sexta-feira, 28 de agosto de 2020

SONHO E REALIDADE DO HOME OFFICE . Selvino Antonio Malfatti- professor titular aposentado da UFSM.

 


Quando o Home Office, antes do Cobiv-19, era apenas uma possibilidade, uma prospecção, diga-se, uma hipótese, os efeitos perversos não se evidenciavam e ansiava-se, por isso, para vivê-lo na realidade. Imaginava-se um m undo de tempo liberados, solto das amarras do tempo e lugar, uma vida de trabalho livre, imaginado desde os tempos remotos nos quais máquina e homem juntavam-se no dia a dia no cumprimento das tarefas profissionais. Pensava-se que o novo mundo podia ter suas desvantagens,  mas eram facilmente superáveis. Previam-se as principais mudanças: as formas contratuais e as tarefas. Mas, com generalização da pandemia, tudo mudou e acordados dos sonho escancarou-se a nova realidade.

O Forum de Davos, de 2020, previu uma redução de 7.1 milhões de vagas de trabalho, a maior parte nos setores administrativos. No mesmo período haveria um aumento de 2 milhões de vagas no setor de tecnologia, matemática e engenharia. Vê-se que a defasagem seria de 5,1 milhões de vagas de trabalho.

A tendência continuava sendo a substituição do homem pela máquina nos postos de trabalho, aliás, a constante desde a Revolução Industrial.

E se olharmos para uma previsão mais futura, para a década de trinta, ocorrerá até mesmo a substituição do homem pela máquina em setores que se poderia considerar monopólio da atividade humana: agricultura, pesca, manufatura e até mesmo o comércio.

Projetou-se para os setores de educação e saúde ainda eram imunes. Os cuidados com a saúde, mesmo as coadjuvadas pela tecnologia biomédica parecem que por ora não poderão dispensar a presença humana no atendimento do paciente. Da mesma forma na educação pareia que, por enquanto, não se poderia dispensar professores de quadro-negro. Menos ainda provável se podia imaginar a substituição de um psicólogo por uma máquina de auscultar na terapia. No entanto, as consultas por vídeo conferência estão aí. Eu mesmo já utilizei.

No entanto educação e saúde foram os setores que mais foram afetados pela atividade virtual. As aulas passaram a ser ministradas por vídeo conferência, wbcam, zoom, lives  e outros programas disponibilizados aos alunos. Deixaram de ser presenciais e passaram a virtuais. Na época questionou-se  se a política estava preparada para tal guinada?

A educação e a saúde estão prevendo estas mudanças e provendo o fechamento das lacunas? O poder público, o Ministério da Educação e Ministério da Saúde, estão atentos a estas demandas que baterão à porta? O que se está fazendo para preparar as próximas gerações perante as demandas que estão chegando rapidamente?

Com a chegada da pandemia o comércio foi um dos setores que mais rapidamente reagiu até chegar ao e-comércio. Sempre mais empresas estão investindo sobre as vendas online através de entregas diretas ao consumidor drive thru. Gerentes administrativos de e-comércio atualmente já estão consagrados.

Somos hoje em dia uma sociedade informatizada, desde os celulares, até os computadores de grandes empresas administrativas. Cada minuto são criados, imaginados e compartilhados milhões de dados. Os bancos transformaram-se em online, Bastou um aplicativo para que o bando coubesse na mão de cada cliente.E até mesmo dados ultrassensíveis  são difundidos, como cirurgias à distância.

O que ninguém esperava é que estas mudanças viessem compulsoriamente. Bastou uma pandemia para mudar tudo. Isto aconteceu em meados de março de 2020. As principais empresas transferiram dispensaram seus empregados de seus escritórios e deixaram as tecnologias separadas de seus operadores. Trabalhadores em casa e tecnologia nos escritórios. Os empregados passaram a trabalhar remotamente de dentro de suas casas.

No Brasil, 20,8 milhões de pessoas passaram a trabalhar no regime de Home Office, aproximadamente 22,7% dos postos de trabalho. Profissionais ligados à ciência e intelectuais logo se adaptaram, seguidos de diretores e gerentes, de apoio e administrativo e técnicos de nível médio.

Quando os empregados, agora em casa, que são também pais, maridos, filhos, genros etc. abrem seu laptop, imediatamente duas crianças postam-se uma de cada lado e começam as perguntas. Enquanto isso, a esposa, na mesma situação, pergunta da cozinha:

- O que faço para almoço?

A partir daí começa o calvário, os efeitos não desejados do Home Officer? Listados, quais os mais citados:

- A DESPREPARAÇÃO para operar as máquinas. Nem todos estão preparados, além disso, há desproporção de aprendizado. Uns dominam mais outros menos. Daí nasce um descompasso no ritmo de trabalho e produção entre uns e outros.

- SINTOMAS “DAS SOMATIZAÇÕES”.  Problemas digestivos, ciclo de sono, alimentação, descanso. As pessoas começam a perceber o aumento dos níveis de colesterol, triglicerídeos. Apresentam-se problemas de artrose e perda de mobilidade.

- HORÁRIOS ESTENDIDOS. As pessoas passam a trabalhar mais, na hora de refeições, viagens, descanso, lazer. Estão continuamente conectadas ao trabalho. Antes o trabalho tinha um lugar e um tempo. Agora é contínuo em toda parte. Agora voltamos para solidão, sem encontros informais e conversas na roda de café.

- ALÉM DO TRABALHO PROFISSWIONAL soma-se outros, como tarefas escolares dos filhos, teletrabalho, videoconferências, tudo ao mesmo tempo.

- DESMOTIVAÇÃO. O estresse e a monotonia das atividades deixam de ser atraentes e ja se tornam monótonas.

 

 

 

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