Suspensas momentaneamente as publicações.
1ºde novembro 2022
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1ºde novembro 2022
A expectativa era grande
para ver se haveria Segundo Turno nas eleições de 2 de outubro no Brasil e se
houvesse em que porcentagens. E a surpresa foi enorme, pois, parte dos
partidários de Lula acreditava, numa vitória no Primeiro Turno. A surpresa do
Segundo Turno houve, mas com porcentagens muito próximas entre o primeiro e o
segundo.
A título de curiosidade
vamos apresentar algumas aproximações e distanciamentos dos dois candidatos.
O atual presidente Jair
Bolsonaro do Partido Liberal, de direita, no cargo desder 2019 e o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, líder de uma ampla coalizão aglutinada em torno do
Partido os Trabalhadores, de esquerda.
Chama a atenção é um cenário
extremamente polarizado, carregado de tensões, já somam três mortes,
acontecimentos não comum no Brasil. Os dois candidatos engalfinharam-se na
disputa: Lula para ganhar o primeiro turno, Bolsonaro para garantir o segundo
turno em 30 de outubro. As pesquisas dos institutos apontam uma vantagem de 10
pontos percentuais para Lula, (50% Lula – 35% Bolsonaro). O resultado, porém,
foi bem diverso. Lula não passou de 5% de vantagem.
Um pouco de dados
biográficos de cada um.
Lula, sétimo filho do casal de camponeses de Garanhuns, nasceu 3m 1945, nordestino de Pernambuco. Emigrou para São Paulo ainda criança com 7 anos. Trabalhou como vendedor ambulante e engraxate. Aos 14 anos consegue uma profissão de torneiro mecânico. Cedo ingressa no Sindicato dos metalúrgicos e elege-se presidente. No período de 1979/80 lidou grandes greves e acaba sendo preso, permanecendo reclusos 31 dias. Funda o Partido dos Trabalhadores e elege-se deputado em 1986. Tenta chegar a presidência por três vezes, o que consegue em 2002/2006. Em 2010 rodeado de popularidade. É sucedido por Dilma Roussef, que sofre o impeachment. A partir de então começam as investigações judiciais de Lava Jato por crimes de corrupções e lavagem de dinheiro, o que o impede de concorrer às eleições e em 2018 acaba preso por 580 dias. Em março de 2021 recupera os direitos políticos após a anulação das condenações do Supremo Tribunal Federal com a alegação de defeitos técnicos. Lula permanece não condenado juridicamente, mas não absolvido das acusações.
Bolsonaro,
paulista de Glicério, filho de descendentes italianos. Por parte paterna de
Anguillara, Pádua e materna da Toscana. Ingressa na carreira militar e em 1986
formou-se na Academia militar. Após denunciar os baixos salários num artigo foi
por 15 dias preso. Um ano depois é condenado e absolvido por plantar bombas em
unidades militares. Em seguida é transferido para a reserva com posto de
capitão.
A partir de então começa a
carreira política. Eleito sete vezes para a câmara dos deputados. Apenas dois
projetos viraram lei dos 170 apresentados. Sua marca é mudar de partido, pois
em 30 anos mudou 9 vezes. Em 2018 concorre como candidato antissistema e
anticomunista, tornando-se o porta-voz de anti-PT e dos escândalos de corrupção
principalmente dos de Lava Jato. Durante a campanha presidencial é vítima de um
atentado a faca. Em 2019 deixa o partido PSL e ingressa no Partido Liberal,
concorrendo para um segundo mandato. Para seus inimigos desenvolveu ataques xenófobas,
racistas e homofóbicas às minorias. Foi acusado também de má gestão da pandemia
da COVID-19 causando milhares de mortes. Contudo não se puderam associar as
baixas da COVID com a própria gestão. Examinemos
rapidamente o conteúdo ideológico e programático dos candidatos.
Lula. Não se pode dizer que é possível extrair uma coerência ideológica, apenas programática. Debaixo do guarda-chuva de: ” Esperança, amor, trabalho e reconstrução” , apoiado por artistas – como Caetano Veloso e desportistas como Raí –apegado a bandeiras vermelhas, o que fez foi construir um “frente ampla de partidos” visando não só eleitores tradicionais da esquerda, mas também os decepcionados com o bolsonarismo. Edinho Silva, prefeito de Araraquara e coordenador da campanha de comunicação de Lula, explica o programa de Reconstrução e Transformação do Brasil: "Inclusão social, combate à fome e à pobreza, aumento do salário mínimo e recuperação econômica, multilateralismo nas relações internacionais”. Em síntese aumentos de gastos sociais e incremento da ação do Estado, bem como “políticas específicas para a população LGBT+, negra e indígena.”
"O que realmente lamento é que a social-democracia brasileira tenha afundado junto com Lula. Alkmin e os tucanos acompanhando o ex-presidente larápio no palanque, suicida-se politicamente e leva consigo os tucanos. Lamentável. Porque a social-democracia ainda teria algo a dizer nestes tempos de crise, reconhecendo os seus erros e baixando o nariz empinado com que enfrentou o eleitorado ao longo desta insossa campanha." (Publicado em: 17/10/2022 – Ricardo Velez Rodríguez-LULA MENTINDO O TEMPO TODO)
Bolsonaro. Vale-se de 4 pilares: Deus, pátria, família e liberdade, para levar adiante sua campanha eleitoral. Com a bandeira verde-amarela o “capitão” puxa as motociatas, seguido por milhares. Entre eles estão Neymar do PSG, com o balé no tiktok e o ex-piloto da Fórmula 1, Nelson Piquet. Um programa econômico para levar o Brasil à potência mundial. Para tanto aponta para: “geração de emprego e renda, a liberdade de negociação contratual, a redução da burocracia e da carga tributária, a desregulamentação para estimular o empreendedorismo, o aumento da produção agrícola, mineradora e de fertilizantes”.
"Bolsonaro, na correria da campanha que se alastra penosamente com as chuvas extemporâneas desta primavera que não decola, faz o que pode, mostrando a falta de objetividade do seu adversário e pontuando as realizações feitas pelo seu governo no último quatriênio. Erros houve. Mas também houve correção de rumos e tentativas de reerguer a nossa combalida economia. Coisa que, convenhamos, o atual governo tem conseguido fazer. Não é o melhor dos mundos possíveis, mas é o que o governo, aliado ao Parlamento, conseguiu realizar, para minorar a penúria.!" ((Publicado em: 17/10/2022 – Ricardo Velez Rodríguez-LULA MENTINDO O TEMPO TODO)
Ideologicamente cremos na hipótese de que Lula propõe uma democracia, nos moldes do socialismo ortodoxo de Fidel Castro de Cuba e Hugo Chavez da Venezuela. São suas companhias. Seria um socialismo não democrático, mas populista.
Enquanto Bolsonaro acredita no conservadorismo. Suas companhias Donald de Trump e Joe Biden, dos Estados Unidos. Seria um conservadorismo não genuinamente democrático, mas autoritário.
E se o ditado for válido: DIGA-ME COM QUEM ANDAS....
Bruno Latour, nascido em 1947, em Beaune, França, ficou conhecido no mundo intelectual como o
filósofo da ciência e da ecologia política. Deixou o mundo durante a noite de
Latour tem uma maneira peculiar como pensador. Em vez de fundamentar
sua proposta no conhecimento das teorias das grandes autoridades no assunto, produzindo,
portanto, um conhecimento fundamentado, já testado, prefere
buscar in loco, ao vivo, no momento vivo que se realiza. Para tanto, peregrina por
onde a pesquisa palpita viva, nos laboratórios, tribunais, exposições
artísticas e em novéis trabalhos de campo. Aí busca não o que já é consensual,
mas o controverso, o polêmico.
De certa maneira Latour quer repetir o renascimento
científico ao se propor voltar às fontes do pensamento da modernidade, apoiando
e negando a divisão tradicional entre natureza e cultura, entre um mundo humano feito de afetos,
intenções, consciência, escolhas contrapondo-se a um mundo natural, carente,
potência de vontade e ação, ou de “agência”, como é definido pelos britânicos.
Conforme
Latour a palavra “modernidade” é apontar para uma direção e mesmo uma palavra de ordem, daquelas que mais incitam para uma ação do que para um conteúdo científico. É um chamamento para o
crescimento sem estar limitado, ao incremento tecnológico sem se preocupar com
a crítica reflexiva. Um convide para deixar de lado as condições do planeta,
uma exaltação ao progresso do ponto de vista apenas humano.
Num dos seus livros “Nunca
Fomos Modernos” imbuídos que fomos da ideologia da modernidade associada à
ideia da negação dos direitos dos outros ( extensivo a populações e outras
formas de vida). A exacerbada exaltada da falsa autonomia ocidental que se
abrigou no esconderijo da dependência e relação com outros seres humanos, vivos
e não humanos. Se atualmente o conceito de não humano já se encontra
constituído isto foi devido a Latour e Lovelock que mostraram que todos os seres
da natureza estão submissos às mesmas leis invioláveis, contrariando um dos
princípios fundamentais da modernidade. Senão vejamos: enquanto Latour
pronuncia estas palavras emocionantes em algum momento, como contra prova, numa
refeição, um ser humano tem diante de si outro ser não humano, como um prato de
cordeiro, ave, gado, peixe, ovos ou outro alimento. Cada romper do dia milhares de cabeças de gado são abatidas, frangos aos milhões, suinos às centenas e centenas, redes cheias de peixes, crustáceos, animais silvestres, todos são mortos para manter o homem vivo.Com que direito se apodera
de outros seres? Diz que há um Código de Ética para Humanos e outro para Animais. Elaborado por quem? Se invertesse a autoria dos códigos continuaria ser justo? Por que um animal não poderia saborear
um ser humano como os canibais brasileiros faziam, com a consciência mais
pacífica do mundo. Por que inocentes animais podem servir de alimento aos seres
humanos e não vice-versa ou simplesmente ser uma ação antiética para todos?
E se, em vez de devorarmos animais, por que não criamos
artificialmente o que necessitamos. Vejamos a proteína, carne. Já dominamos a
técnica da “carne artificial”. Sua obtenção é através das células-tronco. As células
são obtidas através da retirada de um músculo vivo e cultivadas num biorreator
que reproduz as condições de um corpo animal (temperatura, acidez pH etc.;)
nutrientes para que as células se multipliquem exponencialmente. Com isso, uma
única célula pode produzir 10.000 quilos de carne. (https://www.corriere.it/dataroom-milena-gabanelli/
)
O ecossistema em que vivemos animais, plantas, vírus
bactérias, oxigênio e metano é um mundo co-construído, do qual o ser humano é
apenas UM dos inúmeros anéis. Foi necessária a pandemia para nos alertar que
estes seres invisíveis estão entre os seres vivos e não vivos que construíram
nosso corpo ou que vírus e bactérias é a redoma atmosférica de nosso habitat.
Esta é uma zona restrita da Terra destinada à vida de humanos e não humanos e
que reage às interferências.
A proposta de Latour é superar a modernidade. É deixar de
lado a atitude arrogante e destrutiva, de qualquer ideologia, quer seja
socialista da Rússia de Putin, da liberal dos Estados Unidos de Biden, da
social democracia da Alemanha de Scholz entre outros. Tal como uma partitura é
preciso compor novamente o mundo, respeitando os humanos e não humanos. Latour
aponta a direção: RUMO A DESMODERNIDADE.
A morte da jovem iraniana Masha Amini nas dependências da
polícia, após ter sido detida por descumprir a lei islâmica sobre o uso do
hijab, aquele véu que cobre a cabeça especialmente das mulheres para preservar
a modéstia e esconder os cabelos conforme determinação da doutrina islâmica,
produziu uma onda de revolta no país. Como se sabe, o Irã é uma República
Islâmica controlada por autoridades religiosas que se sobrepõem às civis. Assim
é, embora o sistema político oficial seja a de uma república democrática,
regime aprovado pela quase totalidade dos cidadãos depois da revolução de 1979.
O pano de fundo da morte da jovem iraniana e dos protestos não é, portanto, não
é uma revolta contra a forma ou sistema de governo (República e Democracia),
mas do controle exercido pelas autoridades religiosas sobre a sociedade civil
através de diferentes mecanismos, orientação dos aitolás e uma polícia de
costumes. Enfim, temos uma organização política em que as autoridades
religiosas se sobrepõem às civis e têm a última palavra nas questões de moral,
governo e Estado.
O atual presidente do Irã é o ultraconservador Sayyid
Ebrahim Raisol-Sadati, comumente conhecido como Ebrahim Raisi, e foi eleito em
3 de agosto de 2021. Ele trabalhou no sistema judicial do país como Procurador-Geral
e Vice-Chefe de Justiça e adota integralmente as orientações religiosas do
Alcorão. A maior autoridade do país é a autoridade religiosa, e cargo
atualmente ocupado pelo aiatolá Ali Khamenei, que sucedeu ao aiatolá Khomeini,
um dos líderes da revolução islâmica e da implantação desse regime no país em
1979.
Um controle semelhante da autoridade civil pela religiosa
foi muito comum na Idade Média europeia e naqueles dias, na tentativa de manter
o controle sobre os líderes e a sociedade civil, a Igreja Católica acabou
cometendo erros históricos como: a perseguição das chamadas bruxas, a imposição
da autoridade religiosa sobre a civil, na venda das indulgências, etc. Eram
outros tempos que não é razoável condenar com base na mentalidade contemporânea,
pois o mundo ocidental avançou muito para deixar romper com essa dependência. A
evolução na compreensão histórica de um valor no seio de uma cultura foi
denominada por Miguel Reale de historicismo axiológico.
No ocidente quem conduziu melhor a transição do modelo
medieval para o atual foi a sociedade britânica com a proposta da moral social
consensual. Os países do norte da Europa também assumiram rapidamente a
liberdade religiosa quando avançou no continente a divisão da cristandade. Na
experiência britânica cada cidadão tinha a sua religião e a assumia como culto
público da divindade, mas o comportamento moral era consolidado em leis civis
que nasciam do acordo dos representantes do cidadão no parlamento. A questão
moral, com fundamento religioso ou filosófico, determinava a consciência
individual e ditava as normas que o indivíduo queria seguir. Cada qual tinha
sua orientação moral-religiosa, mas o comportamento social era ditado pelas
regras civis.
Estabelecido o aspecto jurídico da construção da legislação
civil não se pode deixar de considerar que o ocidente conservou na sua raiz
moral a tradição judaico-cristã, não porque as religiões sejam iguais, cada uma
tem sua teologia e moral, mas os preceitos morais fundamentais entorno ao valor
central da pessoa humana eram comuns a essa tradição. Toda a discussão levada a
cabo pela geração de Hermann Cohen, Martin Buber, Max Scheler, Emanuel Levinas
acabaram demonstrando isso, a moral judaica não é distinta da cristã.
Assim, ao lado da herança filosófico grega, responsável
pela forma lógica e racional de pensar o mundo e da organização do Estado pelo
legado de Roma, o ocidente encontrou na tradição judaico-cristã as indicações
para reconhecer o valor nuclear da pessoa humana, processo que a tradição
filosófica moderna ajudou a consolidar.
Essa tradição ética, posta na raiz axiológica da cultura
ocidental, ganhou contornos distintos dentro das religiões cristãs por que
foram tratadas de modo diferente por seus teólogos, Agostinho, por exemplo,
reviu o cristianismo na perseguição platônica e Santo Tomás fez o mesmo
dialogando com Aristóteles. Platão e Aristóteles são filósofos gregos cuja
forma de pensar era bastante diversa da tradição judaica e da maneira como
ensinava e pensava Jesus de Nazaré, que os cristãos reconhecem como sendo mais
que um profeta, mas o próprio Cristo, o enviado de Deus. Entre os protestantes
também há teólogos notáveis como Karl Friedrich Bahrdt e Johann Funck.
Assim, em que pese o ocidente ser marcado por valores
judaico-cristãos, de haver liberdade religiosa nos países democráticos do
ocidente, e de ser importante a fé em Deus como instrumento de aperfeiçoamento
pessoal, qualquer tentativa de controle moral da sociedade civil por uma moral
religiosa representa um andar de marcha ré para a Idade Média. O episódio da
jovem morta no Irã e todos os problemas daí decorrentes mostram a inadequação
desse projeto.
Nas eleições de 2 de outubro registrou-se um fenômeno típico do sistema eleitoral proporcional: um mínimo (mínimo mesmo!) foi eleito por votos diretos do eleitor. Os demais por sobras de proporcionalidade. Apenas 5% eleitos e os demais por participação partidária. De um total de 513 deputados somente 25 foram eleitos. Isso significa que não temos um parlamento representativo, apenas nominal. Uma ficção!
A explicação pode ser encontrada na
distinção entre democracias majoritárias e democracias consensuais
fundamentadas no sistema eleitoral distrital e proporcional.
As democracias majoritárias e democracias
consensuais, feita por Arend Lijphart, evidencia que, no fundo, elas decorrem
do sistema eleitoral, isto é, as democracias majoritárias têm sua origem no
sistema eleitoral distrital, em sua maioria, e as democracias consensuais
geralmente são provenientes do sistema proporcional. Isso porque cada sistema eleitoral objetiva
um resultado específico. O sistema distrital quer obter da sociedade o que,
naquele momento, mais almeja enquanto o sistema proporcional objetiva o número
total de aspirações. No primeiro, faz-se uma hierarquia dos alvos imediatos,
desde os mais urgentes até os menos importantes. No segundo, faz-se um
levantamento abstrato das aspirações. O resultado aparece em forma de maioria
absoluta no primeiro sistema e em maiorias relativas, no segundo. O que
facilita esse quociente é o sistema eleitoral. O sistema distrital obtém, de
distrito em distrito, as demandas mais significativas da sociedade até o
resultado final. O sistema proporcional espalha a busca dentro da sociedade
como um todo. Obterá um total, mas sem saber quais os mais importantes. No
primeiro caso, temos uma democracia com um governo de maioria e, no segundo,
obter-se-á um governo de consenso porque, após as eleições, os partidos deverão
escolher aquelas prioridades, as quais entenderem que são mais importantes, mas
não necessariamente aquelas que a sociedade entenda que sejam.
O sistema eleitoral distrital escolhe os
candidatos dos partidos que estão de acordo com os anseios imediatos daquela
microssociedade. E, como de um modo geral, em cada parcela da sociedade, há
interesses mais importantes e iguais à comunidade toda, esse sistema faz que um
partido que sintonizar com os interesses mais relevantes de cada distrito
consiga mais de 50% dos votos, e outro, menos sintonizado, chegue a menos de
50%, mas próximo a ele. Na próxima eleição,’ a proposta do outro partido pode
ser eleita prioritária e o partido anterior ficar em segundo lugar. Esses dois
partidos se alternam de eleição em eleição fazendo maioria, estabelecendo-se
assim um sistema bipartidário. O sistema bipartidário constitui o fundamento de
uma democracia majoritária.
Por sua vez, no sistema proporcional,
cada partido procura atender a alguns anseios de cada comunidade, tanto da
maioria como das minorias, mas sem dar prioridade a nenhum, acaba tendo que
abraçar a todos e, com isso, nenhum candidato ou partido fará maioria,
configurando-se como resultado, uma gama de partidos mais ou menos iguais, mas
sem que nenhum tenha obtido maioria. Esse sistema eleitoral provocou um
multipartidarismo. Este, o multipartidarismo, que é o critério do modelo de
democracia consensual.
Havendo um partido que faz maioria no
parlamento, no sistema bipartidário, se
for um sistema de governo parlamentarista, essa maioria fará o executivo e,
consequentemente, o governo possui maioria no parlamento, podendo assim aprovar
as propostas programáticas. Se for presidencialista, geralmente o mesmo partido
que elegeu o presidente faz também maioria no parlamento. Por isso, em ambas as
alternativas, haverá um executivo forte. Ora, uma das características do modelo
de democracia majoritária é um executivo forte.
Um executivo alicerçado nas alianças ou
coligações e dependente de outros partidos para governar é decorrente do
sistema multipartidário. Como consequência, haverá um executivo que depende das
alianças parlamentares e, em decorrência disso, em igualdade de poder com o
legislativo, no qual estão representados todos os anseios da sociedade. Por sua
vez, a igualdade de poderes constitui um dos fundamentos do modelo democrático
consensual.
O sistema eleitoral distrital força o
afunilamento de interesses, prioriza metas concretas e tangíveis e favorece o
surgimento de maiorias e, com isso, encaminha-se para o modelo majoritário de
democracia.
O sistema proporcional favorece a
dispersão da demanda, dando o mesmo valor a metas de maiorias e de minorias.
Baseada apenas em critérios partidários é composta de uma maioria com base em
uma negociação suprapartidária para obter o apoio dos partidos que participam
do governo, originando-se assim
Inclusive uma democracia consensual. (LIJPHART, Arend.. As Democracias
Contemporâneas. Trad. de Alexandre Correia e Francisco Bagio. Lisboa, Grandiva, 1989. (Democracies. Yale University
Press London, Yale University Press, 1984)
No dia 2 de outubro o Brasil realiza a maior eleição de sua história. São concorrentes, 6 candidatos para presidente: Lula, Bolsonaro, Ciro, Simone, Felipe e Soraya. Para governador são 26 candidatos, um senadores para cada membro da Federação, deputados federais e estaduais conforme cota da Justiça eleitoral.
O número de eleitores são 156 milhões
Conceitos básicos: Democracia, Eleitorado, eleição, partidos políticos, candidatos, poderes, (executivo, legislativo e judiciário) Justiça eleitoral.
1. Por
que eleições?
O principal fim da eleição numa democracia é renovar seus
quadros eletivos, avaliar o desempenho dos integrantes e confirmar ou não os
ocupantes atuais. Esta tarefa deve ser atribuída a uma autoridade constituída
para este fim, no caso brasileiro a Justiça Eleitoral. Esta recebe um poder
para promover, levar a bom termo e concluir um período eleitoral que aufira
representantes legítimos para cargos políticos.
2. Por
que se fazem eleições?
As eleições são avaliações periódicas da democracia. Onde
não houver eleição não há avaliação da democracia e consequentemente não se
sabe se a democracia funciona. Há vários locais onde não se faz avaliação e
consequentemente o sistema democrático permanece em dúvida. Ainda á o problema
de como a democracia é avaliada e neste caso também permanece a dúvida.
Geralmente é considerado legítimo o sistema que se submete a um terceiro
avaliador, isto é, uma avaliação externa do sistema, como é o caso de uma eleição
dentro do sistema. No caso, a convocação de novas eleições para os cargos que
estão sendo exercidos. Neste caso os ocupantes ou serão confirmados ou
destituídos. Evidentemente o instrumento deverá ser fidedigno para espelhar de
fato a realidade.
Através da avalição se pode auferir o desempenho dos
ocupantes dos cargos, a fidelidade aos compromissos assumidos e auferir o nível
de satisfação dos subordinados.
Através de instrumentos adequados é possível chegar aos
resultados e através deles poder corrigir as falhas no e do sistema.
A simples troca de funcionários não garante a lisura do
esperado da eleição. Às vezes é preciso ir mais fundo inclusive intervir no
sistema institucional. Se, por exemplo, o sistema permitir que candidatos com
baixa representatividade forem eleitos, como no caso de candidatos sem votação
ou inexpressiva causará uma distorção em todo sistema eletivo e minará os
objetivos das eleições na sua legitimidade. Um sistema proporcional que permite
eleger representantes sem votos anulará o sentido da eleição. Na verdade
privilegiará o não votado em detrimento do votado. Mas se pergunta? Por que não
se corrige? Por que não interessa aos eleitos por este sistema mudar, pois não
se elegeriam com a mudança.
Outro problema que merece ser avaliado: a composição e
duração do governo (o poder executivo). Um governante pode permanecer no poder
até que merecer a confiança de quem lhe confiou o cargo. Isto significa que o
cargo não deve ter duração fixa temporária, mas na dependência do bom desempenho.
Deixou de merecer a confiança do eleitorado, seja substituído.
3. A
segurança dos dados.
Com a introdução da eletrônica nas eleições deve-se zelar
pela segurança dos dados pessoais e institucionais, através das urnas. O
sistema eletrônico nas eleições adotado pelo Brasil exigiu uma infinidade de
atualizações. Isto pediu uma vigilância também eletrônica, isto é, no sistema
como um todo com a incumbência de o próprio sistema encarregar-se de autovigiar-se.
Todo um exército de especialistas foi convocado para que os dados não sejam
adulterados desde os momentos iniciais até os finais.
Num sistema democrático virtual tudo estará aberto. Neste
caso não somente o governo estará exposto como todo sistema governamental. Será
um governo de flancos abertos cuja segurança está entregue à própria
comunidade. E seus inimigos como serão controlados? O sistema será tal que
deverá oferecer mais vantagens em protegê-lo do que ataca-lo. Este sistema,
quando implantado, abrangerá todos os dados pessoais e institucionais. Sua
proteção terá como garantia o povo informado como previu Tocqueville.
A democracia pode apenas ser vista como uma forma de
governo. Esta atitude é pobre demais se comparada com a democracia como uma
cultura de comunicação aberta. Isso é o que sugerem por Zac Gershberg e Sean
Illing em The Paradox of Democracy. Entramos numa nova era em que a linguagem e
a interação social assumem contornos absolutamente diversos das épocas
anteriores. Sendo assim, a política e a democracia já não tem o mesmo sentido
atualmente. Só para exemplificar, atualmente já é possível uma democracia
direta de massas, coisa que no passado era apenas utopia.
Num contexto desses é fácil para qualquer político
redirecionar valores para objetivos não previstos ou lícitos.
4. A
“ocasião faz o ladrão”.
A permanência por muito tempo de um funcionário num posto
de distribuição de verbas leva-o à tentação de apossar-se de valores indevidos.
A simples troca de funcionário evitaria isto. Por isso de tempos em tempos
deverá haver uma alternância nos postos de direção, mormente os ligados a verbas.
Como diria o Eça de Queiroz:
- Os políticos devem ser submetidos a eleições periódicas
pela mesma razão que se devem trocar as fraldas das crianças.
Senadora Rita Levi Montalcini (1909-2012) - prêmio Nobel
de Medicina.
Nosso propósito é apresentar a participação feminina na
ciência. Ao mirar o foco da pesquisa sobre o mundo feminino constatamos -
constrangidos - que na maior parte ainda timidamente está saindo das sombras. Em
que pese a pouca presença feminina na produção científica direta isto é
compensado pelos sucessos alcançado quando se trata de citações e análise de
obras de astrônomos, filósofos, matemáticos, físicos, químicos, biólogos,
cientistas da computação, astrofísicos.
A pesquisadora Letizia Giangualano destaca que apenas 58
mulheres foram premiadas até hoje pela pesquisa científica, contra 975 medalhas
recebidas. Estatisticamente somente 4%, isto equivale a 30% de todos os cientistas
do mundo.
Embora os tempos tenham mudado desde que Agnodice,
ginecologista e obstetra que teve que se disfarçar de homem para poder estudar
medicina. E no cenário dos estudos e pesquisas femininas vislumbra-se o objeto:
a ginecologia, como destaca Letizia Giangualano. No início do século XII
desponta Trotula
de Ruggiero. O desenrolar da fita das cientistas femininas tem uma marca indelével
na história científica. Uma resenha de mulheres cientistas entre outras pode-se
destacar: “O Gênio das Mulheres”, em Brilliant Scientists from Antiquity to Today é
o título do volume de Letizia Giangualano. Destacam-se:
“1. Hipátia (350-415)
Hipátia (ou Hipácia) foi uma das primeiras mulheres a
conquistar seu lugar na história. Ela nasceu em Alexandria (Egito) e é
considerada a primeira matemática da humanidade.
2. Elena Lucrezia Corner Piscopia, uma nobre veneziana, a
primeira graduada italiana (1679),
3. Wang Zhenyi. Ela nasceu durante a dinastia Qing, na
China feudal. Nesta época, a educação formal era apenas voltada para homens
ricos. Contudo, Wang Zhenyi nasceu em uma família de estudiosos, que
valorizaram sua educação.
4. Maria Gaetana Agnesi publica Instituições Analíticas
para o uso da juventude italiana, 5. 3. Mary Anning (1799-1847)
5. Mary Anning (Mary Anning (1799-1847) nasceu em uma cidade costeira da Inglaterra,
chamada Lyme Regis. No século XIX, era comum que as pessoas não acreditassem na
extinção das espécies de dinossauros.
7. Física e química Marie Sklodowska Curie é a primeira
mulher a receber um Prêmio Nobel de Física em 1903.
7. Em
8. Em 1986, Rita Levi Montalcini recebeu o Prêmio Nobel
de Medicina.
9.No século XXI duas mulheres foram premiadas com o
prêmio Nobel da química: Jennifer Doudna (americana) e Emmanuelle Charpentier
(francesa)”.
No século XX e XXI pode-se dizer que as mulheres
conquistaram sua autonomia científica realizando pesquisas em todas as
ciências.