sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Papa Francisco, uma benção em tempos difíceis. José Mauricio de Carvalho

 



Temos vivido tempos difíceis. Não porque o mundo não tenha mais máquinas e apetrechos que tornaram a rotina menos custosa, mas porque as categorias com as quais pensávamos a realidade já não servem para entender a realidade emergente. Assim, direita e esquerda, conservador e progressista, cristão e não cristãos, não são mais a mesma coisa de cinquenta anos. Numa Guerra do Estado Islâmico contra um ditador cruel e sanguinário, não há o que apoiar ou dizer quem está certo. E o que dizer da reação de Israel contra um grupo terrorista e sanguinário? Como apoiar a Guerra em Gaza? Como condenar a ação do governo de Israel depois da agressão que sofreram?  Nesse mundo confuso, cheio de contradições e paradoxos, a figura débil do Papa Francisco, sua voz sensata e suave exortando a paz é um sopro de equilíbrio. Apesar das diferenças que temos precisamos viver em paz. A guerra propaga o sofrimento e pode levar ao fim da humanidade.

Temos vivido tempos difíceis. Não porque não seja necessário estudar o passado, compreender suas lições, aprender com seus erros, mas porque muita gente resolveu repetir aquela vida. Uma nova vida pede novas respostas, mas alguns passaram a chamar conservadorismo a perseguição aos homossexuais e outras minorias, a condenar políticas públicas de ajuda aos mais pobres. Esses anacrônicos repetem Caim (Gn. 4, 9): “por acaso sou guarda do meu irmão?” Sim, responde o Papa Francisco, nossa consciência deve nos responsabilizar pelo destino dos irmãos mais frágeis. Não porque somos iguais, não precisamos sê-lo, mas porque é necessário preservar a dignidade do outro. Lembra-nos Tiago (2:14-17): “Assim é a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” Ou ainda mais claramente o disse o Mestre de Nazaré (Jo. 4-20): “Se alguém declarar: Eu amo a Deus, porém odiar a seu irmão é mentiroso, porquanto quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não enxerga.” Obrigado Papa Francisco por mostrar que se responsabilizar pelo outro é princípio ético necessário e não comunismo.

Temos vivido tempos difíceis. Não porque não se possa encontrar na fé uma resposta transcendente para a realidade, mas porque a fé em Deus, em Cristo para os cristãos, não significa abandonar a racionalidade, a ciência ou o estudo. Uma fé somente é autêntica se for meditada e não contrariar as regras da natureza, nem a fraternidade. Essa última é a raiz de todos os modelos éticos do ocidente. Assim, uma fé que desdenha a ciência e não considera as críticas de uma razão sensata, evolui para uma teocracia fanática e irracional, contrariando a evolução axiológica, jurídica e política do ocidente. E o tradicionalismo que daí emerge, longe de ser fé pura e verdadeira só serve para justificar uma moral irracional. É o Papa Francisco a voz equilibrada da fé que defende a Ciência, a Filosofia, a moral meditada e dialoga com outros religiosos de boa vontade. Francisco defende as religiões que tornam as pessoas melhores para Deus. Isso não significa abrir mão de sua fé e das verdades cristãs, mas o reconhecimento de que Jesus não é de ninguém. Francisco segue o mestre que diante da reclamação dos discípulos, surpreendeu com uma resposta inusitada (Mc. 9, 40): “Quem não é contra nós, está a nosso favor”. 

Temos vivido tempos difíceis, não porque as igrejas não possam ser mantidas pelos fieis, mas porque criou-se um falso cristianismo que serve para enriquecer pastores e propor um ideal de enriquecimento, empreendedorismo e vida principesca, que nada tem a ver com a mensagem evangélica. Não porque Deus nos queira pobres e miseráveis, mas porque o propósito das Igrejas não é enriquecer pastores, como não é dar vida de príncipe aos cardeais romanos. Obrigado Papa Francisco porque sua vida, sua roupa, seus costumes são simples como os de seu Mestre. Enfim, viver como um homem simples e sem luxos em meio aos bens não significa ser miserável.

E há também a se agradecer ao Espírito Santo por nos ter dado um Papa tão necessário para esses dias difíceis. Tempos líquidos onde tudo muda rapidamente e nada parece seguro. Que os homens de boa vontade sejam capazes de ouvi-lo antes que algum desastre maior nos agrida em nossa humanidade. Se o desastre surgir, um novo Hitler por exemplo, teremos que viver como bandidos que não querem lembrar o mal feito depois de praticá-lo.

 

10 comentários:

  1. Tempos difíceis, a história da humanidade é isto mesmo, o desequilibrado e o equilíbrio, a gangorra dos poderosos.

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  2. Acho que o papa trás uma mensagem de paz.
    Assim deve ser, é o representante da igreja católica.

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  3. A falta de FÉ de muitos está destruindo os valores, só Jesus voltando para voltar a esperança.

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  4. Gratidão so Espírito Santo, por ser luz.
    Lindas palavras, mas como dizia meu avô, no papel está bonito, questão é a prática.

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  5. Deus fez a todos irmãos.
    Mas o que Deus ensinou em seus mandamentos foi esquecido.

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  6. Então, meu irmão, tiraram Deus das escolas, doutrinaram, nossos filhos que se transformaram em soldadinhos do partido.
    E agora o PAPA, vai mudar?
    Só o tempo para mudar o que foi enraizado.

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    1. Não adianta apelar ao PAPA, cada um faça sua parte, o que plantamos, vamos colher.
      Fui professor, mostrei CAMINHOS, dentro da verdade de CRISTO.

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  7. Cabe a cada pessoa promover a paz, começando em sua família.

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  8. Não adianta apelar ao PAPA, cada um faça sua parte, o que plantamos, vamos colher.
    Fui professor, mostrei CAMINHOS, dentro da verdade de CRISTO.

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  9. Melhor pedir a volta de Jesus Cristo.
    O Papa não dá conta de tanta falta de FÉ.

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