sábado, 26 de fevereiro de 2011

VOLTA ÀS AULAS E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA - Selvino Antonio Malfatti


Milhares de estudantes de todo Brasil estão voltado às aulas. Refrescaram a cabeça e agora prontos para o recomeço. Foram emocionantes as cenas divulgadas pela televisão mostrando o reencontro dos estudantes. Abraçavam-se, apertavam-se, beijavam-se e –acreditem – alguns até choravam de alegria!
Eles serão nós no futuro, por isso merecem toda a atenção. Aproveito este momento para lançar um desafio: discutir o modelo educacional brasileiro? Fazer um feedback? Sabemos que as coisas não andam bem para a educação no Brasil.
O Brasil ficou 88º lugar no ranking de 128 países sobre educação, elaborado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Dos critérios utilizados, quais sejam o percentual de crianças entre 6 e 15 anos matriculadas na escola, o índice de analfabetismo, a igualdade de acesso entre meninos e meninas e a QUALIDADE. Este último foi o pior de todos obtendo, numa escala de 0 a 1, valor 0,756 nota característica de países de baixo desenvolvimento. O Brasil ficou atrás de países como Paraguai, Colômbia e Bolívia. Alguns quiseram apresentar justificativas, como o alto índice no crescimento das matrículas, infra-estrutura, baixo preparo dos professores entre outros. Isto explica, mas não justifica...
Por sua vez, as universidades também não estão em situação confortável. A considerada melhor universidade do Brasil, a USP, desceu da 53ª posição para 122ª na ranking “Webometrics Ranking of World Universities”, isto é, a disponibilidade ao público dos conhecimentos produzidos na universidade. Com isso, neste item a USP deixou de ser a melhor universidade da América Latina.
Já no critério de IDH – Índice de Desenvolvimento Humano- o Brasil obteve 0,797 numa escala de 0 a 1. Ficou entre os países de desenvolvimento médio e próximo dos países de alto desenvolvimento. O índice colocou o Brasil ao lado dos países do leste europeu. Os critérios para se medir o IDH são: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão de vida decente.
Mas o problema maior não está neste índice geral, que até foi bom, mas nos regionais. Enquanto sul (o mais alto índice), sudeste e centro oeste praticamente estão enquadrados entre os países de alto desenvolvimento, norte (médio) e nordeste entre os de baixo desenvolvimento. Este último puxou a média nacional para muito baixo.
Na questão dos talentos também decrescemos. É a capacidade de o país de formar, atrair e manter jovens talentos. Em 2007 ocupávamos a 23ª posição entre 30 países e o índice cairá para 25 para o ano 2012. O país investe em talentos, estes se capacitam e vão embora, atraídos por salários, incentivos e valorização melhor que aqui.
Este é um pequeno quadro da educação brasileira. Onde está o problema. Proponho reduzir ao máximo a análise para facilitar. Vamos ver escolas concretas. E para não melindrar ninguém, vamos ficar com uma de resultados positivos. É o caso dos Colégios Militares. No caso do Colégio militar de Porto Alegre. A porcentagem de aprovação dos vestibulandos foi: dos 144 alunos que concluíram o 3º Ano em 2010, 131 prestaram o vestibular. Destes, 81 foram aprovados. Foi também o maior percentual de aprovação na URGS, 61,83%, superior ao recorde anterior, obtido no vestibular de 2008, quando, após a 3ª chamada, atingiu o nível de 61,11%. Isto acontece com as demais escolas militares.
O que têm estas escolas de características em comum e o que as diferencia das demais? Uma constatação que salta à vista é a exigência para que o aluno efetivamente aprenda e não apenas passe. Concordo que se deva facilitar ao máximo para que aprendizagem ocorra, mas nunca abrir mão da aprendizagem. O que se nota é que há confusão entre facilitar a aprendizagem e o exigir de que efetivamente o aluno aprendeu. E se não aprendeu, repete e não dar “mais uma chance”, um trabalhinho (copiado da internet) até que consiga a nota para “passar”.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

CARNAVAL, ADEUS À CARNE – PARA QUEM? Selvino Antonio Malfatti






Vamos esquecer que os trabalhadores do mínimo ganharam menos de 10% - 10 reais sem mordomias - e os deputados mais de 73% - 12 mil recheados de mordomias?
É o que vai acontecer. Dentro de poucos dias o Brasil vai esquecer as mágoas e atirar-se aos braços do Momo. Já estamos em ritmo de Carnaval: a mídia, o comércio, as músicas, as ruas, as pessoas. Mas, afinal, o que é o Carnaval? Qual o sentido? Qual sua origem?
Para se entender basta observar calendário. Logo após o Carnaval inicia um período religioso chamado de Quaresma o qual antecede a Semana Santa. No período anterior à Semana Santa, os medievais davam vazão aos sentidos entregando-se aos prazeres: comida, bebida, diversões e sexo. Nos três últimos dias – Carnaval - aumentava de intensidade porque era estava findando. Era o Carnaval, período de despedida: de comemorações, de prazeres, de festas. A própria palavra já o diz: carum e vale (do latim: carne e adeus), daí, então: adeus à carne, isto é, aos prazeres carnais ou mundanos. Depois viria a Quaresma, período subseqüente ao Carnaval, dedicado ao e jejum e abstinência em preparação à Semana Santa e Páscoa.
Evidentemente não tem mais sentido religioso o Carnaval atual. É um fenômeno puramente cultural, simplesmente um período de diversão popular, no qual, se exibe o resultado do trabalho artístico de um verdadeiro exército de empregados ou dedicados a essa indústria nas Escolas de Samba. É uma empresa como as outras só não há empregadores e empregados, mas artistas e “patronos”, estes podem ser gente de bem ou gente do mal, inclusive traficantes.
O Carnaval no Brasil acontece nas ruas, nos clubes ou nos bailões. Difundido em todo Brasil desde a capital federal, as capitais estaduais, e em praticamente em todos os municípios. Em toda parte, o ponto alto do Carnaval é o desfile das Escolas de Samba. As escolas desfilam em carros alegóricos. Nestes devem constar uma Bandeira Oficial, carregada por uma Porta Bandeira e protegida por um Mestre Sala, figurantes com suas fantasias e adereços, um enredo fantasioso, ou abstrato, ou da história ou dos costumes populares, musicalmente ilustrados por um Samba de Enredo, de letra e música inéditas e complementadas por Alegorias, Passistas, Fantasias de Destaque, Ala de Baianas, tudo evoluindo em desfile ao ritmo de uma Bateria.
Se observarmos minimamente os diversos elementos constitutivos dos desfiles das Escolas de Samba, salta aos olhos a monotonia. As baterias e melodias são praticamente iguais em todos. Os enredos são pobres de conteúdo. Os movimentos da Porta Bandeira, das baianas e passistas são semelhantes em quase todas as escolas e desfiles. Mas o que faz, então, ser tão atraente o desfile? Com certeza são as fantasias, as alegorias e a arte dos carros alegóricos. Nesses enxergamos sim a arte popular e erudita se fundirem para proporcionarem ao desfile um espetáculo inaudito e o Carnaval se transformar num ato grandioso, atraindo expectadores de todas as partes. Para o Rio de Janeiro, mas para outras capitais também, acorrem turistas do mundo inteiro para assistir ao desfile das Escolas de Samba.
É tempo de Carnaval, um ADEUS À CARNE. Com certeza são os do salário mínimo que se despedem da carne, porque os da elite política, estão dando as BOAS VINDAS À CARNE. E que filés e picanhas!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

ALTO E AUTOAUMENTO DOS PARLAMENTARES - Selvino antonio Malfatti



Você já pensou se tivesse uma conta para pagar e estivesse em dificuldade para saldá-la? Que sufoco, não? Ou se quisesse comprar alguma coisa e não tivesse dinheiro? Que sofrimento! Ou tivesse vontade de fazer uma viagem, mas não dispusesse de recursos? Que frustração! Sem falar no sonho de ter uma casa, um carro ou outro bem? Mas digamos que você pudesse dispor o quanto precisasse e pudesse chegar ao patrão e dizer:
- Agora quero ganhar tanto. E pronto, no próximo mês, você passaria a ganhar o que pediu.
Pois é, este mundo existe, não é invenção nem estórias, nem uma fantasia de verão. Só que não é para todos. Ele é restrito aos NOSSOS representantes. A elite como diria Gaetano Mosca. Por paradoxal que seja esta elite são empregados nossos, mas que mandam em nós. Os empregados mandam nos patrões. E nós eleitores - os empregadores - devemos ficar bem quietos, senão eles não trabalham mais para nós. E estes empregados não estão reivindicando a mais-valia, não. Eles têm em mira o próprio capital.
No sistema político da divisão dos poderes, cada um dos poderes deve ser de tal forma independente que um vigie o outro para que cada um permaneça na sua órbita e não se exceda, conforme ensina o clássico Montesquieu, combinado com os ensinamentos dos Federalistas norte-americanos – Hamilton, Jefferson e Madison. Se algum quiser ter mais vantagens e avançar o sinal, o outro o conterá, de modo que o equilíbrio se alicerce nos pesos e contrapesos.
Mas no caso brasileiro, ocorreu um desvio e equilíbrio está em que cada um dos poderes busque o máximo de vantagens para si, atribuindo o máximo de vantagens para os outros poderes. O legislativo, por exemplo, querendo aumentar seus salários, aumenta do executivo e do judiciário, é um efeito da cascata atingindo a área federal, estadual e municipal. Foi o que aconteceu com o auto (e alto) aumento de 61,83% dos salários dos parlamentares, de 133,96% do vencimento do Presidente e 148,63 de vice-presidente. Assim, se o legislativo se auto-aumentar (e alto aumentar) automaticamente aumenta os salários do executivo e judiciário. Esses dois poderes, por sua vez, se forem se auto (e alto) aumentar, aumentarão também aos outros dois. Desse modo o auto-controle se transmuta-se em auto-favorecimento, para gáudio de todos os políticos.
No parlamento brasileiro há um expediente que permite isentar dos deputados e senadores da responsabilidade do auto-aumento (e alto) de salários. Trata-se da do regime de urgência e do acordo de lideranças. O projeto é apresentado pela mesa diretora e entra em votação sem discussão de praxe ou por consenso de lideranças. E pronto, está aprovado, sem discussão, sem estresse, sem incômodos da média, ou protesto dos eleitores. Foi o que aconteceu com o projeto de aumento dos vencimentos dos parlamentares. Os questionamentos foram isolados e sem a mínima força para reverter a situação. Haja vista o resultado do placar: 279 votos a favor, 35 contrários e 3 abstenções. Como é um decreto legislativo não precisa da sanção presidencial (melhor para a Dilma e o Temer).
Mas este auto (e alto) aumento não só beneficia a área federal. Atingirá as assembléias legislativas e as câmaras de vereadores. É uma farra só: do federal ao municipal. Abaixo estão os heróis da pátria do novo auto (e alto) aumento, responsáveis pelo acordo de lideranças:
Aldo Rebelo (PC do B-SP)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Jorge Alberto (PMDB-SE)
Luciano Castro (PL-RR)
José Múcio (PTB-PE)
Wilson Santiago (PMDB-PB)
Miro Teixeira (PDT-RJ)
Sandra Rosado (PSB-RN)
Coubert Martins (PPS-BA)
Bismarck Maia (PSDB-CE)
Rodrigo Maia (PFL-RJ)
José Carlos Aleluia (PFL-BA)
Sandro Mabel (PL-GO)
Givaldo Carimbão (PSB-AL)
Arlindo Chinaglia (PT-SP)
Inácio Arruda (PC do B-CE)
Carlos Willian (PTC-MG)
Mário Heringer (PDT-MG)
Inocêncio Oliveira (PL-PE)
Demóstenes Torres (DEM-GO)
Efraim Moraes (DEM-PB)
Tião Viana (PT-AC)
Ney Suassuna (PMDB-PB)
Benedito de Lira (PL-AL)
Ideli Salvatti (PT-SC)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

APOSENTADORIA DE EX-GOVERNADORES - Selvino Antonio Malfatti

Nos últimos dias, devido ao requerimento de aposentadoria de um ex-governador do Rio Grande do Sul, veio a público um assunto que a população não tinha conhecimento ou não se lembrava: trata-se da aposentadoria remunerada de ex-governadores. É a Lei 10.548, atualizada em 1995, pela qual concede aposentadoria a ex-governadores deste estado do Rio Grande do Sul, desde que não exerçam função pública e não tenham emprego em estatais. Acontece que o requerente é senador e, portanto, ou não tem direito a esta aposentadoria ou renuncie ao mandato, ou abra mão do salário de senador. A justificativa para conceder aposentadoria para ex-governadores é de que, com isso, não se corromperiam.
Data vênia, neste caso, qualquer um que exerça algum cargo público ou privado também deveria receber aposentadoria quando se afastasse, independente do tempo de serviço. Por que qualquer um é passível de corrupção desde que não tenha em mente o bem público.
Num regime republicano, regido pelo princípio da virtude, como ensina Montesquieu, a função pública é com vistas ao bem comum. A corrupção está afeta à ética e não à economia. Querer combater a corrupção pela economia é o mesmo que colocar uma raposa como guardiã do galinheiro...
O ex-governador, atualmente senador, após 20 anos do término de seu mandato, requereu a aposentadoria alegando que, com o salário de senador, não conseguia sobreviver!
Senhor senador: requerer a aposentadoria pode, é legal (embora eticamene discutível) mas argumentar que não sobrevive com salário de senador é, no mínimo, imoral e porque não um deboche? Realmente, causa estranheza o requerimento do senador, porque todos o consideravam uma reserva moral desta república e um guardião da ética.Senador, bastaria dar uma olhadinha na folha de pagamento dos funcionários estaduais, no contracheque dos professores que ralam para sobreviver ou outras categorias impotentes. Poderia centrar-se no que fazem estudantes que trabalham de dia e estudam à noite, pagando seus estudos em colégios privados e sobrevivendo do salário mínimo. Os catadores de lixo, que sobrevivem das sobras, conseguindo cinco reais por dia para sustentar a família e nos dias que chove ter que esmolar. Como estes conseguem sobreviver, senador? E se falarmos dos trabalhadores CLT? Daqueles que recebem o mínimo? O pior que o regime CLT só é ruim para o trabalhador, mas altamente rendoso para o governo, inclusive para pagar as milionárias aposentadorias dos senadores e ex-governadores. Por que, embutida na CLT, o governo abocanha do trabalhador o filé mignon do salário...
Mas quando todos estavam arrepiados com a imoralidade, e o lógico seria derrubar a lei, eis que o governo estadual – CANDIDATO GARANTIDO À APOSENTADORIA DE EX-GOVERNADOR – está elaborando um projeto para dourar a pílula e fazer com que a população engula a aposentadoria dos ex-governadores e ele a embolse daqui a quatro anos. A proposta faria Marx e Stalin corar...
Por favor, está na hora de abolir privilégios. A Idade Média passou, o absolutismo foi abolido, vivemos num regime de direito e democrático, no qual, é fundamental que todos sejam iguais, para que possam ser livres. Usar o poder em favor de favores pessoais ou classistas colide de frente com o regime republicano, que é essencialmente regido pela ética.
E ainda, se não for imoral ou anti-ético em nada se assemelha ao franciscano.


Estes são os heróis atuais das aposentadorias no Rio Grande:

- Amaral de Souza
- Jair Soares
- Pedro Simon
- Alceu Collares
- Antonio Britto
- Olívio Dutra
- Germano Rigotto
- Yeda Crusius (a partir de fevereiro, referente à folha de janeiro de 2011)
Viúvas de ex-governadores:
- Marilia Guilhermina Martins Pinheiro (Leonel Brizola)
- Nelize Trindade de Queiroz (Synval Guazzelli)
- Neda Mary Eulalia Ungaretti Triches (Euclides Triches)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

AS ENCHENTES DO RIO DE JANEIRO E MAQUIAVEL - Selvino Antonio Malfatti







No Rio de Janeiro, ambientalistas, geógrafos e técnicos de todas as especialidades há muito tempo alertam para a eminência de uma catástrofe. Na região serrana a densidade da camada de terra firme sobre as rochas é mínima e por isso a capacidade de absorção é baixíssima. Se esta camada for encharcada inevitavelmente ocorrerão deslizamentos.
Na natureza chega um momento em fatores, os mais distantes, convergem e a catástrofe é inevitável. Foi o que aconteceu com as cidades serranas do Rio de Janeiro como Petrópolis, Nova Friburgo, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto e Sumidouro. A Zona de Convergência conectou-se com uma barreira de contenção aprisionando as massas de ar em um único local. As nuvens acumuladas no alto das montanhas atingiram as nascentes dos rios, os quais, após as enxurradas, desciam ladeira abaixo numa velocidade de 150Kh. Toneladas e toneladas de lama rolavam serra abaixo arrasando e soterrando tudo o que encontravam pela frente. As cidades da região, com um sistema cloacal deficitário, logo foram inundadas pela correnteza de água, lama e barro.Uma reflexão sobre o acontecido se impõe.
Quando o povo elege alguém para governar tem em mente que: 1º solucione os problemas existentes e, 2º antecipe-se a problemas que poderão advir. Para tanto, conforme Maquiavel, o governante deve contar com duas variáveis: a virtù e a fortuna.A primeira diz respeito a preparação intelectual e moral do dirigente e a segunda, possíveis problemas que poderão acontecer do curso dos fatos. A virtù é uma qualidade que pode ser adquirida pelo estudo, treinamento e prática. A fortuna, porém, é uma possibilidade iminente que exige do governante uma pré-disposição de previsão, natural e inata, tal qual a capacidade para a música, para pintura e para arte de uma maneira geral. É a qualidade de ler o curso da ordem natural, social e política. Para bem entendê-la é preciso remeter-se ao sentido mitológico tomado por Maquiavel.
A deusa Fortuna – sábia, rica e poderosa – exigia que os pretendentes de sua mão não só cumprissem o que ela determinava como que previssem seus desejos e se antecipassem a eles. Para Maquiavel, assim deve ser o governante: não só solucionar problemas existentes, mas antecipar-se a eles para evitar que aconteçam. O próprio Maquiavel usa de uma metáfora, certamente extraída do que acontecia com o rio Arno que atravessa sua cidade de Florença. Diz que em tempos normais um rio sacia a sede dos humanos e animais, fertiliza os campos e serve de meio de transporte. Mas, se tal rio, sofrer uma enchente irá transbordar, matar homens e animais e arrastar consigo tudo o que encontra pela frente. O governante sábio deverá ler a fortuna e entender que este rio poderá transbordar a qualquer momento e para tanto tomar as providências para que sempre se mantenha dentro de seus limites e com isso ser útil aos homens, animais e plantas.
No Rio de Janeiro a iminência da catástrofe era conhecida de todos e com mais razão deveriam saber os governantes. Mas a mesquinha sabedoria não queria enxergar o óbvio. A natureza, porém, não perdoa e a catástrofe aí está. Mortos e soterrados por toda parte. Cidades destruídas. Infra-estrutura arrasada como ruas, encanamentos, fiação, estradas e pontes. Esta é a conseqüência da tragédia pela falta de virtù, diante da fortuna, de governantes inaptos, mal preparados e sem vocação para a política

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

FÉRIAS - Selvino Antonio malfatti




Passaram-se as festas, findou o ano letivo, vestibular? Adeus! Um ano trabalhado é igual a 30 dias de férias. Enfim, férias. Férias é o período de descanso de empregadores, empregados, servidores públicos, estudantes após um ano de atividades
A origem da palavra é latina: feriae, o dia de descanso para os romanos. O imperador Constantino, III século depois de Cristo, denominou os dias da semana de “prima feria, secunda feria etc.” Mas tarde, a prima féria passou a denominar-se Dominicus, domingo, dia do Senhor e a Septima feria, passou a chamar-se de sabbatus, dia de oração para os primeiros judeus cristãos. A língua portuguesa, filha da língua latina, foi a única que manteve : domingo, segunda feira, terça feira etc. Mas atualmente, ferias está associada ao direito de descanso laborais e escolares.
Ao descanso laboral têm direito todos os trabalhadores entre 12 e 24 meses de trabalho, com direito a 20 ou 30 dias. Se recebeu somente 20 deve requerer os restantes em forma de pagamento. No Brasil este direito foi conquistado no ínício do século XX, por pressões dos trabalhadores e aprovação da lei pelo Parlamento.
No Brasil as férias escolares abrangem de 90 a 120 dias, geralmente nos meses de janeiro, julho e dezembro. Algumas escolas e universidades estendem o período de férias ao mês de fevereiro. Em outros países, mormente os europeus, acontecem em outros períodos devido às estações quentes ou frias, Há as “pequenas férias” próximas ao Natal, Páscoa e Carnaval e as “férias grandes” as quais, geralmente ocorrem em junho ou julho.
As pessoas aproveitam as férias das mais diversas formas. Vão aos balneários (de rios ou mar) às montanhas (de esqui ou tropicais. Algumas permanecem em casa realizando atividades prazerosas como jardinagens, crochês, bordados, pinturas. Algumas viajam para outros países ou para belos regiões de seu próprio solo natal. O importante é realizar uma atividade diferente e que dê prazer.
A origem das férias laborais está ligada à Revolução industrial que teve início na Inglaterra. Isto aconteceu devido à mudança na forma de se produzir bens. Enquanto na Idade Média, os bens eram confeccionados artesanalmente, no período industrial, eles passaram a ser feitos através de máquinas. Para fazê-las funcionar necessitavam-se de operários para produzir energia (carvão), extração de matéria prima (ferro) e manipulá-las (mão der obra).
A indústria do século XVIII e XIX, tinha um local de trabalho chamado fábrica. Não era nada bom o ambiente de trabalho e estava longe do que é atualmente. Naquele épocas as condições lobarais da fábrica eram precárias. A iluminação era deficiente, a temperatura quente ou fria e o a limpeza péssima. Os salários aviltantes, a jornada de trabalho durava até 18 horas e a mão de obra constituída na sua maioria por mulheres e crianças. Nãohavia nenhuma garantia trabalhista como sálário fixo, descanso semanal, férias remuneradas, assistência á saúde e aposentadoria. Tudo dependia da boa vontade (ou má) do empregador. A média de vida do trabalhador girava em torno de 35 anos.
Em meio a este caos surgiram líderes que começaram a unir os trabalhadores, num arremedo de sindicatos, pressionando por melhores condições de trabalho. Sempre em tais circunstâncias ocorrem os extremismos como foi caso dos ludistas que partiram para a violência, quebrando as máquinas mas também surgem os de bom senso optanto pela via pacífica, como foi o caso do cartismo. Pouco a pouco os sindicalistas conquistaram o apoio da representação política e as leis trabalhistas foram sendo aprovadas dando aos trabalhadores as garantias que hoje conhecemos tais como: uma legislação garantira dos direitos, sindicatos reconhecidos, descanso semanal, cobertura sanitária, aposentadoria e as BEM VINDAS E BEM AVEN TURADAS :
F É R I A S.
A todos BOAS FÉRIAS.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Os Reis Magos



No dia 6 de janeiro o cristianismo comemora a festa dos Reis Magos, ou também chamada de Epifania. Esta é uma palavra grega - ἐπιφάνεια- cujo sentido para os gregos era a manifestação da divindade (milagre, visão, sinal entre outros sinais). No Brasil, esta festa não tem muito importância devido à influência americana. Na Europa e na Igreja Ortodoxa a festa é algumas vezes mais importante que o proprio Natal. Em Portugal, por exemplo, todo período que vai do Natal a 6 de janeiro é considerado as Janeiras. São dias de festas polpulares, período que as pessoas se visitam e cantam antes de entrar em casa. Entrando, recebem iguarias, doces e vinho.Na Igreja ortodoxa, no dia 6 de janeiro, celebra-se o batismo de Jesus, precisamente a manifestação de sua divindade, pois como narram os evangelhos, o céu abriu-se e uma voz forte proclamou: este é meu filho.
O signficado religioso está ligado à tradição de que três reis teriam vindo do oriente a Belém para visitar o recém nascido Salvador. Daí o sentido da palavra: manifestação da divindade do Salvador não somente aos hebreus mas a todas as nações representadas pelos reis estrangeiros. O porquê de “Reis Magos” se deve a uma referêmcia de Isaías: “As nações se encaminharão à tua luz, e os reis, ao brilho de tua aurora”. Surgiu também os nomes desses reis: Belchior, Gaspar e Baltasar, cada um deles representando uma nacionalidade ou mesmo uma raça, como alguns querem interpretar: os semitas (hebreus e árabes), os camitas (negros) e os giapetas ( brancos indoeuropeus).
Conforme é narrado eles apareceram na Judéia guiados por uma estrela e traziam para o Salvador incenso – que signficava a divindade, ouro – símbolo da realeza, e mirra – antecipação do sofrimento que teria que suportar.
O evangelho de Mateus, narra que os Reis adoraram o menino. O pano de fundo desta comemoração é a divindade de Jesus e a salvação extensiva a toda humanidade. O segundo aspecto é o mais significativo, pois os hebreus acreditavam que a salvação somente seria para eles. Aliás, o próprio chefe da igreja, Pedro, no início, não tinha clara a idéia de salvação da humanidade. Prova disso é que ele simplesmente seguia os ritos judaicos. Foi necessário que Paulo o alertasse de que a salvação não era exclusiva aos hebreus mas aos demais povos do mundo.

Um exemplo da Janeiras em Portugal:

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza
Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura

Com a festa da Epifania - Reis Magos - finda o ciclo natalino. Acertamente os italianos dizem: "la festa de la Epifania, le feste le portano via".
A todos esperamos que tenham tido B O A S F E S T A S.

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