Neste ano o escritor russo
Alexander Baunov publica o livro “O Fim do Regime” denunciando três ditaduras do regime europeu. Trata-se
dos Coronéis da Grécia, de Francisco Franco da Espanha e António de Oliveira
Salazar de Portugal.
Com efeito, na Espanha a
ditadura de Franco forçou a emigração de milhares para a América Latina e
outros tantos para os campos de concentração.
Conta-se em 150 mil opositores fuzilados ou condenados à garrota
(estrangulamento) ou simplesmente assassinados e enterrados em fossas comuns.
Já em Portugal na Revolução
dos Cravos João Oliveira Salazar quando
se torna primeiro ministro e rapidamente implanta Estado Novo, como um regime
Totalitário e Corporativo. A União Nacional assume como partido único de 1932 a
1934. Criou-se a Câmara Corporativa representando os estratos. A seu lado uma
Câmara política e eletiva segundo critérios de censos. Paulatinamente estes
órgãos tornaram-se autoritários impossibilitando qualquer oposição a Salazar.
Por sua vez na Grécia em
1967 o correu o golpe de estado que instituiu a Ditadura dos Coronéis que dura
até 1974. O chefe do novo regime era Papadopoulos, assessorado por um Conselho
Revolucionário. Suprimiu o governo democrático de esquerda e implantou a
Ditadura. As liberdades civis e políticas foram suprimidas, dissolveu os
partidos e exilou a família real.
Alexander Baunov intelectual,
diplomata, e escritor russo denuncia estes três regimes europeus genuinamente
fascistas e totalitários não se referindo diretamente que era o regime de
Moscou de Vladimir Putin em pauta. Afortunadamente a Nomenklatura de Putin não entendeu e pensou que se referia de fato à
Grécia, à Espanha e Portugal. Na verdade, o autor da façanha, Alexander Baunov,
descrevia a corrosão do regime de seu próprio país, a Rússia .
Baunov para comprovar sua
afirmação mostra como o dirigente russo, sem citá-lo, perdeu a noção da
realidade e por isso vive outro tempo, diverso do seu povo. Ele vive uma
realidade mental, mas a sociedade outra.
Seria um sujeito com transtorno de despersonalização.
O livro “O Fim do Regime” sofreu várias
peripécias antes de chegar às bancas. Superada a fase pior antes do público a
partir daí acontece um arrebatamento. Os leitores imediatamente entenderam o
recado e tornou-se best.seller. A primeira tiragem se esgota em poucos dias,
outra em apenas um mês, depois mais três e continua a ser reimpresso.
O livro está sendo um
sucesso principalmente após o início da guerra com a Ucrânia e por todos os
antecedentes. É citado o golpe fracassado de Mikhail Gorbachev em agosto de
1991, presenciado pelo próprio autor.
Putin se assemelha a Franco,
pois ludibriava o povo com uma aparente economia de mercado, mas na prática
autoritária. Putin pode ser considerado sósia político de com Salazar pela
obsessão do segredo de sua vida privada, pelo modo como chegou ao poder sem uso
aparente da força e por subjugar as instituições sem eliminá-las.
O fim do regime está-se antevendo.
O próprio ditador está escolhendo seu sucessor, como fazem todos os ditadores. Os círculos mais próximos percebem seu
isolamento e seu galopante envelhecimento. As restrições morais e legais se
fazem sentir não só no país, mas no exterior.
Por toda parte ocorrem
deserções a críticas contundentes. Enquanto Putin vive sua obsessão pela Guerra
na Ucrânia cada dirigente procura escapar do navio afundando. Pode-se citar a cientista
Tatiana Stanovaya que pinta um homem senescente preso na bolha da burocracia,
enquanto oligarcas como ratos no queijo disputam o poder. Alexandra Prokopenko, ex-executiva do
Banco da Rússia deserta para Berlim e dezenas de outros.
Está patente a decadência
moral de Putin e dos dirigentes russos. A antiga elite cheia de recursos e ambições agora uma
classe de corruptos, ineptos à resiliência e destituídos de visão estratégica.
Agora “uma classe pronta
para trair e se limpar, quando chegar a hora”.