sexta-feira, 24 de outubro de 2025

PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA. Selvino Antonio Malfatti

 

                                         Imagem "Corriere", cultura.



O escritor húngaro László Krasznahorkai ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2025, tem uma obra caracterizada por um estilo modernista, com romances longos e narrativas que exploram a alienação e o desespero apocalípticos frequentemente ambientados em cenários de desintegração social com estilo marcado por frases longas e parágrafos extensos, abordagem que o crítico considerou como "realidade examinada até a loucura" cujos temas preferidos é a condição humana e a fragilidade do tecido social amalgamado pelo final do comunismo refletido no mais expressivo romance Sátántangó.

Diz ele que na longínqua Idade Média, no meio de ruelas e imensas catedrais buscando nuvens do céu nasce algo novo que até então nunca fora visto nem nos antigos gregos e romanos, nem no Egito ou Babilônia, muito menos no oriente do Nobre Caminho Óctuplo ou Tao nada se compara ao rebento novo medieval chamado de Amor, mas não qualquer amor e sim, o Amor, aquele mais puro que até então ninguém sonhara nem mesmo Salomão no Cântico dos Cânticos o amor de Dante por Beatrice como poderia ser Dulcineia para Cervantes, Shakespeare a Julieta e em Camões uma deusa do amor este amor surgiu lentamente, invadiu os corações dos Cavaleiros e trovadores que cantavam seu amor pela amada, um amor cortês que despertava paixão e devoção, eros e castidade, a presença da mulher perante o homem e o homem perante a mulher que queriam se tocar  sem se tocar, amar sem se amar, ficar longe de quem queriam perto por que queriam o que não queriam e por que queriam o que não queriam?

Havia outro amor mais puro, sublime que atingia os corações dos “poverellos” mendicantes de compreensão mais que de pão que cantavam loas ao Senhor desde o amanhecer ao por do sol abraçando a todas as criaturas como irmãs desde o sol até a morte, provocando a ira dos que não suportavam tanta radicalidade que era impossível viver este amor no mundo mundano, pois batia com todo bom senso e por isso era insuportável a qualquer um menos com o portador deste amor o qual impunha o despojo de tudo, de tudo que não fosse amor e ficar só com o amor, estes dois amores conviveram, mas nunca se encontraram, pois o primeiro amor, o amor pela amada foi vitorioso e o segundo amor, o amor ao Senhor, refugiou-se nos conventos e os dois amores ainda existem como um desejo ideal e prática nas palavras do autor:

“Uma revolução radical em um mundo que continuou sempre sob os vapores vazios dos ideais, sensação de que entre dois corpos ainda pode haver um vestido no meio, que entre dois corpos ainda pode haver uma aldeia no meio, que entre dois corpos ainda pode haver nove paragens de eléctrico no meio, que a pessoa que eu quero está na Lua, enquanto eu estou aqui na Terra, porque é completamente intolerável que entre a carne e a fome ainda possam intrometer-se um garfo e uma faca”.


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