sábado, 7 de junho de 2025

SEBASTIÃO SALGADO, À SOMBRA DO PRETO E BRANCO. Selvino Antonio Malfatti.



 


Por ocasião de o presidente Luís Inácio Lula da Silvas visitar o  Estado da  França, ainda se sentia a ausência do fotógrafo franco-brasileiro: Sebastião Salgado, falecido em 23 de maio.

A obra fotográfica de Sebastião Salgado, marcada pelo uso do preto e branco, destaca-se no cenário internacional pelo seu forte comprometimento ético, social e ambiental. Seus ensaios visuais constituem um testemunho da condição humana, retratando trabalhadores, migrantes e populações vulneráveis em contextos de exclusão e desigualdade. Ao aliar estética e denúncia, suas imagens transcendem o valor artístico e assumem um papel crítico e político, promovendo a reflexão sobre questões estruturais da sociedade contemporânea. Nos trabalhos mais recentes, voltados à conservação ambiental, Salgado amplia sua atuação, abordando a relação entre humanidade e natureza. Sua obra, assim, configura-se como instrumento de sensibilização coletiva, propondo um olhar humanista e transformador sobre o mundo.”

Brasil mantém uma longa tradição de intercâmbio franco-brasileiro que continua dando bons frutos. às vésperas de nossa independência em 1816 chegou ao Brasil a Missão francesa, sob o comando de Joachin Lebroton trazendo artistas e artesãos para fundar aqui a escola de Artes e Ofícios depois a Escola Real de Artes. O intercâmbio continua com Oscar Santos do Mont (1873 – 1932),  Niemeyer (1907-2012), o botânico Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1908-2009), a fotógrafa Claudia Andujar, o músico Georges Moustaki (1934-2013), a coreógrafa Lia Rodrigues, a pintora Tarsila do Amaral (1886-1973) e o médium Allan Kardec (1804-1869) entre outros.

A presença de Lula na França foi marcada por festas, Doutor Honoris, fotos na Torre Eiffel decorada de verde-amarelo, reuniões e muita bajulação em que pese o luto do Brasil pelas mortes de Niède Guidon e de Sebastião Salgado. Este um fotógrafo franco-brasileiro e aquela uma arqueóloga também franco-brasileira que levantou a hipótese de africanos terem habitado a América além de asiáticos.

A alma viva, porém era Sebastião Salgado. Abaixo as mais emblemáticas obras suas:

1. Trabalhadores (1993)

Um ensaio fotográfico monumental sobre o trabalho humano ao redor do mundo, especialmente em formas de trabalho pesado e manual.

Mostra mineradores, operários, cortadores de cana, pescadores, entre outros, ressaltando a dignidade e a dureza do trabalho.

2. Terra (1997)

Foca na vida e na luta dos trabalhadores rurais sem terra no Brasil.

Foi feito em colaboração com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com forte conteúdo político e social.

3. Êxodos (2000)

Documenta os movimentos migratórios globais, como refugiados, exilados, deslocados por guerras, pobreza ou desastres ambientais.

Uma obra humanista que ressalta o sofrimento e a resiliência de populações deslocadas.

4. Gênesis (2013)

Projeto que durou mais de oito anos, focado na natureza, nos povos indígenas e em territórios praticamente intocados pela ação humana.

Revela a beleza e diversidade do planeta, funcionando como um alerta ecológico e um tributo à Terra.

5. Amazônia (2021). Conjunto de fotografias feitas ao longo de sete anos na região amazônica brasileira.

A mais conhecida e famosa é Êxodos.




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