sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

O DEUS DE NOSSOS PAIS. Selvino Antonio Malfatti.

 

 



Será que estamos diante de outro fenômeno literário como “O Nome da Rosa”? Trata-se do livro de Aldo Cazzullo que em 4 meses distribuiu 360 mil exemplares. O título do livro é “O Deus de Nossos Pais”. O que há de extraordinário no livro? Nada, o conteúdo é conhecido por todos e é o mais lido de todos os tempos. O espetacular está na forma como é apresentado. Num linguajar familiar, quase coloquial, contado pelo autor faz da Bíblia uma romance da História do Homem com Deus. Todos sabem o seu final, mas o jeito de abordar cativa tanto que não se quer parar de ler. É um romance que se conhece o enredo e a última cena está em aberto, pois sugere que cada um escolherá.

A História é tão simples que segue a ordem cronológica, mas associando à atualidade, à vida pessoal, grandes acontecimentos da História, obras de arte. Tudo isso como se estivesse acontecendo agora. Tudo num estilo simples, alegre, como se pode ver na citação no final do artigo[i].  

O livro O Deus de Nossos Pais de Cazzullo planta a cultura cristã como o elemento chave que conduz a história. O povo italiano fica de pano de fundo, como o povo hebreu, simbolicamente escolhido como povo de Deus pelo qual a mão de Deus guia a Humanidade. A escolha do italiano poderia ser o francês, alemão ou qualquer povo cristão. Destacamos alguns conteúdos que perpassam a narrativa do autor.

Sem dúvida o alicerce da cultura cristã reside no período antigo envolvendo a base principal que é a herança hebraica, seguidos pela civilização greco-latina. Esta incorporou ao cristianismo sua filosofia, língua e arte.

Com o advento do cristianismo Roma passa o ocupar o centro do cristianismo devido as pregações e martírios de Pedro e Paulo. A partir do Imperador Constantino a Igreja Católica manteve Roma como capital.

O tronco romano do cristianismo lançou seus ramos pelo resto do mundo tornando-se protótipo da arte, arquitetura, catedrais ainda existentes. O cristianismo concebeu em si mesmo uma renovação dando origem ao Renascimento com sua escultura, literatura, músicas, bem retratadas pelo Gênio do Cristianismo de François-René de Chateaubriand.

O autor dá ênfase na espiritualidade no período medieval ao mesmo tempo em que os monges salvaram obras importantes que teriam sido destruídas nas invasões europeias como o mosteiro de Monte Cassino na Itália. Isto salvou a continuidade da educação para toda a Europa.

Outro detalhe importante foi os santos místicos como São Francisco de Assis e Santa Clara que garantiram os valores cristãos e a espiritualidade num período de grande decadência religiosa.

Por último a influencia do cristianismo que exerceu um papel moderador nas guerras entre si de príncipes europeus. Por isso o Deus de Nossos Pais é um romance que conhecemos, mas sempre gostamos de ouvir.

 

 

 

 




[i] I nostri padri erano convinti di vivere sotto l’occhio di Dio: la sua esistenza era certa come quella del sole che sorge e tramonta. Oggi abbiamo smesso di crederci, o anche solo di pensarci. E la Bibbia nessuno la legge più. Invece la Bibbia è un libro meraviglioso. Che si può leggere anche come un grande romanzo. L’autobiografia di Dio. (Os nossos pais estavam convencidos de que viviam sob o olhar de Deus: a sua existência era tão certa como a do sol nascente e poente. Hoje deixamos de acreditar, ou mesmo de pensar nisso. E ninguém mais lê a Bíblia. Em vez disso, a Bíblia é um livro maravilhoso. Que também pode ser lido como um grande romance. A autobiografia de Deus.)

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