Na posse, Trump edita os principais pontos de seu programa
de governo[i]. Todas as medidas afetam
mais aos estrangeiros que seu próprio país. Ele quer não só a América para os
americanos, mas o mundo para os americanos ou domínio do mundo.
De imediato ergue um “muro” que se estende do Golfo do México (da América conforme Trump) ao oceano pacífico como fronteira da América. A justificativa é proteger seu país de “traficantes de drogas e criminosos e estupradores” que corrompem a pureza do sangue de seu país. Abole as antigas alianças abrindo caminho para o expansionismo, tal como o Canal do Panamá, cedido por Jimmy Carter o qual acreditava na equidade nas relações entre as nações. Trump crê apenas no vantajoso e quando uma aliança deixa de ter as razões de quando foi criada pode ser rompida, conforme Maquiavel. Quão longe estamos da Aliança para o Progresso de John F. Kennedy, em 1961!
O apetite de Trump pela expansão do domínio exterior é
ilimitado e insaciável. Até mesmo em assuntos estranhos. É o caso do
questionamento da soberania no canal do Panamá. Em que pese a promessa de
acabar com as guerras nada justifica sua ingerência em estados autônomos como a
Groenlândia dinamarquesa que, qual o Panamá, reivindica interesse estratégico.
Às vezes assume um ar profético como um Moisés apontando para a Terra
Prometida. Para tanto conclama os cristãos, mormente os evangélicos para que
votem nele e tudo está resolvido.[ii]
A aproximação de Trump com os bilionários como ele e não
com políticos de seu país antevê a inauguração de uma república oligarca
econômico-científico-tecnológico. A presença de Elon Musk lhe garante este
objetivo. É mais tranquilo aliar-se a donos das redes sociais X e Space X que
nada objetam em questões de transgênero que enfrentar os debates na câmara e no
Senado. O expansionismo obedece a uma lógica maquiavélica com a ausência de
regras ou abolição das existentes abre o caminho para o dono da lei e das
regras. Oxalá as demais nações democráticas não sigam seu exemplo. Ficou evidente o móvel de sua política externa:
"Não seremos conquistados, não seremos intimidados". Pelo visto nada
detém sua tirania de príncipe. Para chegar a seus objetivos vale tudo: armas,
taxas, deportações, protecionismo.
Neste contexto entram as tarifas. Estas fazem parte da história
econômica dos USA. Desde os Pais Fundadores a questão perpassa os governos
americanos. Tanto o secretário de estado (para nós seria Ministro) Thomas
Jefferson e seu secretário do tesouro Alexander Hamilton são frutos do
iluminismo. Ambos participaram da Revolução Americana, mas são
ideologicamente contrários um do outro.
Thomas Jefferson defendeu os interesses agrários do sul, Alexander Hamilton defende
os interesses industriais do norte. A tradição Jeffersoniana é pelo laissez faire,
livre comércio, governo limitado. Seu oposto Hamilton defende o protecionismo,
indústrias domésticas. Trump se encaixa nesta tradição. Para tanto impõe as
tarifas afastando os importadores querendo desenvolver a indústria doméstica.
Daí seu lema: “amo as tarifas”. O problema foi o estrago que as tarifas causou às
economias mundiais e, por tabela, a própria. Agora está voltando atrás não “motu
próprio”, mas pela pressão internacional e de seu país.
Os outros itens de seu programa estão em andamento. Deportações em massas, aos milhares, pressão sobre o judiciário para que não proteja os imigrantes, atritos com o Panamá, Dinamarca e Canadá. Nada de acordos sobre clima e saída da OMS.
[i] Emergência nos limites entre Usa e México,
deportação em massa e imediata de imigrantes ilegais, fica abolido o “ius soli”
da cidadania americana, o golfo do
México passa a denominar-se Golfo da América, saída do acordo do clima de
Paris, saída da Organização Mundial da Saúde, fim do incentivo para automóveis
elétricos, fim da proibição de perfuração no Alasca, fim dos limites de
concessões de licenças para o petróleo e atividade mineral, fim dos
investimentos na energia renovável, a administração federal reconhece só dois
sexos: masculino e feminino, os cartéis de drogas passam para a categoria do
“organizações terroristas estrangeiras”
[ii] E
mais uma vez, queridos cristãos, saiam de suas casas e vão votar; só desta vez;
você não precisará mais fazer isso. Vocês não precisarão votar novamente no
futuro, meus lindos amigos cristãos. Eu te amo, eu sou um cristão, eu te amo;
Saia de sua casa e vote. Em quatro anos, você não terá que votar novamente.
Teremos organizado tudo, para que você não precise mais votar.