Quem não viu o filme “A vida é bela” com o artista Roberto
Benigni? Ele tentando salvar o filho transformava as situações mais dramáticas
em cenas alegres e hilariantes como as gincanas cujo prêmio seria um canhão? Pois bem, agora
Benigni, foi ao ar pela RAI externando a beleza da Europa através do programa e
livro: “O sonho: a Europa despertou”. Neles apresenta uma Europa bela!
Há um detalhe que escapa a quem não sabe a língua
italiana. O significado de “belo” no italiano. São dezenas e dezenas de
sentidos. Lembro que minha esposa e eu viajávamos de trem pela Itália e
estava escrito em todos os acentos do trem: il treno pulito è più bello. Ela me
perguntou o que significava. Disse que a tradução era que o trem limpo é mais
bonito, mas tem dezenas de outros sentidos. Apalavra “bello” em italiano é como
“coisa” em português do Brasil. Pode usar para tudo. A palavra diz tudo e não diz nada. É
evanescente, abstrata. Sabemos o sentido no contexto, mas não sabemos o que seja. Para o
italiano “bello” é a vida, ouvir música, escutar uma notícia, é um vestido, um filme,
um olhar, sentir-se perto, amado, uma ideia e assim ao infinito. É uma coisa.
No monólogo na TV e no livro “A Europa desperta” Benigni
defende uma união europeia bela. Quer uma União Europeia de identidade,
valores, desafios. Para Benigni é maior utopia criada pelo homem nos últimos
5.000 anos. É um caso único da História.
A União Europeia foi fundada sobre os pilares da paz,
justiça, liberdade, igualdade no núcleo da integração. Queria que os horrores
da guerra fosse página virada.
Benigni ressuscita o sonho dos fundadores no seu
Manifesto do Ventotene (1941), tendo como protagonistas Spinelli, Rossi e
Colorni e mais tarde Alcide Degasperi. Seu sonho era uma Europa não de agora,
mas futura, tal como a União Europeia de hoje.
Para tanto distingue nacionalismo e patriotismo.
Patriotismo reflete um amor saudável e humano pelo país; o nacionalismo
transita para o oposto — um amor cego e agressivo que pode mascarar intenções
autoritárias alegando “amor à pátria”.
Os orçamentos europeus privilegiam mais gastos com
armamentos do que o bem estar da população. Deve-se reverter. Para tanto criar um exército europeu e com um parlamento efetivo. Isto aumentaria a união
real.
A arte é uma língua universal e por isso deveria ser mais
incentivada, pois traria mais amizade entre os povos. Benigni recorre à arte
para reforçar a mensagem política — citando Chaplin e Eve Merriam, ele convoca
uma retórica que vai além de “coisas que fazem as pessoas dizer ‘isso é uma
m...’” e apontam para alternativas construtivas. Benigni faz um apelo
poético-político: a União Europeia é um sonho valioso e uma necessidade
histórica; fruto de valores humanos e da coragem que surge das crises. “Mas
esse sonho exige coragem, fantasia, realismo institucional e um norte claro» —
para que perante o nacionalismo e o ceticismo não se volte à barbárie. Se
falharmos, “a alternativa será um conflito ilimitado”.
Enquanto refletia sobre a União Europeia me veio à mente
o Mercosul, cambaleante, cheio de nacionalismos, egoísmos, rivalidades,
egocentrismos. Cada um por si e os outros que se danem.
Faremos nós um dia um Mercosul belo?
Filme maravilhoso, emocionante.
ResponderExcluirEste filme é uma lição de vida, saber enfrentar as adversidades, sorrir mesmo quando queremos chorar.
ExcluirPerfeito este artigo, é Bello.
ResponderExcluirA União europeia deve se esforçar para defender os pilares da justiça, liberdade e igualdade.
ResponderExcluirMercosul é um projeto que não deu certo,
ResponderExcluirprecisa de união, responsabilidade e muito boa vontade.
Todos precisam deixar suas vaidades.
A vida é Bella, o filme que me encantou, uma lição de vida.
ResponderExcluirMercosul poderia ter sido uma alavanca para o progresso.dos países membros.
ResponderExcluirDevemos ter esperança de que o Mercosul um dia será realidade, sem egoísmos, rivalidades e nacionalismos.
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