A COPE30 realiza-se, neste mês, no estado do Pará, em
Belém, na entrada da Amazônia. Vem
sofrendo ataques de dentro e de fora. Os internos são por conta dos
desmatamentos, garimpos, plantações e povoamento. De fora por causa da
poluição, secas, queimadas. As contradições se referem às ações tomadas ou a
serem tomadas. Intervir na Amazônia pode ser um remédio contraproducente: a
ação provocará exatamente aquilo que quer evitar. Por sua vez, a não
intervenção, a ação destrutiva seguirá em frente. Outra contradição é perfurar
poços de petróleo para financiar a transição energética. São ações que apontam
cenários salvíficos, mas provocam a destruição.
O avalista principal da COP é o presidente Luís Inácio da
Silva. Ele mesmo preside a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, a COP30. Por duas semanas os visitantes poderão desvendar os
mistérios da Amazônia, saborear as
comidas e beber o açaí, além de poder conversar face à face com os indígenas e
comprar souvenires.
Todo alegre e sorridente abraça todo mundo, fazendo todos
esquecer que há uma Gaza agonizante, Kiev dronada implacável e cruelmente
destroçada, um Trump ausente. Nada disso agora importa. Tudo é festa tropical! "Enquanto
os gringos dormem, eu vou pescar. Quem sabe, talvez eu pegue um pirarucu!"
Lula vende a ideia de ele ser o defensor do meio ambiente
do mundo através da Amazônia. Afirma que está implantando um sistema de
proteção ambiental global e promete acabar com o desmatamento ilegal até 2030.
Enfim, Lula quer direcionar o foco da COP30 para o meio ambiente através da
salvação da Amazônia.
A ideia difundida popularmente é a Amazônia “pulmão do
mundo”. Passou a ser uma metáfora, dita como fosse uma verdade científica. No entanto, a produção e o respectivo consumo
de oxigênio da Amazônia somam zero, por isso não sobra nada para o resto do
planeta.
Quanto à absorção de carbono. A floresta amazônica, de
fato, é depósito e um sumidouro de gás carbônico, quando não sofreu o
desmatamento e queimadas, isto é, em seu estado original, mas degradada é nula
a contribuição.
A função no sistema hídrico e climático de fato a
Amazônia é um fator crucial: a floresta recicla enormes volumes de água por
evapotranspiração, criando os chamados “rios voadores” — massas de ar úmido que
influenciam o regime de chuvas em todo o continente sul-americano, inclusive no
Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, e até em países vizinhos. A destruição
da desta floresta reduz essas chuvas,
afetando agricultura, energia hidrelétrica e abastecimento de água.
Em relação à biodiversidade e equilíbrio ecológico a
Amazônia abriga cerca de 10% da biodiversidade do planeta. A perda desse ecossistema implica na extinção em massa de
espécies, redução de potenciais medicamentos e recursos genéticos, desequilíbrios
ecológicos com efeitos globais.
A verdade está no meio termo: a Amazônia sozinha não
salvará o planeta, mas sem ela, é praticamente impossível conter a crise
climática global.
Três temas foram centrais nesta COP30: energia, florestas e agricultura. Todos estão interligados presos numa questão que ninguém quer assumir: a despesa. Todos pendurados no mesmo gancho. Um empurra para o outro. Os países do sul dizem que o norte deve se comprometer, pois eles são os maiores poluidores. Os do norte querem que todos ponham a mão na carteira, mas os maiores se negam: Estados Unidos e China. Há pontos bastante controversos nas negociações finais. Segundo o CGN, temas como adaptação climática (indicadores, financiamento) ainda enfrentam resistência, especialmente de países africanos. De acordo com reportagens internacionais, o rascunho final até agora apresentado pela presidência da COP omite uma “rota clara” para eliminar os combustíveis fósseis, o que tem gerado críticas fortes.
Neste empurra-empurra nada se resolve. Não é demérito de Belém. As outras COPs também foram assim. Por isso se pergunta: a COP30 terá o mesmo destino que a COP29 de Baku? Deixar para próxima, a COP31, na Turquia e Austrália? E estas resolverão?