Prof. Leônidas Hegenberg.
Este ano comemoramos o
centenário de nascimento de Ele nasceu em
14 de março de 1925, em Curitiba, mas mudou-se jovem para São Paulo, onde se
licenciou em Física e Matemática, em 1950, na Universidade Mackenzie e, mais
tarde, em 1958, em Filosofia, na USP. Fez o mestrado na Califórnia, na
Universidade de Berkeley, entre os anos de 1960 e 1962, e doutorou-se em Lógica
pela Universidade de São Paulo no ano de 1966 com a tese Aspectos do problema de linguagem formalizadas. A sua vida
acadêmica ele a viveu no Departamento de Matemática do Instituto Tecnológico da
Aeronáutica – ITA, onde ingressou por Concurso Público em 1959. Este professor
nos mostrou o valor e importância da ciência e do pensamento lógico.
Na quinta edição de sua
clássica História das ideias no Brasil,
escreveu Antônio Paim (1997, p. 213): “no curso da evolução do pensamento
brasileiro, o tema das relações entre a filosofia e a ciência assume tal vigor
que alguns analistas chegam a supor que esta seja uma questão privilegiada por
excelência.” E para isso muito contribuiu Leônidas Hegenberg, autor de obras
importantíssimas como as indicadas a seguir (CARVALHO, 2001, p. 307): “Introdução à filosofia das ciências (1965);
Aspectos do problema da mudança de
linguagens formalizados (1966); Lógica
simbólica (1966); Equações
diferenciais (1970); Vetores,
matrizes e geometria analítica (1970);
Lógica, o cálculo dos predicados
(1973); Lógica, cálculo sentencial
(1973); Explicações Científicas (1973);
Definições (1974); Lógica, simbolização e dedução (1975); Significado e conhecimento (1975); Etapas
da investigação científica (1976); Simbolização no cálculo de predicados (1976); Lógica (1977); Dedução do cálculo sentencial
(1977); História das ideias filosóficas no Brasil (1978 -
coautoria); Textos e argumentos
(1978); Dicionário de Lógica (1995), Doença, um estudo filosófico (1998) e Saber de e Saber que (2001).”
No
seu livro Explicações Científicas,
que usei algumas vezes como texto de apoio à disciplina Metodologia Científica,
encontra-se uma síntese de seu esforço intelectual. Nele se explicitam os três
grandes questionamentos entorno dos quais ele desenvolveu toda sua atividade
investigativa: qual é o papel da ciência, como considerar o funcionamento do
mundo e, finalmente, quais os fundamentos da ciência. A última questão é de
natureza lógica, incluindo o método, a forma, os modos de pensar, os conceitos
básicos e as características das explicações.
Este pequeno artigo é mais
que uma homenagem e lembrança do intelectual brilhante, homem afável e de boa
conversa com quem convivi décadas. Ele serve para lembrar o quanto seu esforço
de uma vida inteira permanece atual e funciona como alerta em tempos em que os avisos
da ciência são deixados de lado e onde se acha que vivemos apenas para explorar
a natureza e ganhar dinheiro.
A mentalidade moderna
assumiu que a natureza estava aí para ser melhorada e para melhor servir ao
homem. E assim pode ser, mas hoje sabemos que sua exploração econômica tem
limites. E se o controle no mundo moral é essencial, lembrava nosso filósofo
Tobias Barreto, mesmo que a escravidão seja encontrada até na natureza, é moral
que ele não exista entre os homens. Então se no campo moral a natureza precisa
ser mudada a favor de nossa humanidade, quando se trata do mundo da economia
essa exploração é necessária mas limitada. A ida além de certo ponto nos
colocará em crescente dificuldade e eventuais ganhos num momento serão causa de
grandes prejuízos como já nos mostram os eventos climáticos extremos que
começamos a enfrentar.
Que os estudos sobre os
limites da natureza seja mais que um alerta, que eles funcionem como um guia
para as futuras ações da humanidade a favor de nossos netos e descendentes.