sábado, 1 de maio de 2010

TERRA SANTA - AS MÃES


No próximo domingo, dia 9 de maio, estaremos comemorando o Dia das Mães.
Na Bíblia são centenas e centenas de citações diretas sobre as mães e milhares de indiretas. Todas elas são significativas, mas há uma passagem que particularmente me chama a atenção: o encontro de duas mulheres, ambas grávidas, Isabel de João Batista e Maria, de Jesus. Trata-se do encontro entre Maria e sua prima Isabel.
O local onde ocorreu é uma pequena cidade montanhosa, a 7km de Jerusalém, chamada de Ein Karem. Na mesma localidade fica também a Igreja de São João Batista, que se localiza no vale, enquanto a Igreja da Visitação fica numa colina, onde era a casa de verão de Zacarias, pai de João Batista. A casa de verão de Zacarias não tem nada a ver com o conceito atual. Significa apenas que, no verão, a família não voltava para casa da aldeia depois do dia de trabalho no campo, mas aproveitava ao máximo a luz do anoitececer e do amanhecer para trabalhar, dormindo para isto numa casa situada na lavoura.
Para se chegar ao local do encontro entre as primas percorre-se uma longa escadaria colina a cima até a Igreja. No início da subida encontra-se a chamada Fonte de Maria.
É impressionante o encontro entre as primas. Além da religiosidade, destaca-se o elevado grau cultural de ambas. Isabel, esposa do sacerdote Zacarias e Maria, esposa de um carpinteiro José, demonstram um patamar cultural admirável. Com efeito, Isabel era esposa de um sacerdote e provavelmente com ele elevou-se culturalmente. Quanto à Maria sabemos que recebeu a educação através de seus pais, Joaquim e Ana. Com efeito, após o seu nascimento, os pais de Maria, a consagram ao Templo. E foi aí, junto aos sacerdotes, que Maria aprofundou-se no conhecimento dos livros sagrados e da ciência da época.
Ao se encontrarem, ambas expressam conhecimentos que vão muito além de pessoas comuns. Isabel, simplesmente diz que é honra demais para ser visitada pela Mãe do salvador e chama Maria de bem-aventurada porque creu!
Maria responde com o famoso Cântico de Maria, o Magnificat, como é conhecido, repleto de conhecimentos e profecias. O mais impressionante neste Cântico é que Maria reconhece que será mãe do Salvador e responde ao “bem-aventurada” de Isabel, dizendo que, por isto, será chamada de bem-aventurada por todas as gerações.
Geralmente no Dia das Mães se passa a idéia piega de mães exclusivamente dedicadas aos filhos. Com efeito, são isto também, mas as Mães, na cultura judaico-cristã, não são sinônimos de enfeites, cozinheiras, babás, mães de filhos, ou mesmo escravas de marido, como em algumas culturas. São pessoas de ponta na cultura, de fronteira científica, empreendedoras, inseridas radicalmente como sujeito no mundo em que se vive. São mães, sim, mas também cidadãs e profissionais.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

TERRA SANTA - RELIGIÃO E INTOLERÂNCIA









É impossível dissociar Terra Santa de religião. O fenômeno religioso se constitui num dos aspectos mais significativos do homem.
Perseguimos a hipótese de que é muito provável que a religião tenha surgido para atender a fins sociais, isto é, para impor eficácia às normas de condutas coletivas. O Decálogo, com certeza, é um protótipo disso, da mesma forma que o Código de Hamurabi, as Tábuas de Conjurar assírio-babilônicas, o Livro dos Mortos, todos, esforços para organizar a vida social. Mas quem poderia dar legitimidade a estas leis e colocá-las num patamar inatingível pelas próprias autoridades políticas do hic e nunc, isto é, dos governantes do momento histórico? Por que a tentação dos governantes é abolir as leis que eles acham que os prejudicam ou os impem de realizar seus desejos, como culpar a burocracia, os poderes judiciário e legislativo, a imprensa e “cosi via”. Por isso, acertadamente, a estratégia foi atribuir às normas um caráter divino, uma natureza sobrenatural, qual seja, as leis seriam emanadas da vontade de um deus.
Na Terra Santa nos deparamos com duas etnias: judeus e muçulmanos, filhos do mesmo pai: os primeiros dizem-se descendentes de Isaac e os segundos de Ismael, ambos filhos de Abraão, mas de mães diferentes. Os primeiros darão origem ao judaísmo e os segundos ao islamismo. Ambas as religiões compõem atualmente, juntamente com o cristianismo, as três grandes religiões monoteístas. O judaísmo influenciou o cristianismo e ambos influenciaram o islamismo. Precisamente são estas religiões predominantes na Terra Santa.
Estas três religiões originam uma disfuncionalidade de comportamentos de alguns de seus membros, setores ou facções entre si e diante das demais. Como o bicho da seda, fecham-se sobre seu proprio casulo e passam a condenar tudo o que estiver fora de si. A doutrina, as normas ou crenças tornam-se exclusivistas anatematizando in limine nos outros tudo o que não for igual à sua crença. Disso nasce a intolerância e agressividade. Os cristãos organizam cruzadas para atacar os islamitas. Estes invadem a Europa para atacar os cristãos e judeus. Judeus atacam cristãos e islamitas e estes aqueles. A intolerância religiosa no período medieval e ainda atualmente em muitos lugares transforma a convivência religiosa num verdadeiro estado hobbesiano, de guerra de todos contra todos
O grau de agressividade e intolerância supera a todas as expectativas. E por conta disso, os turistas ou peregrinos sentem-se desprotegidos. Cada religião tem seu próprio território e impõe suas leis. Como exemplo, podemos citar a visitação ao Santo Sepulcro. Não se tem nenhuma regra, valendo a lei do mais forte, do empurrão, da xingação, do “furo” das filas, da gorjeta. É um caos e um perigo, como a comemoração da liturgia do fogo na semana santa. Todos os anos são eminentes tragédias de proporções imprevistas ameaçando os turistas e peregrinos. Nenhuma religião se preocupa, ou melhor, parece que cada uma torce para que aconteça algo trágico no território da outra religião.







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