sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

NATAL.COM.ELE – Selvino Antonio Malfatti

Moisés de Michelangelo
A Utopia de Morus











2.RESPEITO

É normal que o diferente nos cause repulsa. Que um cristão não goste de um judeu, que um judeu não goste de um muçulmano, que um muçulmano não goste de um hindu. Mas, embora seja normal, não significa que tenha que ser assim, ou pior, por causa disso agredir a pessoa diferente ou mesmo querer destruí-la. Foi o que aconteceu com o império romano em relação aos cristãos. Foram caçados como ratos e martirizados. Não foi diversa a atitude dos nazistas em relação aos judeus. Mas o que mais impressiona é que, virado o jogo, o agredido se comporta da mesma forma que o antigo agressor: intolerância total.
No período do ano 30 até 395, da era cristã, os cristãos conviveram com os romanos, na clandestinidade. São, portanto quatro séculos de existência não oficial do cristianismo durante o qual os cristãos foram considerados fora da lei. Não tinham qualquer influência na política, educação, moral, direito e cultura do império romano. Nesse período o cristianismo somente existia na esfera privada e íntima. Se e alguém se atrevesse declarar-se cristão era morto. O império era politeísta, inclusive o próprio imperador era considerado um dos deuses.
O que aconteceu nesses quatrocentos anos? Infelizmente pouca coisa se sabe, pois quando cristianismo assume o poder manda queimar tudo o que pudesse evocar o império romano e a cultura herdada dos gregos. Os templos dedicados aos deuses ou foram destruídos ou dedicados aos santos ou à divindade cristã. As festas pagãs foram substituídas por alguma comemoração cristã. Pouco a pouco eram apagados os registros romanos e gregos e, em seu lugar, colocavam-se registros cristãos. Santo Agostinho no seu livro A Cidade de Deus e a Cidade dos Homens, não tem dó daquela cultura, em que pese ser ele um autêntico greco-romano. Quando o império cai e os cristãos são acusados pelos pagãos de terem facilitado sua queda, Agostinho simplesmente diz que aquilo não tinha importância, pois a grei dos eleitos estava salva.
Foram necessários que transcorressem mais de mil anos, isto é, de 395 a 1453, para se dar conta do que havia sido feito e resgatar o que sobrou daquela cultura. Foi obra do Renascimento. A partir daí nasce uma nova consciência: respeito ao diferente.
Isto não significa que o cristianismo foi um mal e teria sido melhor o politeísmo romano. Não, ao contrário, foi um bem imenso para a humanidade. O problema foi ter-se destruído, soterrado ou queimado a cultura anterior. O próprio cristianismo se deu conta disso e em parte a resgatou. Os renascentistas continuaram cristãos, mas quiseram aproveitar aquilo que de bom emergiu do mundo pagão. O Davi ou Moisés de Miguel Ângelo são heróis cristãos sob a forma pagã. Ele valeu-se da escultura grega para exaltar um valor cristão e assim outros, como Morus, que na Utopia imita a República de Platão. Na literatura, Alighieri e Camões imitavam os literatos gregos e romanos.
O respeito pelo pensar do outro é uma das maiores virtudes cristãs, ensinada e praticada pelo Mestre. Todas as pessoas têm o direito de ter sua religião, ideologia, modo de vida, desde que não queiram impor aos outros, isto é, desde que respeitem o diferente. Ninguém pode ser considerado o único verdadeiro. Evidentemente que faltar com a ética não é ter um pensamento discordante. Neste caso é infringir as normas, legais ou morais. O mesmo mestre que intercedia: “perdoai por que não sabem o que fazem”, munia-se de um chicote e expulsava do templo seus profanadores. E fazia isto para exigir respeito para aqueles que queriam orar.

5 comentários:

  1. E quando existe a falta de respeiro"entre cristãos", de quem é a culpa?
    Ocorre falta de respeito entre aluno e mestre, entre o comprador e o devedor,em firmas que deixam as pessoas atordoadas com suas propagandas, das entidades que querem fazer o outro digerir os empurras de cartões ou assinaturas de revista,do INSS "enrolando",do PT querendo que todos sejam desse partido, entre marido e mulher, entre pais e filhos...Pelo que vejo, temos aceitar e tolerar tudo para que pensem que temos VIRTUDES CRISTÃS.

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  2. Claro que não devemos aceitar tudo para sermos virtuosos,creio que o esclarecimento coloca a importância de sabermos aceitar e, respeitar o diferente...O mundo está passando por todas estas transformações,para que cheguemos ao entendimento dos ensinamentos de CRISTO.

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  3. A história da humanidade como bem colocaste,sempre foi por controle e poder.Quem está no poder subjuga seus semelhantes,aprisiona e destrói sua história.Assim até nossos dias muitas religiões se dizem as verdadeiras e aprisionam.Mas a mensagem de CRISTO é uma verdade que liberta,precisamos só acreditar, não precisamos de intermediários para acalmar nosso coração ,que nos fale qual é o segredo da felicidade ...e aonde está o sentido da vida.Precisamos submergir no conhecimento do nosso EU,precisamos nos conhecer para trabalharmos nossas limitações.Nossas doenças são gritos de nossas almas aprisionadas pela inveja,pelo egoísmo,pelo desamor.E com o coração aberto entenderemos os ensinamentos do MESTRE'Eu vim para que todos tenham vida'...E os ensinamentos de CRISTO nos libertam,falam que devemos amar ao próximo como a nós mesmos...Aí se sustenta a base para nossa vivência e felicidade,não faremos aos outros o que não desejamos para nós.Então se não queremos ser prisioneiros não podemos aprisionar,quem ama liberta, não cria cativeiros,não rouba a esperança,respeita a subjetividade para que o outro escreva a sua história e seja o Senhor de sua vida.

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  4. Respeito não significa submissão,embora,às vezes, possa ser. E nem sempre revolta, significa virtude. A virtude está na justiça.

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  5. Amigos colaboradores: peço para que as postagens se restrinjam ao tema e de nenhuma maneira façam promoção pessoal, de grupo ou de ideologias

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