sexta-feira, 5 de outubro de 2012

CIVISMO DE CABELOS BRANCOS. Selvino Antonio Malfatti.



















Nesta semana, dia 1º de outubro, foi comemorado o Dia do Idoso. Já no domingo, dia 7, haverá eleições municipais.
Se examinarmos as propostas dos candidatos - tanto para prefeito como para vereador – surpreendemo-nos com a ausência de propostas de políticas específicas para idosos. Não se propõe, por exemplo, dar-lhes prioridade no atendimento médico-hospitalar, facilidade no transporte, incentivo ao lazer, cuidados com a saúde. Nada, é uma lacuna que chama a atenção.
Em contrapartida, os idosos são a faixa etária que mais participa nas eleições, Praticamente todos os idosos até oitenta anos votam. E se atentarmos para o fato que esta população está aumentando e já representa uma grande fatia do eleitorado os candidatos, no mínimo, estão desperdiçando uma oportunidade para conquistarem votos. Só no Rio Grande do Sul, são 1,6 milhão de idosos com mais de setenta anos que podem votar, conforme o Tribunal Superior Eleitoral. Sobre uma população total de 7,7 milhões pode–se dizer que a população idosa é 14%, uma expressiva porcentagem certamente. Em outros estados praticamente se mantêm as taxas.
Mas o dado mais significativo é a presença dos idosos nas eleições. Embora a partir dos 70 anos não seja mais obrigatório, assim mesmo continuam a comparecer às urnas. Conforme trouxe a público o professor Ângelo Bós, da PUCRS, uma pesquisa realizada pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da referida universidade, evidenciou que 91 % dos pesquisados de 60 a 69 votaram na última eleição e entre os que tinham 70 a 79 55% votaram e os que estavam na faixa etária de 80 a 89, 32% votaram. Como se percebe é maciça a participação cívica nas eleições dos idosos. Por isso não se pode entender como os candidatos simplesmente “esquecem" esta fatia do eleitorado e não lhe dão a devida atenção. Repito: nem que fosse por interesse.A mesma pesquisa revelou um dado que causa admiração: 16% dos que possuem mais que 90 anos compareceram às urnas.
No Brasil os funcionários do setor público são descartados aos 70 anos. Não importa o investimento da sociedade neles através de impostos, nem a vontade do interessado em continuar trabalhando. É compulsoriamente afastado do trabalho. Em países desenvolvidos o funcionário com esta idade é aproveitado em setores onde não há necessidade de esforço físico, mas de capacidade mental. Com efeito, é neste período da vida que a maturidade, a síntese intelectual, a experiência, a neutralidade em relações às paixões estão superadas. Por isso é o período de maior rendimento científico e administrativo. Estes funcionários são aproveitados nas universidades, autarquias, nos poderes governamentais, nos institutos de pesquisa avançada, enfim onde se exige o maior aprimoramento intelectual. No Brasil, nesta idade são jogados na lixeira.
No setor privado anda um pouco melhor. Mas aí esta pessoa tem que competir com mais jovens e que são mais promissores para a empresa. Entre empregar alguém com 70 anos e um jovem de 25 a 40 anos a opta-se pelo que pode fazer uma carreira mais longa na empresa, diferente do setor público cuja carreira foi toda nele. Mesmo assim, pessoas mais idosas ocupam cargos de chefia, de orientação e aconselhamento e mesmo de lideranças políticas. Basta olhar para países desenvolvidos para se comprovar como os idosos estão no topo e liderança da economia, finanças, indústria, comércio e mesmo política. É só acessar Estados Unidos, Alemanha, França, Japão, Itália, Reino Unido e até mesmo a Rússia.
Os idosos com uma renda razoável estão bem por q   eu podem pagar. Mas os demais? Há idosos que residem com a família e que dividem seu magro salário com os demais. Há aqueles que sofrem maus tratos dentro de seu próprio lar. Há os abandonados em casas de idosos completamente esquecidos pelos familiares. Há os discriminados pela sociedade só por que não conseguiram acompanhar a tecnologia. Há os doentes socados num canto de hospital morrendo à míngua. Há os doentes incuráveis que suplicam por uma eutanásia.

16 comentários:

  1. Idosos e Rebeldes
    Por: Paulo Paim
    Quem são vocês, velhos, rebeldes, aposentados?
    Como ousam dizer não à elite que manda no País?
    Quem são vocês que se levantam bravos
    E contestam os Três Poderes da República?
    Com que ousadia saem às ruas, viajam horas e horas,
    Demonstrando mais energia, mais raça
    E espírito guerreiro do que os jovens?
    Vocês, jovens, já esqueceram, mas somos aqueles que, quando choravam,
    Cantávamos cansados, mas com força, para fazê-los dormir.
    Somos aqueles que, na madrugada fria,
    Cobríamos seus corpos com o melhor cobertor.
    Somos aqueles que os viram crescer.
    Quando ficavam doentes, nós adoecíamos também.
    Sua febre era a nossa febre,
    Sua dor era a nossa dor.
    Reclamavam nossa ausência,
    Mas estávamos trabalhando em horas extras,
    Para que pudessem estudar, vestir, morar, comer e brincar.
    Somos aqueles que, muitas vezes, choravam em silêncio,
    Por não podermos dar tudo o que queriam e mereciam.
    Ah, quantas vezes gostaríamos de parar e brincar mais
    Mas não podíamos, tínhamos que trabalhar, trabalhar, trabalhar...
    Ficávamos de coração nas mãos e sem dormir
    Quando vocês, ainda adolescentes, saíam para as festas.
    Vivemos para vocês.
    Embora saibamos que vocês não viverão para nós,
    Viverão para os seus filhos.
    Ensinamos tudo o que vocês quiseram aprender.
    E hoje, o nosso papo não interessa mais a vocês como no passado.
    Pode ser saudosismo, mas gostaríamos de poder ver vocês
    Correrem novamente pela casa, acompanhá-los ao jogo de futebol
    Ou nas velhas pescarias.
    Hoje, caminhamos devagar,
    Podemos até pensar diferente,
    Mas amamos vocês como vocês amam seus filhos,
    Não nos digam que esse sentimento
    É apenas gerado pela saudade de um tempo que não voltará mais.
    Hoje, discute-se a inteligência da emoção...
    Só quem ama sabe que esta teoria é correta.
    A idade nos tempera, nos deixa mais sábios,
    Fomos forjados com o fogo da natureza,
    Amamos a vida e não tememos a morte.
    Temos orgulho de nossa história de lutas –
    Quem ama faz a guerra se preciso for.
    Se vamos hoje à batalha,
    Queremos que vocês nos acompanhem,
    Pois acreditamos neste País.
    Paulo Paim
    (extraído do livreto Estatuto do Idoso, de Paulo Paim

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  2. Os idosos estão esquecidos.

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    1. O triste que em sua maioria dentro da família.

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  3. Ser idoso deveria ser exemplo de caminhada.

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  4. Apesar de todo descaso que passa o idoso,falta de políticas publicas voltadas para seu contínuo desenvolvimento,atenção da família e respeito da sociedade podemos avaliar que lentamente este publico começa a organizar-se para procurar seus direitos e ocupar seus espaços.A leitura que hoje se faz ainda trás histórias veladas de maus tratos e abandono.Mas o importante e necessário é colocar-se como sujeito de direitos e,para isto todos deveriam participar dos conselhos municipais,são espaços que deverão ser ocupados,fiscalizados pois, não basta simplesmente grupos de convivência,prática muito usada nos municípios,para envolver,sem comprometer-se.São paliativos,portanto as pessoas devem participar, os conselhos precisam ser reconhecidos para tornarem-se espaços de discussão e enfrentamento ao descaso na consolidação dos direitos.Hoje existe um estatuto,uma lei de proteção. Respeito é muito mais que bailes de fim de semana.A pessoa precisa pertencer,fazer parte de uma família,viver em sociedade,ser escutada,sentir-se útil.A saúde deve ser avaliada,pois muitos sentem solidão,vazio de presenças.Os filhos de ontem,hoje pais,perdem valores,abandonam suas raízes,deixam suas histórias,se perdem no modernismo das redes sociais; poderiam encontrar em seus pais e avós muito mais que amigos virtuais,pessoas que os amam e estão carentes por falar de suas vidas ,suas experiências,suas esperanças,seus sonhos,a evolução deste mundo. Perde quem não para para ouvir,ganha quem sabe escutar pois, soma as suas vivências ensinamentos de amor e desprendimento.

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    1. Mas tem idosos muito amargos,sem diálogo,só criticas,são auto suficientes,precisam da solidão para valorizar as boas coisas que a vida pode oferecer.

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    2. Com certeza. A personalidade é de caráter individualizado. Entram na sua formação a genética, a educação, o ambiente e as circunstâncias. Alguns desses fatores pode ter interferido porque normalmente o idoso é equilibrado e compreensivo.

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  5. Estes valores,são bens de amor a Patria.

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  6. É importante,mas invisível este segmento.

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  7. Nesta linha de pensamento todos os segmentos podem ser considerados invisíveis. Onde estão o empresariado, os estudantes, os ruralistas, os operários e os funcionários? A não ser que se veja através da representação que é duvidosa e diluída. O certo, porém, é que é um fato social com todas as caraterísticas de Durkheim.

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  8. Sei não, onde estamos é nosso futuro.

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  9. Em Santa Maria, muitas pessoas idosas vão às urnas com o intuito de escolher o melhor representante para governar seu município. Mesmo com a idade avançada os mais velhos votam com o pensamento em escolher o representante que vá olhar para as necessidades da terceira idade e especialmente para as gerações futuras, onde estão inseridos muitas vezes seus filhos e netos.(jornal a razão 7/10/2012)

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  10. É um civismo ético de responsabilidade.

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    1. Esta é a verdade pessoas criadas com responsabilidade,civismo e conhecedoras jamais deixarão de cumprir seu dever cívico.

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