sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

O POLARISMO BOLSONARISMO X LULSIMO. Selvino Antonio Malfatti

 



Vários pensadores brasileiros, antes da obra “Structure e Institutions Politiques”, (Dois Brasis), de Jacques Lampert, de que o Brasil de fins do século XIX, não era culturalmente monolítico, mas uma colcha de retalhos. Com efeito, havia o norte com predominância da cultura indígena, o centro-oeste devido à miscigenação com forte influência negra, o sul marcado pelo domínio espanhol.

Esta diversidade regional não impede de ter uma cultura nacional desde que o pluralismo seja o convívio pacífico de diferentes etnias, cosmovisões e moralidades consensuais.

Esta pluralidade cultural acompanhou o país desde o período colonial até nossos dias. Quando colônia, o Brasil foi habitado por portugueses, povo este que abrigou os judeus e mouros. Já na independência juntaram-se os negros e índios. Mais tarde, já no final do século XIX vieram os italianos, alemães, poloneses, árabes e outros povos.

Há alguns que lamentam tal pluralidade de etnias com suas respectivas culturas. Mas isto não é um problema. O que é negativo é querer reduzir tudo “ad unum”, a um pensamento único, um totalitarismo  cultural, a redutibilidade mental ao pensamento único.

Ninguém nega que são necessários alguns princípios e valores comuns, neste caso uma lei comum externada na constituição. A síntese disto se resumiria num respeito inegociável: à dignidade e à liberdade da pessoa e à igualdade de direitos. O contrário seria a ditadura de um partido, de uma classe ou categoria. Mas salvo isto, é benéfica a pluralidade.

No Brasil atual paira no firmamento uma grande nuvem negra. É a polarização entre dois grupos políticos. Não que a polarização em si seja maléfica. O preocupante é o radicalismo. Vamos dar nomes: de um lado está o bolsonarismo e de outro o lulismo. O primeiro é identificado de direita e o segundo de esquerda. Esta disputa pela hegemonia vem de longe, digamos mais precisamente com Getúlio Vargas. O período sucessivo foi marcado pela ascensão do trabalhismo, fundado por Getúlio – o Partido Trabalhista Brasileiro- –PTB-  neste caso o trabalhismo se identificava com o positivismo de esquerda e o getulismo conservador de direita. A radicalização dos dois levou à autodenominada Revolução de 64. Foram então quinze anos de semi-ditadura cujo fim foi a Constituição de 1988. Sucedem-se governos vacilantes marcados por partidos eleitoralmente fracos que precisavam de alianças pecuniárias para governar.

È neste contexto que o lulismo conquista o poder que faz um governo marcado pela tomada do poder de pontos estratégicos – instrumentalizar a sociedade - mormente o ensino superior em maior escala nacional em seguida o médio e primário como consequência da formação docente universitária.

O polarismo lulismo-bolsonarismo nem se pode caracterizar como bipartidarismo, porque foge à divisão ideológica. Ambos são fisiológicos, pois dependem de alianças prevendo vantagens pecuniárias. E muito menos pluralismo cultural. É aquilo que Maquiavel previa: ao findar o interesse de uma parte a aliança pode ser desfeita.

O preocupante de tudo isso é que instalou-se o radicalismo: não há ambiente de parte a parte para diálogo. O fanatismo substituiu a razão. E com isso " é inútil fazer alguém abandonar pelo raciocínio o que não adquiriu pela razão". (Sócrates)

 

 

 

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