Em abril terá lugar na Itália um encontro da União
Europeia Budhista italiana. 
É sempre um bom auguro uma aproximação de uma
culturas multissecular oriental com outra ocidental. Isto vem ao encontro de uma
hipótese: há um liame entre a cultura oriental e ocidental.  
Na cultura ocidental surgiram determinadas normas
morais concretas e históricas deram origem a valores permanentes e universais,
isto é, à ética. Podem ser encontrados vestígios destas normas em outras
culturas, como na Ásia e na América. São exemplos da primeira o Código de
Hamurabi, da Babilônia, e o código de Manu, da Índia. Trata-se de um conjunto
de preceitos religiosos, morais e mesmo jurídicos os quais buscam a defesa da
pessoa, do homem principalmente no que diz respeito a sua pessoa, vida e
propriedade. Nessas culturas já emerge a famosa dita “regra de ouro” que
estabelece a reciprocidade de direitos: não faças ao outro o que não queres que
te façam. Esta regra consta em Confúcio, na China, e no poema
Hindu Mahabarata. Já na américa os incas também tinham seus preceitos
religiosos-sociais ao estabelecer que não se deve roubar - a ética da
propriedade- não se deve mentir- a ética da verdade- e a proibição da preguiça
- a ética do dever de subsistência através do trabalho.
E precisamente uma das culturas orientais que mais
se aproxima do cristianismo e judaísmo ocidental é o Budismo. 
Hinduísmo e Budismo. Era praticado por casta
hereditária de letrados, que, embora não tivessem cargos, atuavam como
conselheiros ritualistas e espirituais para indivíduos ou comunidades. Era uma
sociedade de castas, as quais formavam uma ordem hierárquica, cujo topo era
ocupado pelos brâmanes. Depois vinham os guerreiros, comerciantes, agricultores
e por fim os trabalhadores. O intercâmbio entre as castas era proibido.
Acreditavam na reencarnação e como todas as religiões orientais eram místicos.
Os brâmanes constituíam um centro em torno do qual gravitava toda a organização
social. Os brâmanes, educados nos Veda, era o estamento plenamente aceito. O
budismo era constituído por monges contemplativos, mendicantes e errantes. Eram
considerados membros integrais das comunidades religiosas. Os demais eram tidos como inferiores, objetos e não sujeitos de religiosidade.
Destacaríamos dois aspectos do budismo. 
1.   
As grandes
Verdades: 
  As
Quatro Nobres Verdades: 
- a
existência do sofrimento universal, 
- a causa
do sofrimento, 
- a possibilidade
de extingui-lo, 
- e o
caminho para extingui-lo através da: 
Reta Compreensão, Reto Propósito,
Reta Palavra, Reta Ação, Retos Meios da Subsistência, Reto Esforço, Reta
Atenção, Reta Meditação.
2. Os Mandamentos: (Entre parêntese colocamos o
correspondente judaico-cristão).
1º Não mateis. Respeito a todo ser
vivente. (5º)
2ºNão
roubeis, não furteis. Deixai que cada qual goze do fruto de seu trabalho. (7º)
3ºEvitai
toda impureza e sede castos em tudo. (6º)
4ºNão mintais.
Dizei discretamente a verdade, com suavidade e prudência, de modo a não
ofender. (8º)
 5ºNão murmureis, nem sede eco da maledicência.
(8º)
Não jureis
nem blasfemeis. Falai com decência e dignidade. (2º)
6ºNão
percais o tempo em conversações ociosas. Falai coisas proveitosas ou calai. 
7ºNão tenhais inveja nem cobiça. Alegrai-vos com a felicidade alheia.
8ºPurificai
vosso coração de toda malícia. 
9ºNão
tenhais ira nem rancor, nem ódio mesmo contra os que vos caluniem e vos queiram
mal. Sede bondade e benevolência com os seres viventes. 
10ºLibertai
vossa mente da escravidão da ignorância, e aprendei a verdade para não cairdes
no ceticismo nem no erro.
 Comparando com os Mandamentos Judaico-cristãos
salta à vista as semelhança e algumas diferenças. Os Mandamentos budistas
surgiram 600 anos depois de Cristo e o Decálogo há mais de 3500 anos. 
“Os mandamentos são normas para as
comunidades, o caminho moral e ético que deve ser seguido. O Cristianismo
adotou os mesmos mandamentos do Judaísmo, e estes permanecem em incrível
semelhança, havendo diferenças diminutas, como por exemplo, a citação do amor
de Deus  no  Cristianismo 
que  é  inexistente 
no  Budismo;  e 
a  abstenção  de drogas 
e  álcool inexistente no
Cristianismo. Embora o Budismo não coloque a devoção a Deus, evidencia a
orientação de não desrespeitar as Divindades, quando exorta a não blasfemar.
São Mandamentos   no   Budismo:  
não   matar,   ser  
compassivo,   dar   e  
receber   com generosidade,
abster-se de drogas e álcool, na adulterar, ser casto, não mentir, não
caluniar, não jurar, não blasfemar, não cobiçar, não invejar, purificar o
coração da ira e aprender a verdade (KHARISHNANDA, 1998, p.99-159). No
Budismo  temos mandamentos de  conduta 
que não  dizem respeito  a verdades universais, como por exemplo,
abster-se de álcool. Ora, exagerar no álcool é sem dúvida um grande empecilho
no desenvolvimento espiritual como em qualquer outro desenvolvimento da vida,
tais como trabalho, família e convívio social. Mas o Budismo estabelece
abstenção total 
devido os grandes prejuízos que
provocam na mente para a prática da meditação, pois o álcool provoca agitação mental impedindo a concentração. Já no Cristianismo temos: Amar a Deus
sobre todas as coisas, não matar, não roubar, não cometer adultério, não caluniar, não
cobiçar a mulher do próximo, não tomar o nome de Deus em vão, honrar pai e mãe,
não jurar falso testemunho, honrar o próximo (Dt 5,1-21).Todos os  mandamentos do  Cristianismo praticamente se aplicam  a verdades universais,  pois 
o   objetivo  Cristão 
é  a   simplificação   de 
regras   para a   comunidade, 
em oposição às numerosas regras do Judaísmo”
(UNIVERSIDADE DO VALE DO ACARAÚ -
UVAFACULDADE DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DO NORDESTE – FAETENCURSO DE LICENCIATURA
PLENA EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃOSEMELHANÇAS ENTRE O BUDISMO E O
CRISTIANISMOContribuições Ecumênicas do Oriente para o OcidenteFrancisco
Adalberto Alves SobreiraMaranguape/ CE20058, p. 41-41)

 
 
 
 
