sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Filosofia e Ciência precisam dialogar. Selvino Antonio Malfatti.









Sem diálogo, conversação, entendimento mútuo, uma relação matrimonial não sobrevive. Entre eles, o mais importante, é o entendimento. Muitas vezes este é tão importante que precisa ocultar-se. Para obter uma mudança é preciso aparentar que não se sabe. Se eu quiser que o outro tenha mais contenção nos gastos, peço-lhe sugestões de como poupar.
Assim é na relação entre filosofia e ciência. Entre ambas deve reinar o máximo de compreensão. À filosofia cabe a iniciativa, enquanto que o prosseguimento cabe à ciência. A filosofia pergunta por que os objetos caem? A ciência busca a resposta e diz-lhe que é por causa da gravidade. A filosofia pergunta se é somente aqui ou em toda parte? A ciência responde que é em toda terra. A filosofia pergunta se é somente na terra? A ciência responde que em todos os corpos que possuem massa. Como é em cada um, pergunta a filosofia?!
 O DIA LOGOS – ΔΙΑ ΛΟΓΟΣ . Diálogo (andar em direção), significa o progresso do conhecimento. A cada pergunta da filosofia, a ciência responde. E a filosofia faz mais perguntas e a ciência responde. É nisso que o conhecimento progride.
É o que propõe o físico italiano. Carlo Rovelli,com o título de seu último lançamento : «Ci sono luoghi al mondo dove più che le regole è importante la gentilezza»,(Há lugares no mundo onde civilidade é mais importante que as regras). Outro livro dos mais famosos é : Che cos´è la Sicenza la Revoluzione di Anassimandro. E o best-seller: Sete Breves Lições de Física.
Rovelli já esteve no Brasil participando do Programa: Fronteiras do Pensamento, Porto Alegre, maio de 2017.
Esta ideia de profunda relação entre filosofia e ciência é pensamento recorrente para o físico Rovelli. Para tanto apresenta como testemunho o pensamento do filósofo grego Anaximandro. Ao contrário de todas as demais civilizações antigas – egípcias, maias, chinesas e babilônias, - que pensavam o mundo como um céu por cima e uma terra embaixo, os gregos, através de Anaximandro, tinham outra concepção: a terra é uma gigantesca pedra navegando no espaço tendo um céu que continua sob os nossos pés. Esta concepção filosófica deu origem às descobertas científicas de Copernico, Galileo, Newton, Einstein e inúmeros outros. Na maioria das vezes todo cientista é também filósofo e vice-versa, como Kant, Pitágoras, Aristóteles, Descartes e inúmeros outros. Por outro lado, os povos que possuem grandes filósofos também possuem grandes cientistas.
Aliás, foram os gregos que delinearam praticamente as fronteiras de cada conhecimento ou ciência através da filosofia.
Rovelli dá mais exemplos desta íntima relação entre filosofia e ciência. Em Aristóteles encontrou várias teorias válidas para a ciência atual. O tempo, por exemplo, não é o mesmo em tudo. Há vários níveis, alguns físicos, outros apenas mentais ou mnêmicos. Para nós, por exemplo, o tempo é uma emoção de um contínuo fluir e que tudo termina. Mas onde comprovar esta afirmativa? De momento é só um pensamento filosófico-emotivo, mas a ciência poderá ou não comprovar.
No progresso do conhecimento a iniciativa quase sempre cabe à filosofia e a comprovação à ciência, mas ambas são necessárias: iniciativa e comprovação para que haja conhecimento.

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