Faleceu com 87 anos, o
filósofo Gianni Vattimo. Nasceu em Turim em 4 de janeiro de 1936 e faleceu no
dia 19 de setembro deste ano.
É reconhecido na filosofia da hermenêutica e considerado pai
do “pensamento fraco”. É uma postura filosófica sempre aberta às várias
interpretações, nunca se fecha para uma única visão.
Santo Agostinho concebeu uma
visão apocalítica da História que vai ao encontro: do em vez das trevas a luz, Deus, uma parusia ; enquanto Vattimo, na esteira de
Teilhard
de Chardin, também vai encontro do melhor, do ótimo a partir do pior, do
péssimo, do menos para mais. Ambos chegam à mesma conclusão: a parusia. O
primeiro pela fé e o segundo pela ciência.
O ponto de partida da
modernidade foi que “Deus está morto”. Assim como os antigos partiram do fato
de que “os deuses nos abandonaram, por isso nós mesmos temos que construir a
Cidade”. Na modernidade, a conclusão é que precisamos Dele, restaurar sua presença ,
não mais no Triunfo, mas na queda, na morte, na linha dos filósofos cristãos do
século XX e XXI: Karl Barth, Thomas Merton, John Murray, Karl Rahner, Karol Wojtyła e Gianni Vattimo entre outros. No pensamento moderno, o "Deus
está morto", evoca uma memória de que Deus ao morrer continua no horizonte.
Isto significa que o que morreu ou deveria estar morto é o orgulho do Triunfo.
Deus está morto, mas presente em todo progresso humano e o processo do
progresso. O que está morto é a Certeza, a Convicção, tudo o que é Absoluto. O
que permaneceu é aquele sinal no horizonte que nada é único. A verdade
sempre está diluída, nunca concentrada. Nunca uma parcela da humanidade pode falar
em nome de Deus. O mundo do Cristo Rei era um mundo sagrado, até mesmo obras humanos eram consideradas divinas, intocáveis, inclusive edifícios civis. O mundo
do Deus morto, pendente de uma cruz, é o símbolo da despedida da humanidade
deste mundo morto. A Morte de Deus não é para entronizar o Homem, mas
sepultar o orgulho, a ganância e vontade
de poder tudo. Em vez disso, tomar consciência do frágil, histórico, interpretável,
conforme os filósofos Friedrich Nietzsche, Martin
Heidegger e Gianni Vattimo. Não existem fatos, apenas interpretações.
A crença no progresso absoluto é a euforia do bacanal antes do naufrágio. Vivemos sem fundamentos, numa areia movediça que
pode engolir a humanidade a qualquer momento, quando se descobre que ela se
baseia no nada, apenas uma das infinitas possibilidades da História, sem razão.
O verdadeiro caminho que espera a Humanidade é o da liberdade, sem absolutos,
nem muros nem de Jericó e nem de Berlim ou da Cisjordânia.
Gostei de Gianni, conhecedor da filosofia de transformação, pensamentos e interpretação mudam.
ResponderExcluirSempre que perdemos um filósofo, ficamos mais pobres de pensadores que interpretam e transmitem conhecimento.
ResponderExcluirGianni.
ResponderExcluirDeus te receba, voltou a casa do pai.
A verdade diluída, tudo pode se transformar.
ResponderExcluirNascemos e um dia partimos, somos viajantes.
ResponderExcluirEle será eterno nos livros e nos pensamentos.