sexta-feira, 25 de julho de 2025

"A VIDA É BELA". Selvino Antonio Malfatti


 





Quem não viu o filme “A vida é bela” com o artista Roberto Benigni? Ele tentando salvar o filho transformava as situações mais dramáticas em cenas alegres e hilariantes como as gincanas cujo prêmio seria um canhão? Pois bem, agora Benigni, foi ao ar pela RAI externando a beleza da Europa através do programa e livro: “O sonho: a Europa despertou”. Neles apresenta uma Europa bela!

Há um detalhe que escapa a quem não sabe a língua italiana. O significado de “belo” no italiano. São dezenas e dezenas de sentidos. Lembro que minha esposa e eu viajávamos de trem pela Itália e estava escrito em todos os acentos do trem: il treno pulito è più bello. Ela me perguntou o que significava. Disse que a tradução era que o trem limpo é mais bonito, mas tem dezenas de outros sentidos. Apalavra “bello” em italiano é como “coisa” em português do Brasil. Pode usar para tudo.  A palavra diz tudo e não diz nada. É evanescente, abstrata. Sabemos o sentido no contexto, mas não sabemos o que seja. Para o italiano “bello” é a vida, ouvir música, escutar uma notícia, é um vestido, um filme, um olhar, sentir-se perto, amado, uma ideia e assim ao infinito. É uma coisa.

No monólogo na TV e no livro “A Europa desperta” Benigni defende uma união europeia bela. Quer uma União Europeia de identidade, valores, desafios. Para Benigni é maior utopia criada pelo homem nos últimos 5.000 anos. É um caso único da História.

A União Europeia foi fundada sobre os pilares da paz, justiça, liberdade, igualdade no núcleo da integração. Queria que os horrores da guerra fosse página virada.

Benigni ressuscita o sonho dos fundadores no seu Manifesto do Ventotene (1941), tendo como protagonistas Spinelli, Rossi e Colorni e mais tarde Alcide Degasperi. Seu sonho era uma Europa não de agora, mas futura, tal como a União Europeia de hoje.

Para tanto distingue nacionalismo e patriotismo. Patriotismo reflete um amor saudável e humano pelo país; o nacionalismo transita para o oposto — um amor cego e agressivo que pode mascarar intenções autoritárias alegando “amor à pátria”.

Os orçamentos europeus privilegiam mais gastos com armamentos do que o bem estar da população. Deve-se reverter. Para tanto  criar um exército europeu e com um parlamento efetivo. Isto aumentaria a união real.

A arte é uma língua universal e por isso deveria ser mais incentivada, pois traria mais amizade entre os povos. Benigni recorre à arte para reforçar a mensagem política — citando Chaplin e Eve Merriam, ele convoca uma retórica que vai além de “coisas que fazem as pessoas dizer ‘isso é uma m...’” e apontam para alternativas construtivas. Benigni faz um apelo poético-político: a União Europeia é um sonho valioso e uma necessidade histórica; fruto de valores humanos e da coragem que surge das crises. “Mas esse sonho exige coragem, fantasia, realismo institucional e um norte claro» — para que perante o nacionalismo e o ceticismo não se volte à barbárie. Se falharmos, “a alternativa será um conflito ilimitado”.

Enquanto refletia sobre a União Europeia me veio à mente o Mercosul, cambaleante, cheio de nacionalismos, egoísmos, rivalidades, egocentrismos. Cada um por si e os outros que se danem.

Faremos nós um dia um Mercosul belo?

8 comentários:

  1. Filme maravilhoso, emocionante.

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    1. Este filme é uma lição de vida, saber enfrentar as adversidades, sorrir mesmo quando queremos chorar.

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  2. Perfeito este artigo, é Bello.

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  3. A União europeia deve se esforçar para defender os pilares da justiça, liberdade e igualdade.

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  4. Mercosul é um projeto que não deu certo,
    precisa de união, responsabilidade e muito boa vontade.
    Todos precisam deixar suas vaidades.

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  5. A vida é Bella, o filme que me encantou, uma lição de vida.

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  6. Mercosul poderia ter sido uma alavanca para o progresso.dos países membros.

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  7. Devemos ter esperança de que o Mercosul um dia será realidade, sem egoísmos, rivalidades e nacionalismos.

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