sexta-feira, 4 de março de 2022

BIDEN X BOLSONARO Selvino Antionio Malfatti.

 



 

Dois líderes políticos iniciaram praticamente juntos seus mandatos presidenciais: o norte-americano Joe Biden - LIBERAL SOCIAL e o brasileiro Jair Bolsonaro - LIBERAL CONSERVADOR. Este, do maior país da América do Sul e aquele, do maior país da América do Norte.  O primeiro iniciou seu mandato em 20 de janeiro de 2021, enquanto que o segundo em 1º de janeiro de 2019.

O primeiro alinhando-se à ideologia política Liberal social e o segundo liberal conservador. Parece proveitoso estabelecer um paralelo, pois os da esquerda do Brasil criticam ferozmente Jair Bolsonaro, mas complacente com Biden, enquanto os da esquerda americana não estão nada contentes com seu presidente, mas tecem elogios ao brasileiro. Na disputa eleitoral Biden derrotou um conservador, o republicano, Trump e Bolsonaro um socialista, o petista Haddad.

Biden conseguiu a maioria dos votos em 2021 em relação a Trump, enquanto Bolsonaro ultrapassou em votos seu rival Haddad. Temos uma vitória invertida dos candidatos: um vence um conservador e outro um socialista.

No livro “A aposta de Biden", Massimo Gabbi, constata que o Protetorado do Mundo exercido pelos Estados Unidos não existe mais. Seria aquela liderança que determinados países exerceram em determinadas épocas. Poderíamos citar: os egípcios e assírios, no período pré-helênico. Atenienses e macedônios, pré-romanos. Romanos pré-cristianismo. Império cristão e papado, na idade média. Claro que existiam lideranças políticas nacionais que não acatavam, como os cartagineses no império romano, Tebas e Corinto no período helênico.

Estes países ou sociedades políticas se destacaram como líderes globais entre seus pares. Estenderam suas influências em todas as dimensões da existência humana da época: militar, política e cultural. O declínio destas lideranças geralmente começou a ser minado de dentro para fora, ou pelas lutas internas.

Os americanos exercem esta liderança desde a II guerra mundial. Os vencedores da guerra a almejavam. Os perdedores acatavam-na tacitamente. Mas atualmente o declínio está patente. E a contestação avoluma-se sempre mais. É o que está acontecendo com o Protetorado Americano. Do oriente ao ocidente, de norte a sul do planeta, de nações de Primeiro mundo ao de Terceiro.

Atualmente os americanos de Biden enfrentam duas crises internas: o sistema ideológico bipartidário, pelo qual na prática somente dois partidos chegavam ao poder, com ampla maioria de votos (democratas e republicanos); e a crise econômico-administrativa: classe média se empobrecendo, infraestrutura anacrônica como saúde e defesa.

O presidente americano Biden ainda está convencido que pode retomar a liderança, agora sob outra orientação político-ideológica. Pensa que as políticas neoliberais conservadoras podem ser substituídas por outras de cunho mais social, liberal social, como o relançamento industrial, reabilitação ambiental, proteção social, e uma revalorização da classe média...É uma guinada ideológica, mas sem mexer com os dogmas!

Claro que não inicia na estaca zero. Já na época de Trump este volver à esquerda, para o social, teve início com o pacote de 1.900 milhões de dólares para fazer frente os efeitos da Covid na economia, além de uma política de apoio às famílias. O grande problema, porém, está no setor político interno. É o que ser costuma de denominar de “crise da democracia americana”. Todos estão recordados do impasse da última eleição. O candidato oposicionista Trump não aceitava a derrota, pediu recontagem de votos, acusou os adversários de roubo, desrespeito às regras eleitorais entre outras.

A proposta está na mesa: reformar a democracia americana sob a orientação social. Evidentemente que o diapasão seja o liberalismo, mas até então, ninguém nos Estados Unidos se atreveu: à esquerda volver.

No Brasil, Bolsonaro se apresenta como um liberal conservador, mas nem por isso deixa de enxergar o social. Perdoou a dívida dos estudantes com o Fies e as dívidas das Igrejas, implantou uma renda mínima durante o período da pandemia, substituiu Bolsa Família por Auxílio Brasil, e na esfera internacional comprometeu-se com a defesa do meio ambiente. São alguns exemplos de ingerência de um conservador no social.

Continuará esta convergência de ambos para o social? Ou assumirão suas identidades ideológicas: Biden priorizando o social e Bolsonaro o mercado?

 

 

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