sexta-feira, 15 de abril de 2011

A SOCIEDADE DO COMPARTILHAMENTO - WIKINOMIA. Selvino Antonio Malfatti

Imagens:
1. Comunicações - Brasil
2. Telecom - Portugal




Em cada época e em cada lugar as sociedades depositam a sua força de mobilização em algum elemento. Os antigos gregos tinham esta força na oratória, os romanos no direito, os cristãos medievais na fé, a modernidade na ciência e tecnologia e a nossa época, na informação. Diferenciamo-nos do período anterior por termos um conhecimento e informação aberta, isto é, acessíveis a todos, compartilhados. Basta abrirmos a internet, procurar determinado conteúdo e o encontramos sem esforço e gratuitamente.

O avanço da informática nos últimos tempos foi espantoso. Poderíamos caracterizar estes últimos tempos em três períodos: sociedade industrial, sociedade pós-industrial e a sociedade da informação. Na sociedade industrial predominava tecnonomia, a pós-industrial a logonomia e a da informação a wikinomia, esta última assim denominada pelo economista Don Tapscott, por que o saber e a informação estão disponíveis para todos e compartilhados.

Até pouco éramos um sociedade em que o segredo do saber garantia sucesso na economia, política e na própria ciência. Atualmente já não basta isto. É preciso possuir um saber compartilhado, relacionado, aberto. As grandes empresas não detêm mais “segredos”, mas O SEGREDO, isto é, sabem relacionar-se. A tecnologia que usamos como telefone, televisão, computador não é mais obra de um grupo ou de um país. É feita por vários grupos em diferentes nacionalidades. Uma peça é feita aqui, outra em outro local e outras em países diferentes. Isso tudo foi graças o intercâmbio do conhecimento e da informação: internet, msn, iPad, twitter, facebook, Google nos colocam ao par de informações em tempo real. Posso saber agora, por exemplo, o que uma pessoa em Tóquio, está pensando através do twitter. Vemos e somos vistos em tempo real. Até cirurgias podem ser feitas à distância. Estamos todos num aquário expostos ao público.

O que está sucedendo atualmente é o mesmo que ocorreu no início da idade moderna com a invenção da imprensa por Gutenberg. O conhecimento perdeu o monopólio, espalhou-se por toda parte e popularizou-se. As consequências daquela descoberta foi uma revolução econômica, social, política e religiosa. O mundo medieval desabou.

E quais seriam as consequências do acesso instantâneo e ilimitado ao conhecimento e à informação da nossa época? Podemos começar pelas adjacências, isto é, o que ocorreu e está ocorrendo com sociedades que estavam privadas da informação e de repente a conseguiram. Refiro-me às ditaduras árabes e africanas. Ali, os jovens começaram compartilhar informações, não precisaram mais de líderes, foram às ruas em massa e derrubaram o ditador, como aconteceu no Egito e provavelmente acontecerá o mesmo com outros tiranos. O que eles queriam? Democracia, liberdade, emprego. Queriam uma vida humana. Este era o problema deles.

E dentro de nossas sociedades o que poderá acontecer? O dado mais visível é o problema do emprego. De um lado os idosos são sempre mais longevos e numerosos e, consequentemente, permanecem mais tempo no emprego e quando se aposentam vivem mais. Por outro lado, os jovens chegam à vida adulta e não conseguem trabalho, pois a tecnologia os substitui e os poucos empregos que há estão com os idosos. De um lado estão os idosos com as vagas e de outro os jovens com a informação compartilhada. O que acontecerá? Os jovens se revoltarão contra a tecnologia, como aconteceu no passado? É muito provável que não, pois eles gostam dela. Sobram, então, os que detêm os empregos, os idosos. Adviria, então, “A Revolução dos Idosos” de Frank Schirrmacher?

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