segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

2020, um novo ano como referência de autotranscendência. José Mauricio de Carvalho – Academia de Letras de São João del-Rei.

                                                                         

Nestes dias de internet e celulares a vida corre rápida e o ritmo é cada dia mais acelerado. Tudo tem pressa na era da comunicação digital e momentos como a passagem do ano nos coloca a pergunta pelo modo como estamos lidando com o tempo. É preciso ensinar as novas gerações mais coisas que as anteriores precisavam para viver. Cada um de nós precisa aprender mais e agir mais rapidamente na rotina diária. Isso porque a sociedade se encontra nesse processo de aceleração da vida. Não parece que importa muito às pessoas o quanto isso as faz esquecer de quem somos e as lança num tempo de massas. Massa é sociedade que não questiona a razão da vida e o que fará com o tempo que dispõe para viver.
Tempo é o tecido da existência humana, tempo é o que nos faz ser o que somos e o que dimensiona o valor de nossa vida. É no quanto nos dedicamos a cada coisa, no tempo que nos preparamos para viver os acontecimentos, que se acentua, para nós, a pergunta pelo sentido. Tempo tem, portanto, a ver com o sentido e valor que damos a nossa vida. Quando entendemos que nos tornamos o produto do que escolhemos e vivemos, antecipamos um pouco nossa finalidade existencial, o sentido de nossa vida.
Toda a meditação filosófica durante o século que passou ensinou que o progresso não virá de forma automática. Quer o progresso material da sociedade e dos indivíduos, quer a evolução moral ou pessoal dessas sociedades ou pessoas, somente ocorrerão com esforço e, às vezes, em razão do que acontece de forma inesperada. O destino de cada um será fruto do que ele conseguir realizar para superar, na circunstância, aquilo que o impede de realizar o sentido de sua vida. Isto é, realizar seus sonhos, viver seus desejos, fazer coisas que façam a vida valer a pena ou ter valor para ele. No fundo a renovação periódica dos anos revela que a vida dos indivíduos humanos e o futuro da sociedade permanecerá um acontecimento que transcende previsões.
E se o futuro depende do que fizermos a cada instante, o entendimento do passado, traz lições importantes e permanecerá, em boa parte, nebuloso. Nossa compreensão do passado se renova com as gerações que realizam novas interpretações do já vivido. Isso porque o passado fornece respostas e é tolice não avaliar essas lições ou tentar entender o que elas indicam. Porém, a crescente compreensão do passado nunca o revelará integralmente, ficará sempre uma parcela para se melhor entendido no futuro.  
Cada homem tem, no quadro geral da sociedade em que vive, a responsabilidade de fazer surgir a pessoa que tem em si e que vai se tornando real com suas escolhas. Assim, a consolidação de cada novo eu entre os homens mostra a aventura de um novo sujeito diferente de todos os outros que existem ou já existiram. O homem comprometido com seu destino e responsável por ele torna-se pessoa. Esse conceito traduz a realidade do indivíduo humano tocado pelos objetivos da moralidade, da autorrealização e da autotranscendência.
Assim, em meio às incertezas gerais quanto ao destino próprio e da sociedade, as pessoas de fé contam com um diferencial. Elas acreditam que a vida que anima sua existência e de tantos outros tem um propósito de melhora, que podemos notar quando estudamos a História. Uma melhora que não vem sem esforço e comprometimento, mas uma melhora visível para quem tem fé num Deus que governa a história.
Um feliz 2020 para todos, um feliz ano novo na esperança de que ele renove nosso compromisso conosco e em sermos melhores a cada dia. Desse modo ajudaremos a aprimorar a sociedade e a viver responsavelmente o compromisso conosco mesmo.
F E L I Z  A N O  N O V O!

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