sexta-feira, 21 de novembro de 2025

COP30- DILEMAS E CONTRADIÇÕES. Selvino Antonio Malfatti.

 

 



A COPE30 realiza-se, neste mês, no estado do Pará, em Belém, na entrada da Amazônia.  Vem sofrendo ataques de dentro e de fora. Os internos são por conta dos desmatamentos, garimpos, plantações e povoamento. De fora por causa da poluição, secas, queimadas. As contradições se referem às ações tomadas ou a serem tomadas. Intervir na Amazônia pode ser um remédio contraproducente: a ação provocará exatamente aquilo que quer evitar. Por sua vez, a não intervenção, a ação destrutiva seguirá em frente. Outra contradição é perfurar poços de petróleo para financiar a transição energética. São ações que apontam cenários salvíficos, mas provocam a destruição.

O avalista principal da COP é o presidente Luís Inácio da Silva. Ele mesmo preside a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. Por duas semanas os visitantes poderão desvendar os mistérios da Amazônia, saborear  as comidas e beber o açaí, além de poder conversar face à face com os indígenas e comprar souvenires.

Todo alegre e sorridente abraça todo mundo, fazendo todos esquecer que há uma Gaza agonizante, Kiev dronada implacável e cruelmente destroçada, um Trump ausente. Nada disso agora importa. Tudo é festa tropical! "Enquanto os gringos dormem, eu vou pescar. Quem sabe, talvez eu pegue um pirarucu!"

Lula vende a ideia de ele ser o defensor do meio ambiente do mundo através da Amazônia. Afirma que está implantando um sistema de proteção ambiental global e promete acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Enfim, Lula quer direcionar o foco da COP30 para o meio ambiente através da salvação da Amazônia.

A ideia difundida popularmente é a Amazônia “pulmão do mundo”. Passou a ser uma metáfora, dita como fosse uma verdade científica.  No entanto, a produção e o respectivo consumo de oxigênio da Amazônia somam zero, por isso não sobra nada para o resto do planeta.

Quanto à absorção de carbono. A floresta amazônica, de fato, é depósito e um sumidouro de gás carbônico, quando não sofreu o desmatamento e queimadas, isto é, em seu estado original, mas degradada é nula a contribuição.

A função no sistema hídrico e climático de fato a Amazônia é um fator crucial: a floresta recicla enormes volumes de água por evapotranspiração, criando os chamados “rios voadores” — massas de ar úmido que influenciam o regime de chuvas em todo o continente sul-americano, inclusive no Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, e até em países vizinhos. A destruição da desta floresta  reduz essas chuvas, afetando agricultura, energia hidrelétrica e abastecimento de água.

Em relação à biodiversidade e equilíbrio ecológico a Amazônia abriga cerca de 10% da biodiversidade do planeta. A perda desse   ecossistema implica na extinção em massa de espécies, redução de potenciais medicamentos e recursos genéticos, desequilíbrios ecológicos com efeitos globais.

A verdade está no meio termo: a Amazônia sozinha não salvará o planeta, mas sem ela, é praticamente impossível conter a crise climática global.

Três temas foram centrais nesta COP30: energia, florestas e agricultura. Todos estão interligados presos numa questão que ninguém quer assumir: a despesa. Todos pendurados no mesmo gancho. Um empurra para o outro. Os países do sul dizem que o norte deve se comprometer, pois eles são os maiores poluidores. Os do norte querem que todos ponham a mão na carteira, mas os maiores se negam: Estados Unidos e China. Há pontos bastante controversos nas negociações finais. Segundo o CGN, temas como adaptação climática (indicadores, financiamento) ainda enfrentam resistência, especialmente de países africanos. De acordo com reportagens internacionais, o rascunho final até agora apresentado pela presidência da COP omite uma “rota clara” para eliminar os combustíveis fósseis, o que tem gerado críticas fortes. 

Neste empurra-empurra nada se resolve. Não é demérito de Belém. As outras COPs também foram assim. Por isso se pergunta: a COP30 terá o mesmo destino que a COP29 de Baku? Deixar para próxima, a COP31, na Turquia e Austrália? E estas resolverão?




2 comentários:


  1. Sucesso seria se estes encontros resolvessem os problemas do planeta.
    Encontro com desperdício de verbas públicas e tempo.

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  2. Muitas contradições.
    Mas é Brasil.

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