sexta-feira, 17 de maio de 2019

A universidade e seus caminhos.José Mauricio de Carvalho – Academia de Letras de São João del-Rei.



A universidade pública brasileira está sofrendo ataques nas mídias sociais por parte de apoiadores do atual governo. O que ali se observa resulta de cada um postar qualquer coisa, não importa se descabida, grosseira, inadequada ou pior, baseada em falsas notícias ou numa perspectiva míope da realidade.
Ter opinião em assuntos públicos não é problema, a democracia se constrói com elas, mas isso somente é verdade quando essas opiniões se estabelecem sobre fatos e buscam esclarecer as diferenças. Apenas nesses casos o debate e as opiniões diferentes podem produzir algo bom para uma sociedade. Porém não é isso o que está acontecendo, especialmente desde as últimas eleições: a mentira, a violência, as falsas notícias se tornaram comuns.
As discussões são importantes porque instruem a opinião pública numa democracia. Porém se não houver um debate respeitoso, reconhecendo as posições do outro, não se cria um ambiente razoável, pois em que pese diferenças internas uma nação precisa de consensos e não pode viver fraturada. Porém, o que vemos nessas críticas à universidade é a insinceridade, a desonestidade, a mentira e o ódio. Isso estimulado por um indivíduo intelectualmente medíocre, mas guindado a superstar por gente do governo e aos quais parece boa estratégia vilipendiar as pessoas de quem discorda.
No caso em questão, o problema não é essencialmente o corte de verbas, dificuldades financeiras podem levar a isso. O que é terrível é que o governo tente justificar esses cortes, desqualificando o que se faz nas instituições públicas de ensino superior. E essa decisão lamentável dos governantes mobilizou certo número de seguidores que se manifestam favorável ao governo, não importa a matéria e a forma. Parece que essa é a forma mais simples de ser estúpido. Outro dia verifiquei que, em duas horas, um indivíduo replicou mais de trinta notícias falsas envolvendo as universidades.
Não se pode dizer que a universidade brasileira esteja acima de erros, coisas inadequadas ocorrem dentro de seus muros. Em todos os lugares há gente decente e outras nem tanto. No entanto, quando o coronel do exército responsável pela guarda de armamento no Rio de Janeiro foi pego desviando armas, não surgiram postagens dizendo que não se comprasse mais armas para o exército. E o que dizer dos militares que fuzilaram uma família honesta matando o chefe, um músico trabalhador e honesto? O que faz um agente público em situações assim é corrigir erros, identificar e punir responsáveis e não destruir uma instituição importante pelo erro de um de seus membros.
No caso em questão, a universidade pública brasileira é responsável não apenas pelo ensino de qualidade, seus cursos estão entre os melhores do país, mas também é ela a grande promotora da pesquisa científica sistemática, ela mantém os melhores cursos de pós graduação, além das ações de extensão. Note-se que o Brasil não é como outros países que, além das Universidades, possuem muitos e diferentes institutos de pesquisa. Prejudicar o funcionamento da universidade irá afetar o ensino, as pesquisas e produtos fundamentais para o futuro da sociedade brasileira.
Nesse sentido, a sociedade precisa se mobilizar para defender a instituição, o que vai além de reclamar recursos que a mantenha funcionando corretamente. Creio que isso pode começar a ser feito, pesquisando a massa de teses ali desenvolvidas, verificando os serviços prestados e os resultados das avaliações dos estudantes que frequentam o ensino público universitário. A apreciação honesta desse trabalho é a maior arma contra a mentira, o ódio e a propaganda ideológica que desaparelha o país para enfrentar os novos desafios que a vida traz.




7 comentários:

  1. As discussões sao importantes, tem que haver diálogo, ter conhecimento.

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  2. Avaliar, conferir resultados, fazer uma avaliação honesta sem o calor das discussões desnecessárias.

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  3. Havendo uma discussão séria e honesta, poderão fazer grandes mudanças para que as universidades voltem-se totalmente a formação integral do cidadão.

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  4. Temos grandes mestres nas universidades, pessoa que preparam os jovens,estes devem ser reconhecidos.
    Temos outras que não estão cientes da responsabilidade, destilam veneno.

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  5. Um processo de mudanças sempre trás estas discussões.
    Mas o tempo vai organizando.

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  6. A universidade deve ser para produzir conhecimento, fazer pesquisas, mudar realidades.
    Hoje o tempo dos mestres, responsáveis por orientar gerações estão perdidos e distantes.
    Precisamos sim desconstruir o que temos, assim melhorar e voltar as raizes do saber.

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  7. Tudo vai andar e se organizar, todo governo muda as prioridades.

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