sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O desafio das sombras. Dr. José Mauricio de Carvalho

 



O ano começa mais leve, a perspectiva da vacina contra a pandemia do Coronavírus representa a esperança de uma vida próxima da normalidade nos próximos meses. O ano começa mais leve também pela iminência da posse de Joe Biden, o 46º presidente da história dos Estados Unidos. Com ele o Partido Democrata volta ao poder, mas o que chama atenção nessa transição não é a alternância de poder entre Republicanos e Democratas, o que é uma rotina na democracia americana, mas os novos ares na política da nação mais importante da terra. Esses ares, com certeza, logo alcançarão outros países, purificando o ambiente mundial.

Os tempos de Trump no governo americano foram marcados por um aumento estrondoso de mentiras nas redes sociais. Somente na última campanha eleitoral americana contou-se cerca de 900 mensagens falsas sobre fraudes nas eleições americanas. A conta pessoal do presidente americano foi tirada do ar pelo Facebook por veicular comprovadamente e reiteradamente inverdades. Grupos de supremacia branca, inspirados nas ideias de Trump, passaram a falar livremente contra negros e latinos e a defender abertamente a intolerância contra feministas e homossexuais. Algo semelhante ao que fez o  gabinete do ódio em nosso país, fazendo emergir tempos de obscurantismo que baniu do espaço público o compromisso com a verdade e com aquelas qualidades próprias da pessoa que os romanos denominavam humanitas.

O discurso do ódio aumentou as ações racistas nos Estados Unidos como a que resultou na morte de George Floyd, apenas um caso mais falado entre tantos outros nesses últimos anos. Esse mal se alimentou das redes sociais com os defensores da superioridade étnica e pela propagação da ideia nazista de existir vidas de segunda classe que não merecem ser vividas. O slogam vidas negras importam foi uma reação a tais ideias e práticas. Nesse mesmo espírito de ódio, Trump construiu um muro (ou parte dele) para separar os Estados Unidos do México, implantou uma política isolacionista e xenofóbica contra os árabes, facilitou o comércio de armas em benefício da indústria bélica americana (como fez o governo brasileiro ao liberar a compra de armas e facilitar a sua importação).

A Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, que acompanha a legislação ambiental americana, constatou um programa sistemático de desmantelamento regulatório de proteção ambiental (o equivalente tupiniquim ao passar a boiada do Ministro Sales). O governo Trump anulou 34 leis ambientais, enquanto 33 outras foram tiradas de vigor. Os cientistas alertaram que somente essas medidas aumentariam a temperatura do planeta e provocariam a morte de mais de 80 mil pessoas por ano, ao que Trump respondeu com crítica sistemática à ciência, radicalizando o obscurantismo e defendendo a ignorância e interesses mesquinhos criticando cientistas e ambientalistas.

Quanto aos filósofos foram lançados no vazio, com a exaltação de ideólogos pouco críticos, ficando encantoados na defesa da racionalidade e da inteligência. As boas práticas do raciocínio que foram para as gerações anteriores um ideal a ser buscado tornou-se coisa ridícula. Ainda assim, em meio ao deboche das redes e aos kkkkkkkk diante de qualquer tentativa de raciocínio, coube aos que vivem o compromisso com a verdade seguir as regras da razão e ao imperativo da bondade. Assim tentaram preservar um resto de humanidade e esperança em meio a um ambiente geral de fake news, intolerância e obscuridade.

Apesar desse esforço solitário de alguns poucos, ganhou força a mentira, dita sem constrangimento, abriram o caminho para afirmações sem comprovação ou descompromisso com a verdade. Desse fato consta a negação do aquecimento do planeta. Mentira repetida para atender parte (parece que minoritária) de setores do agronegócio, de empreendimentos imobiliários e das madeireiras, que pouco se importam com os efeitos da destruição ambiental e suas consequências, desde que garantam, no curto prazo, o aumento dos seus lucros.

Quanto ao ódio à ciência e a racionalidade, ele foi impulsionado por Trump com as críticas às medidas de proteção contra o coronavírus, inspirando nosso governante maior a igualmente menosprezar a recomendação das autoridades sanitárias. Trump e Bolsonaro foram os únicos presidentes a receitar medicamentos e prescrever protocolos terapêuticos contra o coronavírus sem possuir formação médica. E nunca foram acusados de prática ilegal da medicina, o que seria feito com qualquer outro cidadão. Então, mesmo sem entrar na relevância terapêutica da droga, ambos defenderam e propagaram a eficácia do uso da hidroxicloroquina para o tratamento e prevenção da Covid-19, que os dois presidentes afirmaram ter tomado sem impedir que fossem contaminados.  Naturalmente a audácia do governante americano inspirou seu fã tupiniquim a também prescrever a droga na prevenção e tratamento da Covid 19, por ele rebatizada de gripezinha.

Nesse novo ano esperamos a vacina, mas ainda mais que ela. Desejamos novos ares com o reconhecimento da validade da ciência e o entendimento de que o compromisso com a razão e a verdade é valor social, bem como o respeito às boas práticas da lógica.  Esperamos um 2021 com abertura para o diálogo racional e paciência para o estudo dos problemas. Razão que anda não só com a ciência, mas ao lado da fé, como sua companheira de jornada. Não para lhe ditar o rumo transcendente em direção a Deus, mas para lhe impedir que, na procura do Altíssimo, entre nos desvios da ignorância, superstição e irracionalidade.


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

CICLO DAS FESTAS NATALINAS. Selvino Antonio Malfatti


 

Há um conjunto de comemorações no período do Natal denominado de cliclo de Festas Natalinas. A maior, para o Ocidente, é  Natal e a de Reis, para oriente. Ambas celebram o Nascimento de Jesus só que em datas diferentes: Natal, 25 de dezembro e de Reis, 6 de janeiro.

As outras do ciclo de Natal são: 

1. No Domingo entre os dias 25 e 1º de janeiro a Igreja celebra a Festa da Sagrada Família

2.  No dia 1º de janeiro, Oitava do Natal, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus.

3. No Domingo, entre 2 e 8 de janeiro, a Epifania ou a Festa de Reis.

4. A festa do Batismo do Senhor, na Igreja Católica, Comunhão Anglicana e outras denominações ocidentais, é relembrada num dia da semana seguinte à Festa de Reis.  

Há um ditado italiano que diz: "La festa dell'Epifania le altre feste porta via" (a Festa da Epifania leva embora as demais festas". Com efeito, a Festa da Epifania encerra o cliclo das festas natalinas. 


FRESTA DE REIS OU EPIFANIA - Narra Mateus:

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. Onde está - perguntaram eles  - o rei dos Judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo.

Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém.

Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias.

Eles responderam: “Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta:

‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo'”.

Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela.

Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: “Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo”.

Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino.

Ao ver a estrela, sentiram grande alegria.

Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-NO. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra.

E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.


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