sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Presidentes do Brasil: 1989-2018: Selvino Antonio Malfatti



A eleição de domingo, 28, apontou o 38º Presidente do Brasil:





38. Jair Bolsonaro 

37. Michel Temer (2016-)
36. Dilma Rousseff (2011-2016)
35. Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011)
34. Fernando Henrique Cardoso (1995-2003)
33. Itamar Franco (1992-1995)
32. Fernando Collor de Mello (1990-1992)
31. José Sarney (1985-1990)
30. João Figueiredo (1979-1985)
29. Ernesto Geisel (1974-1979)
28. Emílio Garrastazu Médici (1969-1974)
27. Artur da Costa e Silva (1967-1969)
26. Humberto Castelo Branco (1964-1967)
25. Ranieri Mazzilli (1964)
24. João Goulart (1961-1964)
23. Ranieri Mazzilli (1961)
22. Jânio Quadros (1961)
21. Juscelino Kubitschek (1956-1961)
20. Nereu Ramos (1955-1956)
19. Carlos Luz (1955)
18. Café Filho (1954-1955)
17. Getúlio Vargas (1951-1954)
16. Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)
15. José Linhares (1945-1946)
14. Getúlio Vargas (1930-1945)
13. Washington Luís (1926-1930)
12. Artur Bernardes (1922-1926)
11. Epitácio Pessoa (1919-1922)
10. Delfim Moreira (1918-1919)
9. Venceslau Braz (1914-1918)
8. Hermes da Fonseca (1910-1914)
7. Nilo Peçanha (1909-1910)
6. Affonso Penna (1906-1909)
5. Rodrigues Alves (1902-1906)
4. Campos Sales (1898-1902)
3.  Prudente de Morais (1894-1898)
2. Floriano Peixoto (1891-1894)
1. Deodoro da Fonseca (1889-1891)


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

O desafio de preservar o humanismo ocidental. José Mauricio de Carvalho - Membro do Instituto de Filosofia Luso-Brasileiro





Na medida em que se consolida a sociedade de massas e a generalização da tecnologia os estudos de humanidades que poderiam equilibrar o impacto da segunda e salvar a primeira da despersonalização são deixados de lado. Infelizmente poucos enxergam essa necessidade, embora tenham que se ver com consequências que não desejam. A despersonalização, própria dos tempos de massa, levam a uma vida inautêntica mostraram diferentes filósofos no último século (Jaspers, Heidegger, Ortega y Gasset, Delfim Santos, etc.) e também ao que o psiquiatra Viktor Frankl denominou neurose noogênica, e outros representantes da psiquiatria existencial chamaram de neurose social. Frankl resumia essa dificuldade na experiência do vazio existencial, do tédio e da percepção de falta de sentido na vida. Por sua vez, uma sociedade tecnológica mas que se despreocupa da tradição humanista perde as referências de moral social e de valores fundamentais de convivência que depois queixa de necessitar. Essa perda não é fruto de um governo, mas um movimento cultural amplo.
A tradição de reconhecer o valor da pessoa humana se consolidou durante a Idade Média com a revisão da herança do mundo clássico grego romano e a inserção nesse conteúdo da ciência moderna em formação naqueles dias. Essa tradição exigiu um aprofundamento da moral judaico-cristã meditada pela filosofia ocidental por séculos. Essas reflexões são a base da moral social e da vida cidadã.  
A ideia de pessoa humana penetra diversos campos de cultura ocidental. Miguel Reale, por exemplo, fez dessa ideia o núcleo de seus estudos jurídicos propondo o personalismo axiológico o eixo nuclear de seu tridimensionalismo jurídico. Essa filosofia do direito contempla a ideia de pessoa como o valor central e reconhece a importância da historicidade na construção dessa ideia. Afirma (Reale, Introdução à filosofia, Saraiva,1989, p. 160): “no centro de nossa concepção axiológica situa-se a ideia de pessoa como ente que é e deve ser, tendo consciência dessa dignidade”. Esse pensamento se completa com a aproximação entre valor e história, o que para Reale inviabiliza tanto um humanismo a-histórico, como um que se explique exclusivamente pela história. Foi essa observação que nos levou a sistematizar o desafio de tratar o sentido da vida associado à noção de valor estabelecido historicamente, questão posta como tema central do livro O homem e a filosofia, que teve recentemente uma terceira edição (Porto Alegre: MKS, 2018). Então, de posse dessas referências deixadas pela filosofia contemporânea, descrevemos a ideia de pessoa a partir de cinco aspectos: aprimoramento ético, propriedade, liberdade, responsabilidade e solidariedade, aspectos desenvolvidos ao longo da história. Esses valores foram trabalhados nessa tradição humanista: os dois primeiros no Decálogo de Moisés; a solidariedade é o assunto principal do lindo sermão da montanha de Jesus de Nazaré; a liberdade é um valor discutido pelos filósofos desde Agostinho e que encontra em Kant solução na síntese que ele elaborou com o nome de imperativo categórico. Kant ensinou, com esse imperativo, a respeitar a humanidade em si e no outro o que significa que a liberdade é a conquista de alguém que não se torna escravo de seus instintos. Outros valores foram aproximados recentemente da ideia de pessoa, o trabalho e o cuidado com a natureza.
O que foi dito acima mostra uma vida autêntica ou personalizada passa pela recuperação de valores que tecem nossa sociedade, nos colocam frente a necessidade de assumir, de forma profunda, o ensino das humanidades em nossas escolas e universidades, sem o qual todo o cabedal de valores, características da pessoa humana e da vida social como se desenvolveu no ocidente fica sem compreensão e força de sustentação. E, naturalmente, estabelece o desafio adicional de meditar filosoficamente e aprofundar essa herança humanista do ocidente.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES COMO CORREÇÃO DO PRIMEIRO. Selvino Antonio Malfatti



Em 7 de outubro de 2018 ocorreram eleições no Brasil para presidente, governador, senador, deputados federais e deputados estaduais. Já no dia 28 de outubro ocorrerá o segundo turno para os executivos federal e estadual nos quais os candidatos não obtiveram a maioria absoluta. Vejamos o resultado do primeiro turno para presidente, por região e o total: 



Por que foi instituído um segundo turno no Brasil?
Um dos critérios básicos para uma democracia é o governo da maioria. 
Sendo assim, deve-se conseguir maioria para que um determinado candidato possa governar.
Um dos regimes para governar é a democracia. Modernamente entende-se por este conceito – governo do povo - como governo da maioria. No entanto, já os próprios gregos sabiam que “governo do povo”, tem várias outras acepções. Pode ser entendido como uma monarquia, - governo de UM, como, aristocracia – governo de MINORIA e democracia - como governo de TODOS. E suas frormas corrompidas: Tirania, Oligarquia e Demagogia.
É por isso que governos ditatoriais, totalitários, ditaduras também se autodenominam de demoracias ou populares. No entanto, o conceito moderno entende por democracia um governo de maioria, respaldado pelo estado de direito com todas as suas implicações. Sendo assim, deve-se conseguir maioria para que um determinado candidato possa governar democraticamente.
No Brasil, como as eleições presidenciais no primeiro turno não apontaram nenhum candidato com maioria – 50% mais um - segue-se que, ou se governa com a minoria ou se usará um estratagema para se obter a maioria. O Segundo Turno é a ferramenta usada para lançar mão de uma segunda eleição entre os dois mais votados para se obter a maioria. 

Vejamos concretamente o que aconteceu com os três primeiros candidatos para a presidência:
Candidato %

Bolsonaro: 46,03
Haddad:     29,28
Ciro:           12,47

Se Bolsonaro fosse considerado vencedor, teríamos 46,03% do eleitorado governando, isto é, uma minoria.  Se fossem escolhdos os outros dois,  Haddad e Ciro, somando-se os votos deles e os demais candidatos continuaríamos com minoria . Então, para evitar isto se convoca um segundo turno. Com dois candidatos, um chega à maioria.

Evidentemente que isto pode provocar conseqüências não esperadas e indesejadas. Uma delas é que a bipolarização do pleito acirre os ânimos com sérios riscos de agressões não só verbais como físicas entre os candidatos, que por sua vez, se estenderia à sociedade o mesmo efeito. 

Diante disso, o pensador e político francês, Alexis Tocqueville – do período da Revolução francesa – faz uma reflexão sobre a questão da maioria. Para ele, a cima da maioria deve estar a ética, isto é a justiça. Esta é a maioria do gênero humano e não de uma determinada comunidade ou de um determinado momento histórico. Era necessário um legislativo que representasse a maioria e não escravo de suas paixões. Um executivo com força própria e um judiciário independente. A maioria não pode ser a justificativa para qualquer tipo de injustiça, contra índios, escravos, presos ou minoria de qualquer espécie. 
Portanto, numa democracia, finda a eleição, maioria e minoria, devem estar submetidas aos princípios legais éticos.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

ELEIÇÃO: DOMINAÇÃO x VALORES. Selvino Antonio Malfatti





No dia 6 de outubro deste ano haverá eleição no Brasil para Presidente, senadores, deputados federais e estaduais. Será uma consulta popular a respeito da aprovação ou não do programa de governo dos partidos que o compõem. Haverá, portanto, tipicamente uma busca de opinião sobre a aprovação ou não da ideologia e programa de governo. A sociedade quer saber com certeza se aprova ou não o governo e sua política ou quer mudar. Portanto, a sociedade quer uma verdade e não simplesmente um aparência. Em cima da realidade que se apresenta fará uma escolha.

A ação humana é carregada de sentido. Inclusive, a escolha está assentada sobre o sentido. Qual o sentido que se deve dar à escolha? Até mesmo a política? O embazamento teórico podemos buscá-lo em Max weber. Conforme ele, a racionalidade reside na compreensão da ação humana. Diante disso, procura entender que o móvel da ação é o sentido que se lhe presta. Nisso estaria sua racionalidade. Esta pode ser racional com fins, racional com valores, tradicional ou sentimental. Evidentemente que o sentimental e o tradicional podem ter pouca racionalidade para quem faz, no entanto, para quem estuda encontrar estes princípios motores é racional. É o que explica Weber:


A teoria weberiana sobre o sentido da ação humana, conjugada com a teoria das formas de dominação, pode lançar luz sobre a questão. Conforme Weber, a ação humana pode ter quatro sentidos:
1. Ação racional, tendo presente uma verdade, avaliada sob a luz da razão como um fim em si e escolhida sem qualquer tipo de coação. Neste caso há uma perfeita sintonia entre o ser buscado e a razão.
2. Ação racional, tendo presente um valor, avaliado sob a luz da razão como um bem em si e escolhido sem qualquer tipo de coação.
3. Ação sentimental, tendo presente uma emoção, avaliada pelo sentimento como uma sacralidade e escolhida de conformidade com a satisfação.
4. Ação tradicional, tendo presente um costume, avaliado tradicionalmente como eficaz e escolhido sob a égide da repetição
.


Quanto às formas de dominação ou de legitimação do domínio, Weber apresenta três formas puras:
1. A tradicional se refere aos costumes sagrados dos ancestrais. É o “ontem eterno” sacralizado na tradição. Este, na forma mais pura, o aparelho estatal, confunde-se com a vontade pessoal do governante. Não se estabelece uma distinção entre o governante e a pessoa física de quem o governa. É o patrimonialismo, pelo qual o bem público se confunde com o privado.
2. A carismática, baseada no dom pessoal, na unção, no dom da graça conferido a alguém.
3. A legal, baseada na força da lei. Há regras preestabelecidas e universalmente válidas. É o domínio exercido em virtude da lei
Carece, portanto de recionalidade afirmar que tudo é ideologia. Que a ção humana tem como fundamento a ideologia. Se, se seguisse esta vereda- tudo é ideologia - nada pode ser considerado verdadeiro, pois há sempre um interesse político por trás de qualquer esforço.  Nada é verdadeiro, o resultado não passa de uma distorção. O que chama atenção é que este modo de pensar só é válido para seu seguidor, isto é, o seu modo de pensar é verdadeiro e do outro não.
No Brasil, esta ideia de que tudo é ideologia – leia-se política – teve origem num pequeno grupo de intelectuais e artistas universitários. Houve protestos da parte de quem não concordavasse, ponderações, mas de nada valeu. Como qualquer ideologia, por ser fácil e com aparência de verdade, propagou-se facilmente da universidade para o ensino médio e deste para o primeiro grau. Jovens estreantes na pesquisa abraçaram a teoria, pois sem nenhum esforço, podiam chegar a "verdades"  que quisessem. 
As fontes desta teoria todos sabemos.Seus seguidores leram, mas não as estudaram, isto é, não aplicaram o método da crítica científica. Daí, todos os que não concordassem com suas "verdades", passaram a ser retrógados. E em política, pichados de fascistas. 
Neste sentido, a ciência foi desvirtuada de sua natureza passando a ser considerada apenas diletantismo e ou má fé, numa palavra: ideologia.
 Detenhamo-nos nas formas de dominação:
- abriga verdades gerais.
- baseia-se no método científico.
- os resultados podem ser reconstituídos.
- independe dos indivíduos.
- está ligada a uma teoria.
Então temos uma dominação legal

- conjunto de ideias, pensamentos e doutrina válidos particularmente. 
- visa ações sociais e não desobertas científicas.
- Manter o status quo, sem mudanças
Então temos uma dominação tradicional

Além disso, há senso comum.

- conhecimento espontâneo ou vulgar.
- resultado de experiências pessoais, sem senso crítico, como: "logo que ouvi o candidato identifiquei-me com ele, e concluí que era o melhor".
- conjunto de observações que auxiliam o modo de agir.
- Baseia-se na vontade do líder
Então temos uma dominação carismática.

Diante disso, se pode perguntar: o que pode ser considerado legal-racional numa eleição, o que é tracional e é do carismático?
Tomemos como exemplo aspectos de uma eleição concreta.
legal pode ser considerado os valores do conteúdo programático dos partidos, o sistema político, os poderes, a função de cada poder, as eleições,a filiação ideológica, a porcentagem do eleitorado obtido na eleição, as metas que se propõe.
carismático é a visão de mundo, ideal, tudo é perfeito . Para esta postura a oposição distorce a verdade. Seus seguidores idealizam a sociedade sobre a própria concepção.
tradicional é acreditar na vitória do partido ou do líder pelo desempenho do discurso ou estética dos candidatos, crer que a influência pecuniária é determinante, atribuir má fé nas pesquisas. 
As eleições estáo batendo à porta. Seu resultado evidenciará os valores da sociedade e evidenciará o estágio da forma de dominação. 
A prova disto: nos países de democracia consolidada, o candidato perdedor vai à imprensa e parabeniza o vencedor, desejando-lhe um bom governo. Estamso diante de uma forma de dominação legal.
 Em democracias não consolidadas, o perdedor deseja o pior ao vencedor, temios aqui uma dominação tradicional ou carismática.
O resultado da eleição com certeza evidenciará duas realidades: o tipo de ação humana predominante os valores - e a forma de dominação vigente - estágio de dominação.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

A política e a triste afirmação da ignorância e egoísmo. José Mauricio de Carvalho – Academia de Letras de São João del-Rei.


As democracias liberais desenvolveram-se historicamente legitimando a disputa de interesses. E o que legitimava essa disputa? A compreensão popularizada pelos filósofos e moralistas britânicos de que a sociedade era formada por segmentos com visões diferentes da vida, da história, do trabalho, enfim de coisas sobre as quais era razoável discordar. E como era importante que esses grupos de interesse existissem, do contrário teríamos a imposição de uma parcela ou ditador, então eles podiam disputar a liderança da sociedade durante certo tempo. Um mecanismo de consulta eleitoral garantia que, de tempos em tempos, a alternância dos governantes. E as democracias liberais assim se desenvolveram e enfrentaram seus problemas. O mecanismo funcionou apesar das dificuldades. É mesmo assim, nada que é humano é perfeito, embora possa ser melhorado. Por outro lado, a democracia liberal, mesmo longe de ser perfeita era melhor que ditaduras ou, ainda pior, totalitarismos.
Assim sempre tivemos líderes melhores ou piores se sucedendo na disputa política. Essa forma de democracia se desenvolveu junto a monarquia britânica e precisou comprometê-la com regras, pois os reis historicamente tinham a vocação para o exercício do poder centralizador e absolutista que concentrava em si todo o poder e nele se perpetuava. A monarquia liberal foi criada assim e foi ajustada aos novos tempos nas repúblicas europeias que, em vários países, assumiu o liberalismo democrático, submetendo a disputa de interesses a regras firmes para evitar que no lugar dos antigos reis surgissem novos tiranos. No entanto, o jogo político no liberalismo democrático tinha um estofo ou enchimentos necessários. John Locke, ainda no século XVII, dizia ser a crença em Deus não mediada por príncipe estrangeiro, querendo assegurar um cristianismo sem a intervenção do papa e uma sociedade pautada pela moral. Esse filósofo inglês entrou para a história como o "pai do liberalismo", filiado à escola empirista e elaborou a ideia do contrato social para organização dos interesses. Com sua proposta religiosa, além de defender a liberdade escolheu trouxe a tolerância religiosa.
A liberal democracia seguiu seu caminho pela história, chegou a outros países e enfrentou a questão social, guerras e outras dificuldades. Tornou-se a melhor maneira das sociedades escolherem seu destino e os papas respeitaram as escolhas das sociedades. No entanto, seu sucesso depende daqueles pressupostos iniciais e de outras descobertas. O primeiro é o reconhecimento de que os interesses de toda a sociedade estão acima dos interesses dos grupos. Daí o valor social dos bens do país, respeitado o direito legítimo da propriedade e o respeito à pátria. O outro é o acolhimento de leis legitimamente construídas pelos parlamentos na concretização da justiça (estado de direito) e sua não retroatividade (para assegurar os direitos adquiridos). Tudo isso bem alicerçado no respeito humano e dignidade da pessoa, resumidos no documento conhecido como direitos humanos e nos direitos civis. Porém há ainda outros pontos fundamentais: o reconhecimento dos resultados das ciências modernas, do valor da educação e, ainda, da filosofia enquanto instrumento de defesa da razão, dos argumentos da inteligência e das boas orientações para as relações humanas através da ética e suas derivações (axiologia, éticas profissionais, moral social, moral religiosa quando derivada de uma crença).
Quando as disputas eleitorais perdem essas referências, legais de um lado, mas também de racionalidade e valores humanos e nacionais, ela se torna a imposição irracional do interesse egoísta de grupos sobre a sociedade. Estabelece-se a ignorância (confunde-se, por exemplo, humanismo com comunismo, fascismo com socialismo), e, em lugar de argumentos e debate de ideias, surgem ataques pessoais e opiniões injustiçadas e injustificáveis. O resultado é a mentira (falsas notícias), a distorção dos fatos, a opinião infundada, a ofensa pessoal, substituindo o debate legítimo de ideias.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O MUNDO DAS EMOÇÕES. Selvino Antonio Malfatti.




.

Quando vemos uma torcida comemorando a vitória de seu time, levantando os braços, cantando, dançando numa alegria louca, podemos dizer que estamos assistindo uma explosão de emoção; Uma mãe debruçada no caixão, se esvaindo num chorinho de soluços, não precisa dizer que estamos num limite de emoção. 

A emoção externa entusiasmo, alegria, tristeza, desespero, conquista, derrota, esperança, fé, enfim todos os sentimentos que passam pela alma e externam-se através do corpo. O sustentáculo da emoção é o valor que um determinado ser percebe que pode lhe proporcionar. As emoções, embora possam manifestar-se coletivamente, cada um as sente a seu modo individualmente.
O Historiador das emoções, Jan Planger, afirma em História das Emoções, que há alguns conceitos chaves a serem estudados pelo pesquisador como: “comunidades emocionais” ou “regimes emocionais” e mesmo “práticas emocionais”.

Este modo de pensar no fundo pretende superar a teoria neuroanatomica determinista à qual se contrapõe uma concepção antropológica sócio-cultural.
Com efeito, a hipótese determinista universalista sustenta que as emoções possuem um substrato constante, trans-histórico e uma extensão válida universalmente. Por exemplo, o medo diante do desconhecido é sempre o mesmo e produz as mesmas reações corpóreas.

Por outro lado, no viés antropológico as emoções não têm sempre e por toda parte o mesmo valor. Os modelos culturais podem neutralizar respostas emotivas tidas como inatas e automáticas.

De qualquer forma a definição de emoção é uma tarefa árdua. Ocupam-se disso a filosofia, psicologia, teologia, retórica, medicina, literatura, psicologia experimental e neurociência. Para avaliar a importância que o tema assumi u nos últimos tempos somente de 1872 a 1980 apareceram 92 duas definições diferentes. O autor assinala os principais momentos da história das emoções na filosofia ocidental. De Aristóteles a Kant, passando por Agostinho, Descartes, Espinoza, Hobbes e Locke. Porém, isto é não suficiente porque é difícil uma descrição pancultural das emoções. Para alguns é ridículo uma explosão de riso num funeral, ou demonstrar tristeza numa festa de núpcias, normal em alguns países. Pode causar surpresa o esforço entre os esquimós para controlar a raiva e a aprovação junto aos taitianos.

Contudo, a partir dos anos Novecentos cujas observações o construtivismo social extrai seus argumentos, deve contar com novos atores, cuja tendência novamente se direcionam para o “partido” universalístico das emoções. Entre elas podemos destacar Paul Ekman que defende a necessidade de superar a perspectiva linguística das emoções para fundamentar um estudo fundamentado sobre as expressões faciais. Para Erik existem reações invariáveis em todos os semblantes, os quais externam emoções básicas, quando submetidos a programas afetivos predefinidos submetidos a estímulos externos independentes de fatores culturais.

Para desempatar a disputa apareceu a ressonância magnética funcional, capaz de patentear ao vivo a ativação das áreas do cérebro sob a base na irrigação do sangue. O tsunzami de estudos e investimentos carreados pelo objeto não só validou seu interesse, mas também conduziu a simplificações bizarras. No entanto, a maioria se apercebeu que se estava raciocinando sobre reações anatômicas e sobre um método estatístico no mínimo incompleto para tal objeto.

Paira ainda no ar a pergunta: será que o approach sócio cultural com uma visão universalista e construtivista ainda não tem alguma validade, em que pese o convite para continuar a pesquisa através da neurociência?
Parece que atualmente se está dando mais ênfase às reações externas das emoções ao invés de se concentrar nelas mesmas. O anatômico não pertence à mesma dimensão do emocional. Procurar medir o emocional pelo fisiológico é o mesmo que comparar a medicação à oração ou amainar a dor da lama com analgésico. Cada uma tem sua própria dimensão.
As emoções são conhecidas através de diferentes tipos de experiências. Há experiência física, mas há também a experiência metafísica. E as emoções alocam-se nestas.
Um olhar pode devolver a alegria como pode aumentar a dor no coração.




terça-feira, 4 de setembro de 2018

Delegação Portuguesa


XIII Colóquio Antero de Quental
Dedicado à filosofia da educação luso-brasileira
3 a 7 de junho de 2019 de maio de 2019

3.Delegação Portuguesa

3.1. Prof. Dr. Antônio Braz Teixeira
Universidade Lusófona – Portugal
Presidente do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira
Rua Estevão Lopes, 21
2.795-018 – Linda-a-Velha – Oeiras – Portugal abraz.teixeira@gmail.com

Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa, tendo exercido funções docentes em diversas instituições de Ensino Superior, como a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, a Universidade de Évora, a Universidade Autónoma de Lisboa e a Universidade Lusófona. Membro efectivo da Academia de Ciências de Lisboa e da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa. Membro correspondente da Academia Portuguesa de História, da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filosofia (Rio de Janeiro). Autor de: A Filosofia Portuguesa Actual (1959); O Pensamento filosófico-jurídico Português (1983); Sentido e Valor do Direito. Introdução à Filosofia Jurídica (1990/ 2010); Caminhos e Figuras da Filosofia do Direito Luso-Brasileira (1991/ 2002); Deus, o Mal e a Saudade: estudos sobre o pensamento português e luso-brasileiro contemporâneo (1993); Filosofia Jurídica Portuguesa Contemporânea (1993); O Pensamento Filosófico de Gonçalves de Magalhães (1994); O Espelho da Razão: estudos sobre o pensamento filosófico brasileiro (1997); Ética, Filosofia e Religião: estudos sobre o pensamento português, galego e brasileiro (1997); Formas e Percursos da Razão Atlântica: estudos de filosofia luso-brasileira (2001); História da Filosofia do Direito Portuguesa (2005); Diálogos e perfis (2006); A Filosofia da Saudade (2006); O Essencial sobre a Filosofia Portuguesa (séculos XIX e XX) (2008); Conceito e formas de democracia em Portugal e outros estudos da história das ideias (2008); A Experiência Reflexiva: estudos sobre o pensamento luso-brasileiro (2009); A Filosofia da Escola Bracarense (2010); A filosofia jurídica brasileira do século XIX (2011); A teoria do mito na filosofia luso-brasileira contemporânea (2014). Homenageado por colegas, admiradores e discípulos, através de: AAVV, Convergências e Afinidades. Homenagem a António Braz Teixeira, CEFi / CFUL, Lisboa, 2008. É ainda o Presidente do Conselho de Direção da Nova Águia: Revista de Cultura para o Século XXI e Sócio Honorário do MIL: Movimento Internacional Lusófono.

22. Prof. Dr. Renato Manuel Laia Epifânio
Universidade do Porto
Membro da Direção do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira
Presidente do Movimento Internacional Lusófono iflbgeral@gmail.com
Renato Epifânio
Professor Universitário; Membro do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, da Direcção do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, da Sociedade da Língua Portuguesa e da Associação Agostinho da Silva; investigador na área da “Filosofia em Portugal”, com dezenas de estudos publicados, desenvolveu um projecto de pós-doutoramento sobre o pensamento de Agostinho da Silva, com o apoio da FCT: Fundação para a Ciência e a Tecnologia, para além de ser responsável pelo Repertório da Bibliografia Filosófica
Portuguesa: www.bibliografiafilosofica.webnode.com; Licenciatura e Mestrado em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; doutorou-se, na mesma Faculdade, no dia 14 de Dezembro de 2004, com a dissertação Fundamentos e Firmamentos do pensamento português contemporâneo: uma perspectiva a partir da visão de José Marinho; autor das obras Visões de Agostinho da Silva (2006), Repertório da Bibliografia Filosófica Portuguesa (2007), Perspectivas sobre Agostinho da Silva (2008), Via aberta: de Marinho a Pessoa, da Finisterra ao Oriente (2009), A Via Lusófona: um novo horizonte para Portugal (2010), Convergência Lusófona (2012/ 2014/ 2016), A Via Lusófona II (2015) e A Via Lusófona III (2017). Dirige a NOVA ÁGUIA: Revista de Cultura para o Século XXI e a Colecção de livros com o mesmo nome (Zéfiro). Preside ao MIL: Movimento Internacional Lusófono desde a sua formalização jurídica (2010).

3.3. Prof. Dr. Samuel Fernando Rodrigues Dimas
Universidade Católica Portuguesa - UCP
Membro da Direção do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira
Rua Bartolomeu de Gusmão, 4-4
2725- 480 - Men Martins – Lisboa samueldimas@meo.pt

Samuel Dimas é Professor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, membro do Centro de Estudos de Filosofia desta Faculdade e da Direção do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira. Licenciado em Teologia com a tese «A intuição de Deus em Fernando Pessoa», licenciado em Filosofia com profissionalização na via de ensino, mestre em Filosofia da Ação e em Filosofia Ibérica Contemporânea, obteve o grau de doutor em Filosofia no ano de 2011 com uma tese intitulada «A Teoria metafísica da Experiência em Leonardo Coimbra: Estudo sobre a razão mistérica e a redenção integral». Tem orientado os seus interesses para a Filosofia Contemporânea, a Filosofia da Religião, a Teologia Filosófica, a Filosofia da Cultura, a Antropologia Filosófica e a Filosofia da Arte, participando, nestas áreas, em múltiplos projetos de unidades de I&D, organizando congressos, colóquios e seminários nacionais e internacionais. Atualmente é coordenador dos projetos «Redenção e Escatologia no Pensamento Português» e «A Estética no Pensamento Português» pertencentes à linha de investigação «Cultura e Religião» integrada no Grupo de Investigação «Os Fundamentos Ontológicos da Experiência Humana». Dedicado à investigação e promoção do Pensamento Lusófono e do Pensamento Iberoamericano, destacam-se, da sua obra, as seguintes publicações: A Intuição de Deus em Fernando Pessoa - 25 poemas inéditos (1998); Deus, o Homem e a Simbólica do Real: estudos sobre Metafísica Contemporânea (2009); A Metafísica da Experiência em Leonardo Coimbra: estudo sobre a dialéctica criacionista da razão mistérica (2012); A metafísica da Saudade em Leonardo Coimbra: Estudo sobre a Presença do Mistério e a redenção integral (2013); Regresso ao Paraíso: Estudos sobre a redenção do Mundo (2014); O Progresso do Conhecimento: Ensaios de Ética e Filosofia da Cultura (2015); (coordenação), Redenção e Escatologia: Estudos de Filosofia, Religião, Literatura e Arte na Cultura Portuguesa - Época Medieval, Tomo 1 e 2, (2015); Deus e o Mundo: Filosofias da Criação e da Consumação, vol I. (2016).

3.4. Prof. Dr. José Esteves Pereira
Universidade Nova de Lisboa - UNL
Av. de Berna, 26 C
1.069-061 – Lisboa – Portugal jep@fcsh.unl.pt

Professor Catedrático Jubilado (Filosofia) da Universidade NOVA de Lisboa. Foi Vice – Reitor da Universidade NOVA de Lisboa de 1994-2000 e 2010-2014, em quatro mandatos. Licenciado (1970) e Doutorado (1980), em Filosofia pela Universidade de Coimbra. Presidente da Assembleia Geral do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, Presidente da Assembleia Geral do Centro de Humanidades/CHAM da Universidade Nova de Lisboa; Vice-Presidente da Assembleia- Geral da Associação Portuguesa de Ciência Política; Vice-Presidente do Instituto Luso-Árabe para a Cooperação; Membro do Conselho Consultivo da Fundação António Quadros ;Académico correspondente da Academia das Ciências de Lisboa (Secção de Filosofia),da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, da Academia Brasileira de Filosofia, da Academia Sergipana de Letras e da Academia Amazonense de Letras. Interesses científicos: a) Realização de estudos no âmbito do pensamento hispânico com especial incidência na reflexão do pensamento português e brasileiro. b) Estudos sobre história das ideias, especialmente nas vertentes filosófica, política, económica e social (século XVII- meados do século XIX). Algumas publicações de incidência luso-brasileira. Silvestre Pinheiro Ferreira, O seu pensamento político, Coimbra, 1974;Significação e Sentido da História em Gonçalves de Magalhães, “O pensamento de Domingos Gonçalves de Magalhães-Actas do II Colóquio Tobias Barreto", Lisboa, Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, 1994;Coordenadas Epistemológicas de Gilberto Freyre, "Anais do Seminário Internacional Novo Mundo nos Trópicos" Recife, Fundação Gilberto Freyre, 2000;Teorização absolutista e centralização, “Teoria do Estado Contemporâneo” (organizado por Paulo Ferreira da Cunha), Lisboa, 2003;Percursos de História das Ideias, Lisboa,2004; O Essencial sobre Silvestre Pinheiro Ferreira, Lisboa, 2008; 1808 e a Modernização da Filosofia no Brasil: Silvestre Pinheiro Ferreira,” II Conferência Farias Brito”, Textos do Programa de Pós-graduação em Filosofia, do Centro de Filosofia Brasileira, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, 2008.Miguel Reale e a Ideia de Estado, “O pensamento de Miguel Reale”, “Actas do IX Colóquio Tobias Barreto”, Lisboa, 2011.Positivismo e República em Portugal e no Brasil, “Pensar a República”, Coimbra, 2014. Presença de Ortega y Gasset no pensamento luso-brasileiro, in “Iberian Interconnections-Conference Proceedings”, Porto, Universidade Católica Portuguesa, Col. eBoooks (2016).

4.5. Prof. Dr. Manuel Cândido Pimentel
Universidade Católica Portuguesa - UCP
Instituto de Filosofia Luso-Brasileira
Rua Bartolomeu de Gusmão, 4-4
2725- 480 - Men Martins - Lisboa cpimentel@fch.lisboa.ucp.pt

Licenciatura em Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1986. Mestrado em Filosofia, especialização em «Filosofia e Cultura em Portugal», na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1991. Doutoramento em Filosofia, especialização em «Filosofia Moderna e Contemporânea», na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, em 2001. Especialista nas áreas de Filosofia em Portugal, Filosofia Moderna, Filosofia Contemporânea, Filosofia do Conhecimento e Ética. Assistente Estagiário do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade dos Açores, de 1986 a 1991, e Assistente do mesmo Departamento, em 1991. Assistente da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade
Católica Portuguesa, na Área Científica de Filosofia, de 1991-2003. Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, na Área Científica de Filosofia, desde 2003. Diretor do Centro de Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, desde 2002. Coordenador da Área Científica de Filosofia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, desde 2004. Membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa, desde 2004. Sócio Fundador e membro do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira desde 1992.

Postagens mais vistas