Falo da profissão de professor. Como sou, podem pensar que é antiético opinar sobre o próprio trabalho. Com razão pensar que expressa opiniões distorcidas tanto positivas como negativas sobre sua atividade, mas também se opina que tem mais conhecimento prático sobre o que fala. Assim atrevo-me externar o que o penso.
O professor traz a renovação. Diante dele estão jovens e crianças oriundas de um ambiente. A ele cabe fazê-los crescer, isto é, fazê-los sair de seu daquele meio e levá-los para um nível superior, ser guia para a vida. Certo, bebeu de uma nova fonte de saber, diferente daquela de seus pais. Apresenta-se como um líder genuíno, ele próprio um novo modelo.
Um professor é um agente de inovação. Inserido num ambiente às vezes hostil transformá-lo-á através de conteúdos novos, ideias arrojadas, exemplos arrebatadores. Personalidade determinada e firme, convicta de que este é o caminho. Já preparado para ser renovação mesmo assim se auto renova a cada momento. Mantém-se firme, resiliente, compreensivo, sereno, ouvinte e decidido. Depois de si aquele meio nunca mais será o mesmo.
Age com autonomia e a promove. Determinação em promover a paz no meio mais hostil. Aplica a maiêutica: questiona, raciocina, argumenta, até o interlocutor descobrir a verdade. Aceita a ideia do outro for melhor. Não se agarra a seus próprios argumentos ou se fecha a outras opções. Ensina duvidar até que a própria dúvida seja solução. Conduz os alunos fora da caverna do não saber, para a luz da consciência. Ensina que o dever é pelo dever e não pelo prazer. Busca o que está escondido em si e o desvela.
O professor tem consciência de que ele é fruto de uma cultura e seus alunos de outra. Atua, por isso, como mediador acolhendo o que traz de espontâneo e leva-a ao sistemático. Aproveitar a herança cultural para transpor outro patamar. Não correr escada a cima e convidar o aluno a ascender, mas dá a mão para subir com ele.
O verdadeiro cidadão é o que é cidadão, isto é, o que trata seus pares com respeito, solidariedade, justiça e responsável. O professor é madrinheiro, age ético, sereno, mesmo não é correspondido e hostilizado, humilhado.
Quem a alma mater do professor? Primeiramente a família. Ele nasce, educa-se dentro de um ambiente recebe as primeiras orientações dos pais. Em seguida enfrenta a escola, primária e secundária, adquire os fundamentos e para a vida: ler e escrever, os básicos da educação cívica. E a terceira, a universidade, a alma mater de sua vida. Esta não é uma sociedade anônima, nem uma casa de moeda. Os alunos não são usuários ou clientes que adquirem um serviço. São personalidades em construção com a comunidade universitária. A universidade é um laboratório onde todos trabalham para si e para os outros. O material meio e fim é cada um, aluno ou professor. Constroem-se na pessoa e no profissional futuro.
Um dos aspectos esquecidos da universidade é preparar dirigentes mais preparados que os anteriores. A universidade não é para adestrar funcionários, mas construir lideranças criativas que levarão adiante o arcabouço social competente e atualizado. Sem repetir o passado, nem saltar lá na frente.
É um belo relato. Também sou professor e quem dera a sociedade enxergasse os professores e a educação com a importância que este seu texto apresenta.
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