sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Giorgio Galli - o estudioso dos sistemas bipartidários incompletos: Selvino Antonio Malfatti - pós-doutorado em Ciência Política.

 


 

As ciências humanas acabam de perder uma dos maiores pensadores de sua área: Giorgio Galli, professor da Universidade Estatal da Itália, em Milão. Nasceu em Milão em 10 de fevereiro de 1928 e faleceu em Camiogli em 20 de dezembro de 1920. Tinha 92 anos. 

Sua tese fundamental é sobre o sistema político italiano. Acha que é um sistema bipartidário incompleto. Os dois maiores partidos italianos, a democracia cristã e o partido comunista italiano, eram até o década de Noventa os candidatos naturais para formarem as maiorias partidárias e disputarem a Presidência do Conselho. No entanto, nem a Democracia cristã conseguia maioria absoluta (para ser maioria aboluta teria que conseguir 50% dos votos)  e só atingia 35% e nem o Partido Comunista, que fazia em torno de 29%.  A Democracia cristã alia-se ao partido socialista que faz uma média de 22% dos votos, forma maioria e deixa de fora o partido comunista. A alternância não se forma e a democracia cristã, eleição pós-eleição, exclui o partido comunista. Nisso consiste o bipartidarismo incompleto de Galli.

Isto vem ao caso com a celeuma criada na eleição americana, cujo modelo é de um sistema bipartidário completo, considerado perfeito, para ano qual só dois partidos formam maioria e absoluta, nem assim mesmo evitou a crise, apesar de tê-la superado.

Na Itália, logo após a derrota do Fascismo tem início a ação de reconstrução do Estado. Já durante o conflito, e pressentindo-se seu fim, nos bastidores do Vaticano organizava-se uma força política, sob a liderança de Alcide de Gasperi, para substituir o regime fascista. Se este regime totalitário estava em decadência, outro, também totalitário estava em ascensão, o comunismo. A nova organização católica devia ideologicamente ser capaz de apresentar-se como alternativa de ambos. O Fascismo, derrotado militarmente,  politicamente apresentara-se como uma alternativa ao liberalismo, propondo substituir a representação política pela representação econômico-profissional. Não eram os cidadãos e seus interesses que se deviam representar, de conformidade com a doutrina liberal, mas os diversos grupos econômicos. O Fascismo na Itália ideologicamente apresentava-se como uma força política capaz de pôr fim ao atraso econômico. Culpava o liberalismo pela defasagem econômica em relação aos demais países da Europa, pois, no liberalismo, tudo devia obedecer ao “laissez faire”. Em substituição ao “deixar fazer” era preciso introduzir o “obrigar fazer” propunham os mentores do Fascismo.

No entanto, outro regime rondava a Itália no fim da II Guerra Mundial. Tratava-se do comunismo. A Europa  tinha alguma experiência dele, e o que se sabia era o que acontecia no Leste Europeu e o que chegava da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas- URSS. Este regime também se apresentava como uma alternativa ao liberalismo. Em vez da representação, o comunismo propunha a vanguarda operária, encarnada no partido. O partido era a voz da maioria e ele gerenciaria o Estado. Economicamente propunha a coletivização dos bens de produção a proibição da propriedade privada e uma economia livre de lucros.

O modelo do bipartidarismo imperfeito irá encontrar outro inimigo, o interno, que o levará à bancarrota. Trata-se da currupção endêmica que tomará conta de todos os partidos e pessoas de todos os partidos, mesmo fora do trinômio Democracia Crista, Partido Socialista e Partido Comunista, cujo início tem lugar com a prisão do socialista Mario Chiesa, feito prisioneiro sob a acusação de envolvimento com o crime organizado. Neste momento começa o movimento Mani Pulite ou Tangentopoli que sacudirá todo o sistema político-partidário, levando à sua completa reformulação, inclusive com o fechamento dos partidos da Democracia Cristã e Socialista, os quais, com o concurso de outros três partidos, menores formavam o pentapartido da chamada Primeira República.(GALLI, Giorgio. Mezzo Secolo di DC.  Milano,  Rizzoli, 1993, p. 418)

Também neste caso, pelo o que acontecia no Leste Europeu e pelas notícias chegadas da URSS, o preço do regime era alto demais. Milhões de pessoas sacrificadas, outras tantas deportadas, bem como desaparecidas. Era o regime totalitário, da desolação, no qual até mesmo a consciência era invadida. Por isso, Galli mantém distância com o comunismo revolucionário, totalitário, fora da Europa.

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