sexta-feira, 11 de outubro de 2019

IDEOLOGIAS, FAKES E FOFOCAS. Selvino Antonio Malfatti.



Ingleses e americanos batizaram o Fake News e os brasileiros  inventaram a Fofoca. O Fake News tem uma longa história, desde Tarquínio o Soberbo aos nossos dias, e se caracteriza em difundir notícias falsas. A Fofoca não tem data de início preciso, mas as primeiras notícias de fofocas são originárias de reuniões em locais exclusivas de mulheres, como de lavadeiras ou cozinheiras, sem querer dizer com isso que são originárias delas. Existe muito homem fofoqueiro escondido por aí.

No Brasil, fakes e fofocas se confundem e nem sempre se consegue separá-las. Vejamos algumas: D. Joao VI herdou a fama de comedor de coxinha de galinha, D. Carlota Joaquina teria se envolvida com numerosas aventuras extraconjugais. De D. Joao VI ainda se diz que escondeu uma filha bastarda. D. Pedro, alvo também de fakes, contra atacava espalhando notícias falsas em jornais usando pseudónimo. Já no período getuliano, na eleição entre Eurico e Eduardo Gomes, este num discurso falou em “malta de desocupados”. Os partidários de Eurico difundiram a ideia que se referia a trabalhadores “marmiteiros, negros, espíritas, pobres e mulheres que trabalham fora de casa”. Eduardo Gomes foi derrotado.

Provavelmente foi com a eleição de Jair Bolsonaro que recrudesceu a difusão de Fofocas e Notícias falsas e a radicalização ideológica. Os perdedores, despeitados pela derrota nas urnas, depois de quinze anos no poder, foram para o ataque na mídia. Os vencedores, acuados pelos perdedores, revidaram contra atacando. No momento assistimos a uma verdadeira guerra civil virtual entre perdedores e vencedores, transpondo o limiar de fakes e fofocas, para ingressar no campo ideológico e agressão moral e física.

Pode-se dizer que a eleição do Presidente do Brasil. Jair Bolsonaro, bem como seu governo, provocou um divisor de águas nas redes sociais entre partidários da ideologia liberal-democrata e os da ideologia socialista de várias colorações: os primeiros, favoráveis ao Presidente e os segundos contra. Estes últimos atacam sistematicamente o presidente e seu governo e os favoráveis defendem-se justificando os atos do Presidente. Já se perdeu a neutralidade da análise e os dois lados se engalfinham numa luta de destruição do adversário.
A análise poderia abranger vários enfoques como econômico, educacional, política externa, ações sociais entre outras. Devido à presença de Bolsonaro à reunião da ONU e sua fala inaugural, destacamos alguns tópicos como protótipos de divisores político-ideológicos. O discurso presidencial privilegiou a Amazônia. 

Atacou a internacionalização, defendeu a soberania, acenou para a integração indígena, condenou a globalismo socialista e defendeu a cooperação. Atacou o interesse estrangeiro dizendo que sua presença na Amazônia não é para defender o índio, mas interesse pelas riquezas.
E o ataque à politica ambiental de Bolsonaro serviria, como exemplo,  é utilizar-se de argumentos colocados na boca do Cacique Raoni Metuktire afirmando que:  
- os índios seriam povos originários da floresta;
- seriam portadores de sabedoria ancestral;
- preveriam o futuro da natureza e humana;
- grande tradição da humanidade (espíritos, vida, floresta, rios e toda natureza);
- implantariam uma nova cosmologia e biologia etc

Os partidários de Bolsonaro se perguntam: é possível um índio filosofar desse jeito, usando argumentos de uma filosofia oriental? E acrescentam:
- Os presidentes antecessores eram socialistas, desviaram milhões de dólares, comprando parte da mídia e parte do parlamento;
- O objetivo último seria vencer a eleição, instalar um poder absoluto e totalitário
- A previsão não se cumpriu e por isso estão inconformados por que foram julgados e punidos.

O que acontecerá se os espíritos não se apazigarem e a paz não voltar? 





Postagens mais vistas