Morte de Sócrates - envenenamento.
“Sócrates
pede para que seus amigos lhe fechem os olhos e a boca após morrer e encarrega
o amigo Críton de pagar uma dívida a Asclépio, o deus da medicina, com a
oferenda de um galo. Quando o veneno já está subindo e seu corpo começa a
esfriar... Sócrates estremece por um momento, e então, seu corpo e sua alma se
separam em definitivo.”
Coma aprovação da eutanásia, morte assistida, pelo senado
do Uruguai, reacende-se o debate do fim
da vida. Pode ocorrer de muitas formas entre elas a natural, doença, provocada
violentamente ou assistida. Todos querem viver e o
mais tempo possível, mas bem. Em que momento não se quer mais viver? Quando o
viver é mais doloroso que o não viver. Em que tempo se deseja a morte? Principalmente quando a
dor ou o sofrimento físico ou psicológico for tão intenso que não se quer a
vida. A saída é o suicídio. Este solo ou
assistido.
É legítimo tirar-se a vida? Está-se diante do princípio
da liberdade e com ele a autonomia. A pergunta: até onde vai a liberdade sobre
mim mesmo ou até que ponto se tem autonomia para decidir sobre a própria vida?
A liberdade, em sentido amplo, é a capacidade de agir
segundo a própria vontade e autonomia é a capacidade de dar a si mesmo a lei —
isto é, ser autor das próprias ações segundo princípios racionais. Até que
ponto se é dono de si mesmo, até onde vai esse domínio? Alguém transpassado
pela dor é autônomo? Pode exercer a liberdade?
Alguém extremamente ameaçado pode exercer a liberdade? Neste terreno há
mais perguntas que respostas. Além disso, pode-se dispor da minha existência da
mesma forma que disponho de meus bens ou das minhas ações? Lembro que estava hospitalizado e sob efeitos de drogas, mais especificamente morfina. Os enfermeiros me levaram para uma sala fora de meu quarto e perguntaram se aceitava realizar um determinado procedimento, supra necessário. E eu, imaginando que fosse para me prejudicar, disse que não. Pergunto: era livre para tal decisão?
A existência da pessoa é a primeira condição de qualquer
outro atributo. Se não há alguém nada se pode atribuir-lhe. A liberdade e a autonomia sempre pressupõem
alguém. Então, primeiro deve existir a pessoa, senão não há atributo.
Estabelecida a pessoa a ela se atribui a liberdade e autonomia de decidir. È
ilimitado este poder? Pode-se decidir sobre tudo o que se quer e não quer?
Começa-se sobre as demais pessoas. Se as outras também são livres há
necessidade de estabelecer a liberdade de cada um. Logo, a liberdade não é
infinita, pois há outra liberdade igual que se coloca como limite.
Estabelecido que as liberdades pessoais em relação aos
demais têm limite se pergunta se pode haver liberdade ilimitada em relação a si
mesma, isto é, a pessoa tem liberdade ou autonomia para tirar a própria vida?
Para melhor entender examina-se separadamente a liberdade
como atributo natural e racional. Para a primeira recorre-se aos animais. Há
casos ou evidências de que animais tirem a própria vida intencionalmente? Boa
parte dos pesquisadores entende que os animais não cometem suicídio
intencionalmente, como os cientistas Antonio Preti e David Eilam concluem. Entendem que os sinais de possíveis amostras
de suicídio são antropomorfização. O comportamento comum entre os animais é de
preservação da vida.
Quanto à racionalidade do suicídio? Entende-se alguém que
em sã consciência decide por fim sua vida. Há racionalidade quando
deliberadamente opta pelo suicídio, isto é, faz uso de seu livre arbítrio para
terminar com a vida. Alguns dos fatores invocados pelos suicidas: dor contínua
insuportável sem esperança de alívio, desespero perante a perspectiva do futuro
sem solução, culpa extrema sem esperança de perdão e outros. Não se fala em
doença mental, pois neste caso a racionalidade fica comprometida. A pergunta: é
racional tolher-se a vida em pleno uso da capacidade mental? Para se concluir
se deve pensar numa pessoa normal sem influência externa determinante, como
doença, desespero, depressão, sem futuro. Neste caso, o lógico racional é pela
preservação da vida. Tolhe-se somente quando há uma influência externa à
consciência. Logo, o suicídio
racionalmente é um ato irracional e eticamente injustificável.
E quando intervierem influências externas, como
sofrimento insuportável, desespero, sem futuro? Justifica-se, então o suicídio?
Nestes casos o livre arbítrio está comprometido e se torna necessária a
intervenção de um terceiro que decida por ele. Justifica-se pela ética?
Quando um ser humano, por alguma razão, não puder exercer
o livre arbítrio deixa outro decidir por ele está agindo por assistência. É plenamente racional esta atitude, Como
deverá agir de modo ético seu assistente para que a vontade de seu assistido
seja cumprida?
A ética envolve a felicidade, por isso seu assistente
deve mirar a felicidade de seu assistido. Quando, no caso da morte assistida, se cumpre o desejo do assistido? Se, dentre
todas as opções só resta a morte, como deve ser o procedimento? Matar é
irracional. Suicídio? Também é irracional. Entregar ao curso natural, isto é,
recusa de tratamento. Neste caso o sujeito tem assistência, mas não provoca a
morte. Não é irracional e nem antiético.
Muitos questionamentos, importante, mas difícil decisão.
ResponderExcluirÉ o desejo daquele que sofre, mas é uma decisão muito difícil, principalmente para quem sabe que somos espíritos eternos, será atraso na evolução.
ResponderExcluirInteressante, um ótimo artigo.
ResponderExcluirMuito reflexivo.
Algumas vezes tenho pensando neste assunto, muito difícil formar opinião.
ResponderExcluirUm assunto bem delicado, decisão difícil.
ResponderExcluirÉ um assunto para ser lido e relido, logo será pauta para discussão no congresso.
ResponderExcluirDifícil opinar, são decisões doloridas.
ExcluirUm artigo para nos sacudir, o assunto está logo ali, no Uruguai.
ExcluirUma pauta interessante e discutível.
ResponderExcluirÉ um assunto que adiamos, mas precisa ser discutido em família.
ResponderExcluirÉ importante falarmos sobre este assunto, saber o que pensam, qual a opinião daqueles que amamos.
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