sábado, 21 de abril de 2018

CASTROS FORA DE CUBA,mudança dentro da continuidade. .. Selvino Antonio Malfatti.



A saga começou em 1959, em Cuba, quando a ilha, dirigida pelo ditador Fulgêncio Batista, foi atacada por dois revolucionários: Fidel Castro e Che Guevara. Após ilhares de vítimas, os famosos “paredons”, os dois iniciam aquilo que denominavam as reformas socialistas: redistribuição de terras, educação e saúde públicas, propostas de transporte e alimentação por preços baixos. O Estado passou a controlar tudo e Fidel Castro concentrou todo poder em si mesmo.
Desde a tomada do poder, Castro decidiu afastar-se dos Estados Unidos e a ilha passou para a órbita da URSS, cujo período vai durar trinta anos.
Em 1991, com o esfacelamento da União soviética, esta relação acaba, e Cuba entra numa crise de escassez e isolamento. Castro, então, permite certa abertura para ver se os cubanos conseguem  salvar-se do afogamento. Permitiu-lhes criar pequenas empresas, comprar telefones portáteis, carros e vender suas casas.
Em 2006 o líder Supremo, Fidel Castro, passa o poder para seu irmão Raul Castro, que prossegue na política de liberação da economia. Agora, o poder passa para Miguel Diaz-Canel. A pergunta que se faz: qual a herança da revolução cubana?
Numa democracia isto se poderia denominar de mudança dentro da continuidade. Mas Cuba está longe de ser uma democracia. Nos regimes ditatoriais a dose de continuidade prevalece sobre o da mudança.
No dia 19 de abril deste ano Raul Castro (86), irmão de Fidel,  entregou o poder de presidente do Conselho de Estado a Miguel Diaz-Canel, candidato único e com isto não se fez exceção à regra.
Diaz-Canel, (57), nasceu depois da revolução, e, portanto, não conheceu a não ser o regime castrista. Possui o perfil clássico dos regimes de aparato do tipo da extinta União Soviética.
Na sua formação ostenta o título de engenheiro em eletrônica, professor universitário. Galgou metodicamente todos os escalões do Partido Comunista Cubano (PCC) por trinta anos e ultimamente  integrou a direção. Na sua província, Vila Clara, localizada no centro da ilha. Em 2003 ingressou no diretório do partido, já em 2012  assumiu uma das oito vice-presidências do Conselho de Ministros e no ano seguinte o número dois do Conselho de Estado, abrindo-se lhe a possibilidade de ser sucessor.
As reformas conduzidas através de uma economia de mercado não conseguiu cumprir seus propósitos. Com efeito, incompleta e mal conduzida, produziu o inverso do desejado, isto é, o acirramento das desigualdades, favorecida pela coexistência de duas moedas, das quais somente uma era conversível em divisas estrangeiras, sendo que agora se torna necessário unificar. A diferença de valor se multiplicou por dez no espaço de trinta anos. Depois de conceder meio milhão de licenças de trabalho autônomo
Depois de conceder mais de meio milhão de licenças por conta própria, o poder freou a iniciativa privada em 2017. Querendo evitar a virada do modelo chinês na direção do livre mercado, Castro limitou-se a proclamar a modernização do socialismo.
Diaz-Canel ousará ir mais longe? O mundo econômico ocidental e oriental o recebe com restrições, em que pese a fama de pragmático. Tem apenas a Venezuela como parceira a qual lhe fornece petróleo. E quem mais?





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