sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A PROBLEMÁTICA DOS PERÍODOS CULTURAIS NA ATUALIDADE. Selvino Antonio Malfatti.





A civilização Ocidental sempre teve momentos ou períodos que marcaram determinadas épocas. Estes períodos possuem um conjunto de características que individualiza a época tornando-a distinta da outra, isto é, sui generis. É por assim dizer, uma metamorfose cultural, em oposição à metamorfose do poeta Ovídio do período da cultura romana. Ele mesmo já identificava eras culturais como a idade do ouro, idade da prata, idade do bronze e idade do ferro. A denominação atual tem outros nomes como: a época de Péricles de Atenas, o helenismo, período romano, o cristianismo medieval, o renascimento, o modernidade, o romantismo (belle époque), o moderno e o pós-moderno.  Agora já ingressamos em outra época cultural: o pós-pós-moderno.
Cada período tem um centro, uma ideia-mãe, um eixo que imanta as demais dimensões.  Por isso, nestes períodos, praticamente todos os aspectos são influenciados. Se analisarmos o período romântico, constatamos que a literatura, a pintura, escultura, a política e até mesmo a religião são românticos. Vejamos, por exemplo, alguns aspectos do período. François René de Chateaubriand escreveu “Le Génie du Christianisme”, obra de cunho romântico para defender a religião católica contra os ataques dos revolucionários franceses. Os revolucionários franceses, por sua vez, embasaram suas ideias em princípios românticos, como igualdade, fraternidade e liberdade. Os cientistas sociais enfatizavam a situação miserável dos pobres e a saída apontada era a distribuição dos bens retirados dos mais abastados.
A passagem de uma época cultural para outra se dá imperceptivelmente. O novo período não se desmembra do outro, apenas toma outra forma tornando-o distinto em relação ao anterior. É como a metamorfose de determinados insetos e mesmo a mutação das espécies.
A transição do pós-moderno para outra fase cultural,  ainda não recebeu denominação definitiva, sendo apenas designado por pós-pós-moderno. Como poderíamos descrever o novo período ? O que constatamos? Velocidade na comunicação, globalização das informações, robótica na produção de bens, era digital,conquista espacial, produção geneticamente modificada, valores (monetários) virtuais, valores (axiológicos) materiais, religião de extremos (radicalismos de uns e ceticismo de outros) são alguns dos componentes do pós-pós-modernismo.
Os períodos culturais são sempre menos duradouros, mais rápidos, podendo emendar algumas gerações. Quando teria iniciado o pós-pós- moderno? Os sociólogos pensam que o pós moderno tenha iniciado em 1979 e seu término ocorrera em 2004, dando início então o pós-pós-moderno. Atualmente, por exemplo, já convivem no mínimo três gerações culturais: a moderna, a pós- moderna e agora a pós-pós- moderna. Diz Daniela Coli, no jornal italiano Corriere della sera (10/0/2015), descrevendo o suceder de momentos culturais:

Nel 1979 Lyotard teorizza la fine dei grandi racconti come l’illuminismo, l’idealismo e il marxismo, perché né il progresso scientifico e tecnico, come prevedeva l’illuminismo, né la progressiva spiritualizzazione dell’uomo immaginata da Hegel, hanno prodotto una nuova umanità, come dimostra p.e. l’Olocausto. Né c’è riuscito il marxismo, un mix di illuminismo e hegelismo rovesciato, che ha prodotto una delle rivoluzioni più sanguinarie della storia e un regime più tirannico di quello degli zar. Per Rorty Dio è morto e i filosofi lo hanno rimpiazzato con romanzi metafisici spacciati per veri e razionali. Un critico della modernità come Strauss, non riteneva però riducibile la filosofia moderna alle metanarrazioni settecentesche e ottocentesche. “ Condorcet e perfino Comte – scrisse a Löwith il 15 agosto 1946 – non volevano rimpiazzare la cristianità: essi volevano sostituire il nonsense con un ordine intellegibile. Ma questo lo volevano anche Descartes e Hobbes. Soltanto quando la querelle fu in sostanza risolta, vi fu introdotta la religione e la cristianità, e questa successiva interpretazione del movimento moderno dominò l’ingenuo e insopportabilmente sentimentale secolo decimonono”.

No entanto, nem todos concordam como é o caso de Carlo Bordoni, no mesmo jornal de 2 de agosto, dizendo que o pós-moderno pode não estar morto, apenas apenas moribundo.

Não admira, portanto, que haja tantas incertezas no mundo atual. As pessoas se sentem perdidas culturalmente. Os referenciais já não são os mesmos para todas as pessoas da mesma sociedade. As novas gerações assimilam rapidamente os avanços culturais e as mais antigas vão ficando para trás. Crianças operam com desenvoltura computadores de última geração enquanto há idosos que nem conseguem sacar dinheiro em caixas de auto-atendimento. 


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