens das sociedades religiosas
- sistema corporativista, do tipo soviets.


Inspiradores: Marx e Engels: Manifesto Comunista.

-o indivúdo está diluído na sociedade. Existem duas pontas na escala social: os dirigentes políticos e os proletários
- Não existe liberdade. O estado é totalitário.
- Imposto de renda progressivo.
- Crédito monopólio exclusivo da Estado.
- Centralização dos meios de transporte e de comunicação.
- Centralização do trabalho agrícola e industrial.
- educação pública.
- Trabalho obrigatório.
- Expropriação da propriedade de terras.

Adolf Hitler e Partido

- a raça é superior à individualidade.
- A raça atribui o grau de liberdade.
- Socialização de empresas monopolistas
- Municipalização de grandes lojas de departamento
- Expropriação de terras para propósitos caritativos
- Proibição da especulação imobiliária
- Expansão de todo o sistema educacional estatal.
- Defesa do meio ambiente
-Distribuição de lucros de grandes empresas.
- Abolição do “rendismo”.
- reforma agrária adaptada às necessidades nacionais;
- criação de uma lei para a livre expropriação de terras para propósitos caritativos. --- Abolição do consumo da terra e proibição de toda e qualquer especulação imobiliária.
- Criação de um exército popular.


sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A QUEDA - BERLINER MAUER. Selvino Antonio Malfatti















Em 1945, fim da Segunda Guerra Mundial.Tanto para os aliados ocidentais, como para os soviéticos, a Alemanha havia sido a responsável pela Guerra. O Terceiro Reich mereceu toda sorte de tratativas da parte dos vencedores, divergindo os ocidentais que queriam neutralizar militarmente a Alemanha e os soviéticos que queriam simplesmente apagá-la do mapa. 

O resultado das negociações, realizadas na Conferência de Yalta, de 4 a 11 de fevereiro de 1945, foi que os soviéticos decidiriam os destinos da Alemanha Oriental e os ocidentais decidiriam o lado Ocidental, ficando o norte para os ingleses, o oeste para os americanos e aos franceses o leste. Os quatro aliados ocupariam permanentemente a capital, Berlim, que também foi dividida em zona de influência soviética e zona de influência tríplice dos ocidentais.

Junto com a rendição alemã, maio de 1945, exigiu-se também o afastamento do governo. Para tanto, foi nomeada uma Comissão Aliada de Controle. Os soviéticos tomaram a iniciativa de organizar sua parte. De imediato os comunistas permitiram a organização dos antigos partidos, desde que fossem antinazistas. Foram reconhecidos os partidos: Partido Comunista da Alemanha, o Partido Socialdemocrata Alemão, a União Cristã Democrática e o Partido Liberal Democrático. 

Mas, acima dos partidos e controlados por ela, estava a Administração Militar soviética. A primeira medida dos soviéticos foi desmantelar toda a indústria e serviços da Alemanha Oriental, inclusive com seu pessoal, e transferi-lo para a URSS. As propriedades privadas foram confiscadas e decretou-se um reforma agrária radical. Como os resultados eleitorais não deram vitória ao partido comunista, em 1946 os soviéticos resolveram impor pela força o partido único, o Partido Alemão de Unidade Socialista, juntamente com um sindicato único. 

A estas medidas os aliados ocidentais se opuseram e os atritos levaram á criação de dois Estados alemães: a República Federal da Alemanha, em 10 de maio de 1949, dotada de uma Constituição Democrática, a Lei Fundamental de Bonn; e os soviéticos criaram a República Democrática Alemã, em sete de outubro do mesmo ano. E, para sustenta-la, em 1961, foi criado o Muro de Berlim, baseado num esboço já pré-existente – uma barreira que impedia o intercâmbio, dentro de Berlim, entre comunistas orientais e democratas ocidentais.

Com a Queda do Muro de Berlim não houve vitória militar dos democratas sobre o comunismo, mas capitulação do comunismo em favor do democracia. Foi um ato espontâneo demonstrando que a experiência vivida pelo comunismo malogrou. Um cadáver morto e abandonado. Ficaria como uma experiência fracassada exposta para o futuro. O bloco comunista, de Varsóvia a Berlim, rasgaram a cortina de ferro e ingressaram delberadamente na democracia. 

Em 1989 a Europa está em cima de um muro olhando para trás e para frente. Para trás lamentando. Para frente esperançosa.
Espera que de ora em diante a guerra fria tenha findado. A meia irmã da Alemanha, voltado à casa materna da Europa. Os olhos prolongam-se para um futuro antevendo que outros pedaços da Europa retornariam: Polônia, República Checa, Finlândia, Eslováquia, Hungria, em síntese, partes da antiga República socialista soviética, reduzindo-se à histórica Rússia. E por fim, esta mesma, não motu próprio, mas empurrada pelas circunstâncias, abandonou boa parte do socialismo econômico, espremendo-se  no círculo do político. Comparando-se a URSS de Stalin com a Rússia de Putin não se reconhece mais o mesmo sujeito político: o primeiro é um cadáver insepulto e o segundo, pouco a pouco atinge a maturidade.







quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A jornada humana: para os que fazem da história um compromisso de vida. José Mauricio de Carvalho. Academia de Letras de São João del-Rei




Pode-se falar de muitos aspectos de uma jornada, do caminho percorrido, das impressões vividas no trajeto, da paisagem com seus encantos e desafios, do olhar em perspectiva para tudo o que foi experimentado no deslocamento, das lições que o percurso deixou. Sempre há o que observar e relatar, pois isso que resultou do percurso é a vida já vivida, a vida que se fez no tempo dessa jornada. Vida é mesmo esse que fazer no tempo.
Tempo é do que trataremos, o que nos tece e nos torna diferentes do que éramos e, também, mesmo sendo distintos, ainda nos mantém iguais ao que já fomos um dia. Um pouco fica e outro muda. E o que muda guarda algo do que ficou. Melhor assim, quando estão unidas essas pontas que amarram o não mais ao ainda surge um compromisso íntimo de jornada que não nos afasta do que somos. Essa deliciosa experiência no tempo foi resumida pelo filósofo espanhol Ortega y Gasset nos seus estudos sobre a vocação. Para ele, o homem só está seguro de si quando é fiel a sua vocação. Contra o intento de ser o que não é, declara o filósofo, na segunda parte de España Invertebrada, na fórmula de Píndaro (ORTEGA Y GASSET, José. España Invertebrada. Obras Completas. v. III, 2. reimpresión, Alianza, Madrid:  1994, p. 102): “voltemos as costas para as éticas mágicas e fiquemos com a única aceitável, que faz vinte e seis séculos resumiu Píndaro em seu ilustre imperativo: torna-te o que és.”
 Esse tecido da existência, que é o tempo, une no momento presente tudo o que se passou e se alimenta da esperança e responsabilidade pelo que virá. Assim é quando está amarrado pela missão existencial que é a concretização social da vocação. Se não estão presas as pontas do passado e do futuro as escolhas ficam sem esse fio íntimo que lhes dê coerência e sustentação. É a esperança renovada e a responsabilidade com o próprio destino que alimenta a vida e impede que o passado seja simplesmente um cadáver, que possa ter sentido e ser o alimento de novas coisas. Assim, enquanto a vida continua é a esperança de futuro, recuperando o passado e alimentando o presente que tecem aquilo que chamamos história. História que tem raízes na temporalidade do homem, nas escolhas que a vida permite e nas alternativas que ficam abertas na circunstância, que é única, para cada pessoa.
A vida humana é história, vivê-la de forma consciente é assumir a responsabilidade pelo futuro. É essa consciência que permite entender o passado como tecido de escolhas e não fatalizá-lo. Ao reconhecer as alternativas anteriores, é possível avaliar as alternativas do futuro.
Assim, a história já vivida não é apenas a matéria-prima dos historiadores, mas a possibilidade ainda não criada e por criar. O futuro não é um prolongamento do passado, mas a poesia a ser rimada a partir do que se tem por viver.


quinta-feira, 31 de outubro de 2019

ENCONTRO DA FAMÍLIA GIOVANELLA – GIOSEPPE E MARIA LETIZIA. Selvino Antonio Malfatti




Está sendo muito comum atualmente famílias de descendes de italianos que imigraram para o Brasil no final de século XIX reunir-se numa data para confraternizar. Embora os primitivos troncos não mais existam, seus descendes fazem questão de se encontrarem e festejarem. A história de cada família é praticamente igual a todas as demais. A situação econômica e social entre os que aqui chegaram e a prole dos descendentes está muito distante. Os que vieram mal tinham como se sustentarem pelo cultivo de suas lavouras. Moravam em casinhas de madeira construídas por eles mesmos. Recursos econômicos, como dinheiro vivo era praticamente zero.

Ao chegarem cada familia recebia um lote de terra, sem nenhuma benfeitoria, no meio da selva. Os caminhos eram trilhas no mato que ligavam uma familia ás outras. A única fonte de renda para sobrevivência era o lote de terra comprado do governo brasileiro a ser pago por um dilatado prazo e o próprio trabalho manual. Os três fatores, propriedade, trabalho e poupança possibilitaram progresso. 

Atualmente, seus descendentes, estão longe daquele primeiro estágio: o trabalho utiliza tecnologia de ponta, a agricultura praticamente foi substituída pela indústria ou agroindústria e as novas gerações estão migrando para serviços. 

O sonho dos imigrantes de encontrarem a “Cocagna”,foi realizado pelos descendentes que ascenderam ao status de pequenos proprietários dedicados ao agronegócio, empresários de indústrias nacionais e internacionais e profissionais reconhecidos.

É neste contexto que os descendentes da família GIOVANELLA se encontrarão nos primeiros dias de novembro no local onde se estabeleceram os imigrantes originários: Batovira, localidade do distrito de Garibaldi, hoje pertencente ao município de Progresso. Para tanto farão um Encontro.

A família Giovanella, cujo elo une descendentes brasileiros e ascendentes italianos, foi Giovanni Giovanella, 53 anos e sua esposa Celeste Giovanella, 40 anos, provenientes da Itália, Trento, 1875. Juntos vieram os filhos Pietro, 17 anos, Giovanni, 16 anos, GIOSEPPE , 9 anos. Posteriormente nasceram Ferdinando, Antonio e Cesare. Foram residir em Bento Gonçalves, na picada Garibaldi, hoje município.

Gioseppe casou-se com Maria Letizia, em Encantado (RS), em 1921. O casal teve como filhos: Fiorello, Arnesto, Arlindo, Benilde, Venilde, Amélia, Irene, Míria, Lourdes e Adélia.
Atualmente constituem 311 descendentes. Filhos, genros e noras 20; Netos e cônjuges 105; Bisnetos e cônjuges 130; Trinetos e cônjuges 56.

O Encontro terá a seguinte Programação:
No dia 2 de novembro de 2019, na localidade de Batovira, município de Progresso, RS, ocorrerá o Encontro no salão da comunidade. O evento terá início às 8:30hs com apresentação dos familiares. Às 9:30 visita ao Cemitério onde estão os restos mortais de seus antecessores. Missa festiva às 10hs na Capela São Roque e ao meio-dia almoço de confraternização. Durante o evento haverá homenagem especial às cinco filhas vivas do casal Gioseppe e Maria Letizia.

sábado, 26 de outubro de 2019

A filosofia e a superação da radicalidade política. José Mauricio de Carvalho



Tornou-se comum analisar o processo social e político brasileiro com a categoria radicalidade. A pessoa comum diz que o país se encontra dividido em duas categorias políticas com as quais ela resume a disputa política: esquerda e direita. Essas categorias dizem pouco porque, por exemplo, a social democracia e o socialismo radical encontram-se à esquerda, mas são projetos distintos. O mesmo se diga da direita onde o tradicionalismo católico, os segmentos evangélicos e o nazismo estão à direita, embora sejam muito diferentes entre si. A radicalidade política começa a ser combatida com conhecimento do processo político e dos seus projetos. É pouco simplesmente tratar essa questão reduzindo o problema a esquerda e direita. Essa não é uma questão simplesmente teórica. Na prática nem todo cidadão que critica o governo Bolsonaro deseja a liderança de Lula e nem todo crítico do Partido dos Trabalhadores é adepto de Bolsonaro.
Se o primeiro passo para a superação da radicalidade política é o conhecimento das forças políticas, um segundo passo é o conhecimento da política como a arte do debate e de construir consensos. Em outras palavras, a política exige que se converse de forma tranquila com pessoas de todas as posições. Nesse sentido, faz falta um homem como Tancredo Neves que era capaz de dialogar de forma aberta com todos os segmentos políticos e buscar consensos. Isso não apenas se devia à sua disposição psicológica para a moderação e o equilíbrio, mas ao reconhecimento de que era necessário construir consensos para além das legítimas disputas pelo poder. Quando os alemães ocidentais estavam divididos, ao final da Segunda Guerra, entre aqueles que queriam uma aliança com os Estados Unidos e os que pretendiam uma política independente, o filósofo Karl Jaspers observou que primeiro era preciso construir um consenso entorno à organização livre e democrática. A construção de consensos, para além do apoio à seleção de futebol do país, é fundamental sob pena de ameaçar nossa existência como nação.
Esses dois passos contemplam a ciência política e sua prática, mas há um terceiro passo que é imprescindível. Ele depende da educação humanista e ampla que anda atualmente em baixa em nosso país. Porém, é esse pensamento que alimenta a reflexão crítica e preserva a racionalidade contra qualquer atitude indigna dela. Nesse sentido, tem muita importância a formação filosófica e a capacidade de reflexão. São elas que esclarecem os princípios e os objetivos da prática política, preservando o essencial da vida social, os valores estruturantes da sociedade e o destino da humanidade. Por isso tem sido um desastre o uso da filosofia na defesa de ideologias, tanto à esquerda quanto à direita, nas redes sociais.
A filosofia é um pensamento que funciona se independente, não da vida e de seus problemas concretos, mas de posições radicais que impedem a procura da verdade. Uma independência capaz de buscar no passado a orientação que importa e de estimular a busca de consensos para viabilizar o futuro. Todo verdadeiro praticante da filosofia está comprometido não com ideologias, mas com a liberdade e independência das ideias já estabelecidas para buscar a verdade. Esse terceiro passo é também fundamental.


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