sexta-feira, 12 de novembro de 2021

NOVO RUMO EDUCACIONAL - PROFISSIONAL TÉCNICO? Selvino Antonio Malfatti

 

                  Escola tradicional e escola do futuro - COC  


Há falta de emprego no Brasil? Sim e não. Sim, por que as filas na busca de emprego são intermináveis. Não, por que sobram vagas a serem preenchidas.

Diz o Ministério da Economia: “...nos cinco primeiros meses deste ano o número de vagas criadas superou a marca de 1 milhão. Nesse período, foram gerados 1.233.372 vagas com carteira assinada.

Então, qual é o problema? Se há vagas de trabalho de sobra e há trabalhadores em busca de emprego, algo está errado.

Detalhemos a questão: 

1.    Profissões em alta em 2021

Enfermagem, medicina e outras especializações de saúde

Especialista em Marketing Digital

Áreas da tecnologia

Profissionais de finanças

Profissionais de customer success

Área de vendas e comercial

Especialista em  e-commerce

Profissionais autônomos de conteúdo

Especialistas em saúde mental

2.    Profissionais mais procurados:

1 – Engenheiro. A primeira profissão da lista é a de Engenheiro. ...

2 – Administrador de empresas. ...

3 – Médico. ...

4 – Profissional de Tecnologia da Informação. ...

5 – Atleta. ...

6 – Professor de escola. ...

7 – Mecânico de veículos. ...

9 – Advogado.

3.    Profissões mais procuradas

Gestor(a) de mídias sociais

Engenheiro(a) de cibersegurança

Representante de vendas

Especialista em sucesso do cliente

Cientista de dados

Engenheiro(a) de dados

Especialista em Inteligência Artificial

Programador(a) de JavaScript

Investidor(a) Day Trader

Motorista

Consultor(a) de investimentos

Assistente de mídias sociais

Desenvolvedor(a) de plataforma Salesforce

Recrutador(a) especialista em Tecnologia da Informação

Coach de metodologia Agile.

Se há ofertas de vagas e há trabalhadores buscando emprego, a hipótese mais provável é que não há uma correspondência entre o perfil de trabalhador exigido e o candidato à vaga. O candidato, nem por culpa dele, nem da escola, não está preparado para a atividade ofertada. Se há vaga para operador de máquina e o pretendente é formado em filosofia com certeza não será aceito por que não está preparado para a função, isto é, falta-lhe competência.

Ao que tudo indica existe um descompasso, uma defasagem entre as necessidades empresariais e a formação ofertada pela escola. A necessidade da sociedade não encontra correspondência com o perfil do profissional formado pela escola. (George Gilder, “Riqueza e pobreza,”).

No entanto, não é tão simples assim para solucionar. Suponhamos uma Escola constatando as necessidades da sociedade - profissionais técnico-aqrícolas - se propõe atendê-las. Para tanto precisa contratar profissionais qualificados para ministrar conhecimentos e habilitar estudantes profissionalmente.  Há necessidade de laboratórios, insumos, desde matérias primas até materiais descartáveis, instalações, licenças operacionais dos poderes públicos, investimentos e uma infinidade de itens necessários para operacionalizar os laboratórios. Isto leva um bom tempo e grandes investimentos. Após isso inicia a habilitação dos inscritos. Provavelmente após 2 a 3 anos consegue formar os novos profissionais. Mas, quem garante que naquele momento posterior às necessidades da sociedade serão as mesmas de quando começou a preparação profissional? Não terão mudado, não serão outras, não terão novas nuances de conhecimentos? Com certeza, com isso, deverá iniciar o novo ciclo e quando findar este novamente deverá reiniciar. Estamos diante da lenda de Sísifo? Isto é, do círculo vicioso entre oferta e formação de trabalhadores.

Diante de tal realidade alguns sugerem que as habilidades sejam adquiridas concomitantemente na teoria e na prática. Tradicionalmente se adquirem conhecimentos teóricos na escola e em seguida os conhecimentos são levados à prática digamos, genericamente, na empresa.

Este era o mundo da economia tradicional. A empresa (fábrica, como querem outros) recebia alunos formados, habilitados. As funções técnicas eram mínimas e as operárias, maioria esmagadora. Agora inverteu. Praticamente todos são técnicos e os operários desapareceram. A escola, então, atualmente na prática não deve preparar uma minoria, mas  todos para funções técnicas. Até mesmo funções mais humildes como as de limpeza, agora exigem domínio de informática e por isso também são técnicos.

Sugere-se uma mudança no modelo: estes dois momentos sejam fundidos. Pratica-se adquirindo os conhecimentos. Podem-se citar como exemplos as escolas de línguas. O candidato pratica o linguajar e através dele passa a dominar a teoria desta prática. Pratica-se e aprende-se.

Há uma empresa no Rio Grande do Sul que age dentro deste novo modelo. No último ano do ensino médio, a empresa entra em contato com a escola solicitando uma visita de um técnico da empresa. No dia acertado, o técnico vai à escola, conversa com os alunos, aplica os testes e oferece o estágio remunerado. O estagiário cumpre o período recebendo o treinamento específico e após, se o perfil do profissional procurado pela empresa estiverr de acordo e o candidato  tiver interesse é contratado.

Há um consenso de que as habilidades são incorporadas gradualmente, a partir do conhecimento. Atualmente na bagagem de mão não podem faltar habilidades digitais.

A década de Noventa poderia ser considerado o marco inicial da era digital e com ela o engatinhar da inteligência artificial.  As próprias máquinas têm sua autoaprendizagem e os jovens que chegaram nesta época assimilaram a novidade, mas sem seu domínio. Até onde chega seu domínio teórico e prático da informática? Com certeza não passa do bê-á-bá.

Aí está o gargalo do processo. O jovem conhece o senso comum da informática, mas não a assimilou.  Na inscrição para o emprego o candidato diz que conhece informática, mas quando exige a aplicação não consegue operacionalizá-la. Logo, falta-lhe treinamento. O novo trabalhador de empresa é um técnico e não um operário.

As mesmas atividades antigas, atualmente são feitas pela informática. Os jovens ao serem inquiridos sobre atividades de mecânicos, soldadores, encanadores, carpinteiros, eletricistas dizem que conhecem após a contratação.  Mecânica, carpintaria, eletrônica e outras atividades agora não são mais manuais ou mecânicas, mas digitais ou automáticas, operacionalizadas através de robôs.

Qual o rumo para a educação? Inverter ou adaptar? Submeter-se totalmente às exigências econômicas da tecnologia da informática? Desconhecer a nova realidade e continuar com uma educação tradicional, mas defasada?

Balançar um meio termo entre o tecnológico e o tradicional.  Adotar um modelo híbrido: após concluir seus estudos secundários o candidato  ingressa numa empresa como aprendiz, estagiário, e após, se quiser,  é admitido plenamente na empresa ou prossegue nos estudos superiores.

 

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