sexta-feira, 30 de agosto de 2019

O DESAFIO ATUAL - CIÊNCIA OU RELIGIÃO. Selvino Antonio Malfatti



A pergunta não é tanto se a Religião tem futuro, mas se é justo depositar o sentido de nossa vida confiando apenas numa mensagem que apareceu há apenas dois mil anos, como é o caso do Cristianismo? Por que deveríamos a nos limitar a perscrutar um horizonte limitado?  Como se a história da humanidade pudesse ser circunscrita a um par de milênios?

Na nossa história biológica nada consta de uma origem de seres sobrenaturais, não se alude a uma transcendência. A “estória” de Adão e Eva, em pensadores como William King, não passa de um embuste e um drama bem elaborado. Nossa história humana tem aproximadamente quarenta milhões de anos quando apareceram os primatas, dos quais emerge o ramo humano. Abstraindo as etapas secundárias, chegamos a nós, Homo Sapiens, que começa a pisar o solo terrestre há pelo menos duzentos mil anos.

Por muitos séculos a Igreja católica, por exemplo, valeu-se das teorias de pensadores pagãos para sustentar que os humanos têm o privilegio de viver num planeta criado especialmente para eles. Um planeta fixo, no centro de um espaço delimitado. Na verdade nosso planeta não está parado e navega num espaço quase infinito. A física do universo não é diferente da física da terra. Imaginar um além-paradisíaco no alto dos céus não faz mais sentido. Vender o céu tornou-se uma empreitada quase desesperada. A Igreja pôde sobreviver concentrando-se sobre a vida terrena, aqui e agora, privilegiando formas de assistência social.

Infelizmente estamos presos a esquemas mentais antiquados. Ainda temos pela frente a tarefa de alargamento de nosso pensamento, em relação ao tempo e espaço. Não podemos prescindir de que a vida fervilhava de variadas formas bem antes de nossa existência por que se há sessenta e cinco milhões de anos atrás os dinossauros não tivessem sido extintos, talvez a vida humana nem tivesse emergido.

Dizem que a religião nunca foi tão importante como neste momento histórico. Penso que nos séculos passados a religião era mais importante que atualmente. Condicionava a vida dos seres humanos e formava o espírito coletivo dos povos. Acredita-se que o Senhor caminhava no nosso flanco. Conforme o pensador Mircea Iliade em todos os tempos e em qualquer canto da Terra no coração dos seres humanos arde a chama do espírito religioso. Mas as religiões nascem e morrem. Ocorrerá isto ao cristianismo também?

Afirma de Bortoli que parece que o homem quer substituir Deus pelo Eu. Já o livro de Keith Hopkins “A world full of Gods” (Um mundo cheio de deuses) a invenção da divindade manifesta o desespero de viver e o terror da morte. Para tornar os dias suportáveis um bom álibi é sonhar com uma vida ultraterrena. Mas o problema persiste por que o homem se põe a questão e ele mesmo dá a resposta.

Atualmente teólogos escrevem livros usando antigas imagens travestidas com termos modernos. Sempre as mesmas palavras: sagrado, alma, sobrenatural cuja realidade não consegue dar uma explicação plausível. Se fecharmos os livros e pensarmos o conteúdo, constatamos que não passa de um exercício dialético do qual nada sobra. Já o filósofo Francis Bacon advertia que determinada linguagem, com um saber recheado de eloquência, cria mundos fictícios convencidos de serem reais.
No entanto, não parece tão simples assim. A questão do universo ainda está em aberto. Sobre os seres que nos cercam alguns são criações humanas como carros, computadores, telescópios e outros. Sim são criações humanas desde as mais simples até as complexíssimas. Não surgiram por geração espontânea, mas primeiramente pensadas e depois construídas.
Se saltarmos para a vida, deparamo-nos com células, bactérias, algas, fungos, plantas, animais. Nenhum desses foram criações do homem, ao menos não “ex nihilo”.
Se nos estendermos para o universo ficaremos literalmente boquiabertos. Dentro deste espaço e tempo sem limites, ao menos até agora não se encontraram, coexistem em forma de matéria, planetas, estrelas, galáxias, constituindo o conjunto do cosmos material.

A ideia de evolução atualmente já é consenso que não é restrita ao biológico, conforme Darwin, mas cósmica. Isto é, a matéria está dotada de capacidade de chegar à vida, em todos os níveis, que pode ter acontecido em algum tempo e espaço no cosmos. Daí se disseminou-se pelo cosmos. 

Então, quem desafia: a religião à ciencia, ou a CIÊNCIA À RELIGIÃO. 








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