sábado, 26 de fevereiro de 2011

VOLTA ÀS AULAS E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA - Selvino Antonio Malfatti


Milhares de estudantes de todo Brasil estão voltado às aulas. Refrescaram a cabeça e agora prontos para o recomeço. Foram emocionantes as cenas divulgadas pela televisão mostrando o reencontro dos estudantes. Abraçavam-se, apertavam-se, beijavam-se e –acreditem – alguns até choravam de alegria!
Eles serão nós no futuro, por isso merecem toda a atenção. Aproveito este momento para lançar um desafio: discutir o modelo educacional brasileiro? Fazer um feedback? Sabemos que as coisas não andam bem para a educação no Brasil.
O Brasil ficou 88º lugar no ranking de 128 países sobre educação, elaborado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Dos critérios utilizados, quais sejam o percentual de crianças entre 6 e 15 anos matriculadas na escola, o índice de analfabetismo, a igualdade de acesso entre meninos e meninas e a QUALIDADE. Este último foi o pior de todos obtendo, numa escala de 0 a 1, valor 0,756 nota característica de países de baixo desenvolvimento. O Brasil ficou atrás de países como Paraguai, Colômbia e Bolívia. Alguns quiseram apresentar justificativas, como o alto índice no crescimento das matrículas, infra-estrutura, baixo preparo dos professores entre outros. Isto explica, mas não justifica...
Por sua vez, as universidades também não estão em situação confortável. A considerada melhor universidade do Brasil, a USP, desceu da 53ª posição para 122ª na ranking “Webometrics Ranking of World Universities”, isto é, a disponibilidade ao público dos conhecimentos produzidos na universidade. Com isso, neste item a USP deixou de ser a melhor universidade da América Latina.
Já no critério de IDH – Índice de Desenvolvimento Humano- o Brasil obteve 0,797 numa escala de 0 a 1. Ficou entre os países de desenvolvimento médio e próximo dos países de alto desenvolvimento. O índice colocou o Brasil ao lado dos países do leste europeu. Os critérios para se medir o IDH são: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão de vida decente.
Mas o problema maior não está neste índice geral, que até foi bom, mas nos regionais. Enquanto sul (o mais alto índice), sudeste e centro oeste praticamente estão enquadrados entre os países de alto desenvolvimento, norte (médio) e nordeste entre os de baixo desenvolvimento. Este último puxou a média nacional para muito baixo.
Na questão dos talentos também decrescemos. É a capacidade de o país de formar, atrair e manter jovens talentos. Em 2007 ocupávamos a 23ª posição entre 30 países e o índice cairá para 25 para o ano 2012. O país investe em talentos, estes se capacitam e vão embora, atraídos por salários, incentivos e valorização melhor que aqui.
Este é um pequeno quadro da educação brasileira. Onde está o problema. Proponho reduzir ao máximo a análise para facilitar. Vamos ver escolas concretas. E para não melindrar ninguém, vamos ficar com uma de resultados positivos. É o caso dos Colégios Militares. No caso do Colégio militar de Porto Alegre. A porcentagem de aprovação dos vestibulandos foi: dos 144 alunos que concluíram o 3º Ano em 2010, 131 prestaram o vestibular. Destes, 81 foram aprovados. Foi também o maior percentual de aprovação na URGS, 61,83%, superior ao recorde anterior, obtido no vestibular de 2008, quando, após a 3ª chamada, atingiu o nível de 61,11%. Isto acontece com as demais escolas militares.
O que têm estas escolas de características em comum e o que as diferencia das demais? Uma constatação que salta à vista é a exigência para que o aluno efetivamente aprenda e não apenas passe. Concordo que se deva facilitar ao máximo para que aprendizagem ocorra, mas nunca abrir mão da aprendizagem. O que se nota é que há confusão entre facilitar a aprendizagem e o exigir de que efetivamente o aluno aprendeu. E se não aprendeu, repete e não dar “mais uma chance”, um trabalhinho (copiado da internet) até que consiga a nota para “passar”.

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