sexta-feira, 13 de setembro de 2019

O ESPÍRITO DA REVOLUÇÃO CUBANA. Selvino Antonio Malfatti.





Acabo de ler o livro A TRAGÉDIA DA UTOPIA, de autoria de Percival Puggina. (A tragédia da Utopia. Santo André, Armada, 2019).

Este livro tem uma característica especial: o autor quis ver in loco a exaltada revolução em Cuba. Em linhas gerais a revolução cubana é mais uma revolução socialista que se propõe botar a baixo o Velho e instituir o Novo. Uns a enaltecem aos céus e outros a condenam às profundezas do inferno. Puggina, porém, não se contentou. Foi buscar in loco o peculiar da revolução cubana. Viajou para Cuba, instalou-se no hotel, fazia refeições em restaurantes, ouvia pessoas, conversava com elas, embora elas nunca se abrissem de verdade, lia o jornal Granma. Observou como trabalhavam, vendiam, compravam, trocavam. Inseriu-se na realidade. Viveu o pós-revolução. Sentiu-a na pele. 

ComoTocqueville que foi procurar a alma da Revolução americana do século XIX, e a descreveu na Democracia da América, Puggina foi testemunhar a verdade da revolução cubana, e a expressou na "Tragédia da Utopia". E o que achou?  A revolução,para a população, um discurso cheio de promessas, idealistas, pílulas douradas com o engodo de mentiras. Para os opositores, a execução no paredon. Perante a opinião pública, retórica filantrópica. para os opositores, diante de qualquer suspeita, execução sem dó nem piedade. Este é o espírito da revolução: ternura retórica e crueldade real.

1.    Líderes da revolução. Os principais líderes da revolução foram: Fidel e Raul Castro e o argentino Che Guevara, e não muitos outros. O poder não se dividia.

- Fidel e Raul Castro. Encarnaram como ninguém o espírito da revolução: retórica e crueldade, travestidos de piedade e ódio. Jactavam-se de salvadores, protetores do povo, mas na prática, tiranos  ávidos de derramamento de sangue. Como destaca Puggina, ainda no torvelinho da revolução, Fidel Castro dirige-se ao povo, mais precisamente às mães, garantindo-lhes que haveriam de resolves todos os problemas sem derramar uma gota de sangue, sem disparar um só tiro. No entanto, a prática evidenciou um comportamento inverso: execuções sumárias, “paredon” para opositores. Oficiais e soldados fuzilados, como no quartel de Moncada, Em la Cabaña 55 foram mortos no paredon. O presente para as madres mais de 500 mortos. Chefes e líderes do regime anterior executados em transmissões ao vivo. Convocavam o povo e pediam aclamação pelas mortes, considerando-as legítimas. E anunciavam perante a opinião pública mundial de ter “a consciência e as mãos limpas de sangue”. Os julgamentos tinham como único critério: justiça de tribunais revolucionários.
Calcula-se que o saldo de mortos na revolução cubana tenha sido aproximadamente de 100 mil.


- Che Guevara.  "É preciso endurecer mas sem jamais perder a ternura:  hay que endurecerse, pêro sin perder Ia ternura jamás," O invólucro de Guevara é digno de um nicho de santo. É acolhedor, afável, palavras ternas e macias. No entanto, nada disso habitava seu interior. Nele habitava o ódio, a insensibilidade, a frieza sem compaixão. A afirmativa de Hannah Arend a respeito do carrasco nazista Adolf Eichmann de que o mal para ele é banal, em Guevara é pior, pois para ele o mal é válido, digno de admiração tanto quanto o bem. Por isso o aclamado herói Guevara, está destituído de qualquer sentimento humano,de remorso, pratica as execuções sumárias, mostrando prazer e orgulho disso.

2.    Admiradores
Sempre que surge algo novo pululam admiradores ávidos de novidades. O Evangelho chama de prurido da novidade. Não deixou de ser com a revolução cubana. Além disso, foi  uma revolução socialista na América podendo ser vista ao vivo e a cores com a possibilidade de ampliar à vontade.
Um dos expoentes máximos de admiração pela revolução no Brasil foi o Cardeal D. Evaristo Arns que chama Fidel de “queridíssimo” e que vê nas conquistas da revolução “sinais do Reino de Deus”.  

Mas ninguém supera o frade Frei Beto em “O Paraíso Perdido”.  Para ele se cumpria a escatologia: surgia, afinal, o Homem Novo, um misto de ternura e crueldade: “O homem novo deve ser filho espiritual do casamento entre Che Guevara e Santa Teresa de Jesus”. O fruto do psicopata sanguinário Che Guevara e a caridosa Santa Teresa. Isto saiu da boca de um religioso. Salta aos olhos o ideal dos revolucionários e admiradores de Guevara. Sem o mínimo de razão crítica associam a santidade à morbidez. Isto dito por um religioso professante da teologia da libertação e apoiado por religiosos e intelectuais, na sua maioria de católicos. Aplaudido pelo público, diria Puggina: “Eu não tenho dúvidas de estes aplausos foram muito mais orientados ao revolucionário Guevara do que à grande santa de Espanha...” E conclui: “QUEM LHE APARECER LOUVANDO O REGIME CUBANO, OU VIVE NUMA CEGUEIRA IDEOLÓGICA, OU É UM PARVO QUE TEM DOIS OLHOS E SE DEIXA CONDUZIR POR CEGOS.”







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