sexta-feira, 27 de outubro de 2017

O Individualismo liberal e o niilismo existencialista. Selvino Antonio Malfatti.





Na concepção liberal, o individualismo é no sentido de libertar cada ser humano das cadeias que o prendiam dentro do sistema feudal em suas várias dimensões: política, econômica, religiosa, moral e jurídica. Foi de propiciar às pessoas a possibilidade de fazer suas escolhas de como viver em sociedade. Em nenhum momento negou-se a vida social, ao contrário sempre se a pressupôs. A meta era como sair do estado de natureza (sem nexos sociais) para viver em sociedade. O individualismo liberal quer uma convivência social pautada pela racionalidade.
Por sua vez, uma parcela do existencialismo - o ateu, como em Jean-Paul Sartre - nega qualquer liame social pulverizando os indivíduos. Para esses, o lema é “proibido proibir”. . Então, cada um pode seguir seus próprios impulsos e instintos. Deste pensamento emergiu uma desconfiança generalizada sem esperança de salvação. Os valores são abolidos, aliás, o único valor é apropria vontade. Neste afã, os indivíduos lançam-se ao consumismo e na busca de compensação nos bens materiais. Como consequência nasce uma sociedade psicopática, “impolítica”, que se alimenta da raiva social. Termos, então, um ambiente que cada um individualizou para si o conflito e ao mesmo tempo tornou-se incapaz e administrar os problemas. Tudo o que se opuser à satisfação individual deve ser destruído. Esta proposta de um existencialismo nihilista produz o “abestamento” social, o único guia comportamental é o instinto.
Em hordas ou individualmente estes grupos destroem tudo o que encontram pela frente: praças e calçadas, ornamentações. Jardins e árvores são arrancados ou pisoteados.  Picham prédios e residências, sujam calçadas, inclusive fazem necessidades em locais públicos. Todo cidadão evita-os.
Onde estão o uso de álcool e drogas é generalizado.
Famílias não podem mais usufruir de lugares públicos como praças, pois estão tomadas de pessoas nuas, outras fazendo sexo explicitamente e publicamente. Associam todo tipo de droga com prostituição, tanto homo como heterossexual.
Armas de fogo ou armas brancas são vistas ostensivamente , com fogos de artifício e explosivos
Veículos com capôs abertos e som ligado às alturas. Nas redondezas ninguém consegue ter sossego e muito menos descansar. Carros em alta velocidade colocando em risco pessoas e outros veículos. Quem se atrever chamar atenção é agredido brutalmente.
Todos são obrigados a desviar ou se afastar destes grupos ou indivíduos. É o que está acontecendo com boa parcela de nossa sociedade. Para eles o importante é viver o agora, sem se importar com os demais. Valores são abolidos como ponderação, respeito, bom senso. Ninguém pode atravessar seu caminho. Ninguém pode negar nada. O objetivo deles é usufruir ao máximo de si, dos demais e do ambiente.
Há esperança de sair deste estado hobbesiano?  Pode-se pensar num abandono pacífico destes princípios, ou através de um rígido stalinismo, ou, quem sabe, os acenos neonacionalistas? Qual a alternativa capaz de romper o círculo vicioso?
Se analisarmos a fundo a questão o problema reside não só na ignorância como no “abestamento” social. Alguém pode ser ignorante, mas não agir como irracional, guiado pelos instintos. Abestamento social é quando uma determinada sociedade abandona a racionalidade e se deixa guiar pelos instintos. Neste sentido por mais ingênuo que pareça, a única saída ainda é a tradicional, isto é, instituir a racionalidade pela educação e ensino na produção de bens, serviços, cultura, informações, como afirma o sociólogo Mauro Magatti, no livro Mudança de Paradigma.
 
. É preciso contrapor a racionalidade ao abestamento. Se alguém disser que determinado produto é artístico, submeta-se ao critério racional e não ao emotivo. Por que o nu do Davi de Miguel Ângelo é uma obra de arte? E outros nus não são? Por que, aplicando-se a análise racional, se chega a esta conclusão. O objetivo de Miguel Ângelo não é o erotismo, mas a beleza da criatura humana, como obra prima divina.

Evidentemente que isto não acontece do da noite para o dia. Leva tempo. Talvez a geração que inicia não veja os frutos. Mas é preciso algum dia iniciar.

8 comentários:

  1. É mesmo que não aproveitemos a sombra de uma árvore, devemos plantar, outros aproveitarão.

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  2. Uma reflexão maravilhosa, explicação perfeita. Obrigado.

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  3. Toda verdade, claríssimo, Parabéns.

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  4. Chega a ser doentio este individualismo.

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  5. Então isto tudo tem nome, muito bom saber.

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  6. Palavra corretíssima, estamos no
    Abestamento.
    Somos bestas, está é a verdade, trocamos valores, valorizamos coisas.

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  7. Miguel Ângelo, a beleza da criatura, a pessoa e sua perfeição, a exposição patrocinado pelo banco, um lixo que quiserem impor,afronta e desrespeito a sociedade.

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