sexta-feira, 30 de maio de 2025

AUDIÊNCIA - A NOVA DEMOCRACIA -. Selvino Antonio Malfatti.

 

 


Há democracia de notáveis, somente os nobres votam; de elite, nesta só nos ricos votam; de massas, todos votam.

Agora surge outra: Democracia de AUDIÊNCIA.  (Sociólogo Edgar Manin - Os princípios do governo representativo). Nesta recebe mais votos o que mais brilha, encanta. O que faz mais espetáculo.  Desfiles de candidatos, passeatas, shows, carreatas, carros de som, danças, coreografias. O brilho da apresentação.

Como se manifesta concretamente a democracia de audiência

Personalização da política

A atenção dos eleitores se volta para as figuras dos candidatos, mais do que para os programas partidários. Líderes carismáticos ganham destaque, e a imagem pública se torna central. A relação entre governantes e governados passa a ser mediada pela mídia, especialmente pela televisão (e, mais recentemente, pela internet).

Primazia da comunicação midiática

O debate político se desloca para os meios de comunicação de massa, onde os eleitores são "audiência" de um espetáculo político. O sucesso de um político depende da sua capacidade de comunicação, de conquistar a opinião pública, e não apenas da fidelidade partidária ou do debate programático.

Declínio da centralidade dos partidos

Os partidos continuam existindo, mas perdem parte de sua função tradicional de formação ideológica e mobilização de base. Os eleitores se tornam menos fiéis a partidos específicos e mais suscetíveis a mudar de voto conforme a performance individual dos candidatos.

Eleitor como espectador

O cidadão-eleitor se comporta mais como um espectador crítico do que como um participante ativo do processo político. A política se transforma num espetáculo de comunicação, e a deliberação pública se torna fragmentada e superficial.

Campanhas centradas em imagem e opinião pública

As campanhas eleitorais se apoiam em estratégias de marketing político, uso de pesquisas de opinião, slogans e apelos emocionais, reforçando uma lógica de consumo: o eleitor "escolhe" um candidato como um consumidor escolhe um produto.

Em resumo:

A democracia de audiência é uma forma de democracia representativa onde os cidadãos se relacionam com os representantes através da mediação da imagem e da comunicação, não mais por meio da identificação partidária ou da participação ativa em estruturas coletivas. Essa transformação altera a natureza da representação política, reforçando a centralidade do indivíduo e da performance no espaço público.

A reflexão do sociólogo Bernard Manin constata que houve e há erosão da representação política tradicional. Observa que os partidos políticos e os políticos perderam a capacidade de estruturar a vontade popular de forma eficaz. Isso leva ao enfraquecimento do vínculo entre eleitores e representantes. As instituições políticas representativas ficaram fragilizadas. E por isso estão ameaçadas. Quais as ameaças?  

Esses pontos revelam que a democracia contemporânea está se afastando de seus fundamentos representativos e deliberativos, abrindo espaço para formas de governo autoritárias e tecnocráticas. O que mais promete na mídia é mais aplaudido daquele que promete o possível. O político de audiência fala bonito e encanta sem compromisso com a verdade, como por exemplo:

“Deus deixou o sertão sem água porque sabia que EU ia trazer!”

 

 

10 comentários:

  1. Caro colega, a democracia passa atualmente por dificuldades, mas creio que é o único regime capaz de conduzir a sociedade para frente de forma equilibrada. Alternativas autoritária e totalitária são piores.

    ResponderExcluir
  2. A verdade claríssima, sofremos, mas continuamos sem saber votar.

    ResponderExcluir
  3. O eleitor se comporta como um expectador muito mal informado, se encanta pelo circo e esquece que as mudanças de um país dependem de suas escolhas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Verdade, votam no encantador, aquele que diz bobagens e se acha o salvador da Pátria.
      Nada a reclamar, são escolhas.

      Excluir
  4. Acredito que os políticos perderam o foco de suas responsabilidades, devem representar seus eleitores, não somente o partido.

    ResponderExcluir
  5. Enfraquecimento total, nenhuma conexão dos políticos com seus eleitores.

    ResponderExcluir
  6. Eleitores totalmente alienados, na eleição passada, na minha região, um político candidato, totalmente enrolado em várias denúncias, ganhou mais votos que nos anos anteriores.

    ResponderExcluir
  7. A figura do candidato, ditado antigo, quem vê cara não vê coração.

    ResponderExcluir
  8. Este aí do sertão sem água já está mostrando quem é, o povo agora está conhecendo a figura.

    ResponderExcluir
  9. E saber contentar os cidadãos, nobres, elite ou a população em geral?
    É difícil, mas o voto distrital faria a diferença, ou não?

    ResponderExcluir

Postagens mais vistas